Constança Manuel – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura a condessa de Atalaia com o mesmo nome, veja Constança Manuel, condessa de Atalaia.
Constança Manuel
Constança Manuel
Efígie de D. Constança Manuel numa Genealogia dos Reis de Portugal datada de 1645 (Biblioteca Nacional de Portugal).
Rainha Consorte de Castela e Leão
Reinado 13251327
 
Nascimento ca. 1316
  Castillo de Garcimuñoz, Castela-Mancha, Espanha
Morte 27 de janeiro de 1349 (32 ou 33 anos)
  Santarém, Portugal
Sepultado em Convento de São Domingos e depois Convento de São Francisco, Santarém. Atualmente no Convento do Carmo, Lisboa, Portugal
Cônjuge Afonso XI de Castela
Pedro I de Portugal
Casa Anscáridas
Pai João Manuel de Castela
Mãe Constança de Aragão
Religião Cristianismo
D. Pedro I de Portugal

Constança Manuel (em castelhano: Constanza Manuel de Villena; Castillo de Garcimuñoz, ca. 1316Santarém, 27 de janeiro de 1349) foi uma nobre castelhana, rainha de Leão e Castela, consorte do infante D. Pedro de Portugal e mãe do rei D. Fernando de Portugal.

Família[editar | editar código-fonte]

Filha de Constança de Aragão, era neta materna de Branca de Anjou, princesa de Nápoles, e de Jaime II de Aragão. O seu pai, D. João Manuel de Castela, príncipe de Vilhena e Escalona, duque de Peñafiel, tutor de Afonso XI de Castela, «poderoso e esforçado magnate de Castela»,[1] era neto do rei Fernando III de Castela.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Com cerca de 7 anos de idade e depois de um compromisso anterior, D. João Manuel casou Constança com o seu pupilo Afonso XI de Castela, que na época contava com 14 anos de idade e acabara de entrar na maioridade. Ratificada pelas cortes em Valladolid, a 28 de novembro de 1325, a união não seria consumada. Interessado numa aliança com a coroa portuguesa, Afonso repudiou-a e prendeu-a no Castelo de Toro, desfazendo completamente o projecto em 1327 e casando-se no ano seguinte com Maria de Portugal, filha de D. Afonso IV.

Foi combinado assim novo casamento com o infante D. Pedro, irmão de Maria de Portugal e seu primo segundo (ambos eram bisnetos do rei Pedro III de Aragão).[2] D. João Manuel tinha «um ensejo de compensar o procedimento do seu soberano»,[1] no matrimónio da filha com o infante português.

Estátua de Afonso XI de Castela em Algeciras

O rei castelhano teria disfarçado seu descontentamento e consentiu o casamento por procuração, mas não permitiu que Constança saísse de Castela. A cerimónia teve lugar no Convento de São Francisco em Évora, a 6 de fevereiro de 1336. Estavam presentes o infante D. Pedro e os seus pais e, por parte de Constança, Fernão e Lopo Garcia. O dote da noiva, quantia de vulto, foi ajustado em 300 mil dobras.

A resolução de reter Constança deu origem a um conflito entre os dois reinos que, no contexto da Reconquista de então, seria aproveitado pelos inimigos mouros. Percebendo a situação, Afonso IV de Portugal e Afonso XI de Leão e Castela negociaram e assinariam uma paz em Sevilha, em Julho de 1340.

O casamento com a presença dos dois noivos foi então celebrado em Lisboa, a 24 de agosto de 1340. As rainhas de Portugal contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens adquiridos, na maioria, por doação. D. Constança recebeu como dote as vilas de Montemor-o-Novo, Alenquer e Viseu.

No séquito de aias de Constança vinha Inês de Castro, jovem galega, filha natural do poderoso fidalgo Pedro Fernandes de Castro. Por ela apaixonar-se-ia o príncipe, «homem arrebatado, brutal e com seu quê de vesânico»[1].

O romance de Pedro e Inês tinha implicações políticas: a influência que os irmãos desta, Álvaro Pires de Castro e Fernando de Castro, passaram a ter sobre o infante. Quando nasceu Luís de Portugal, primeiro varão de D. Pedro, Constança convidou Inês para ser a madrinha. De acordo com os preceitos da Igreja Católica de então, a relação entre os padrinhos e os pais do baptisando era de parentesco moral, e o seu amor seria quase incestuoso.

D. Inês de Castro

Mas Luís morreria em uma semana, o que fez aumentar as desconfianças em relação a Inês de Castro. O romance adúltero continuaria, vivido às claras, até que D. Afonso IV exilou a nobre galega em Alburquerque, na fronteira espanhola, em 1344.

A 27 de janeiro de 1349, a jovem Constança faleceu, de desgosto com a traição do marido, segundo o imaginário popular. Não chegaria a ver o seu marido subir ao trono português. Foi sepultada no Convento de São Domingos em Santarém mas em 1376, o rei D. Fernando, seu filho, ordenou a trasladação do túmulo para o Convento de São Francisco,[3] onde ficaria no coro alto, junto ao do próprio filho. No final do século XIX ambos os túmulos são transladados para o Museu do Carmo, em Lisboa.[4]

Casamentos e descendência[editar | editar código-fonte]

O seu primeiro matrimónio (Valladolid, 28 de novembro de 1325 - anulado em 1327) com Afonso XI de Castela não foi consumado, não gerando descendência.

Casou-se em segundas núpcias com o infante D. Pedro de Portugal em 24 de agosto de 1340. Deste, nasceram:

Ascendência[editar | editar código-fonte]

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afonso IX de Leão
 
 
 
 
 
 
 
Fernando III de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Berengária de Castela
 
 
 
 
 
 
 
Manuel de Castela, Senhor de Villena
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filipe da Suábia
 
 
 
 
 
 
 
Beatriz da Suábia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Irene Angelina de Bizâncio
 
 
 
 
 
 
 
João Manuel de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tomás I de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
Amadeu IV de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Margarida de Genebra
 
 
 
 
 
 
 
Beatriz de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Barral de Baux
 
 
 
 
 
 
 
Cecília de Baux
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sibila de Anduze
 
 
 
 
 
 
 
Constança Manuel
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jaime I de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
Pedro III de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Iolanda da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
Jaime II de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manfredo da Sicília
 
 
 
 
 
 
 
Constança da Sicília
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Beatriz de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
Constança de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos I de Nápoles
 
 
 
 
 
 
 
Carlos II de Nápoles
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Beatriz da Provença
 
 
 
 
 
 
 
Branca de Nápoles
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estêvão V da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
Maria da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isabel da Cumânia
 
 
 
 
 
 

Referências

  1. a b c Nobreza de Portugal, Tomo I, página 207
  2. Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas Medievais de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. p. 246 
  3. Barbosa, D. José. «A Infante D. Constança». p. pp. 296. Consultado em 28 de maio de 2020 
  4. LEAL, Telmo Mendes (2014). Pequenas arquiteturas para grandes túmulos; A microarquitetura no final da Idade Média. Lisboa: [s.n.] p. 52 
  5. Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas Medievais de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. pp. 249–250 
  6. Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas Medievais de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. pp. 250–252 

Precedido por
Constança de Portugal
Armas
Rainha consorte de Leão e Castela

13251327
Sucedido por
Maria de Portugal