Comportamento antissocial – Wikipédia, a enciclopédia livre

O comportamento antissocial (pré-AO90: anti-social) é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das normas da sociedade, frequentemente associado a um comportamento ilegal.

Ter comportamentos antissociais em algum momento não indica necessariamente um transtorno de personalidade antissocial (também conhecido como psicopatia ou sociopatia). Indivíduos antissociais frequentemente ignoram a possibilidade de estar afetando negativamente outras pessoas, por falta de empatia com o sofrimento de outras. Exemplos de comportamentos antissociais incluem desde de crimes sérios como homicídio, piromania, furto, vandalismo quanto desrespeitos mais leves como críticas cruéis, bullying, sadismo, invadir a privacidade alheia e falar palavrões.

O termo antissocial também é aplicado no senso comum a pessoas com aversão ao convívio social, como a fobia social, introvertidas, tímidas ou reservadas (que não é sinônimo do termo "antissocial" referente à psiquiatria, o mais correto para estes casos de acordo com a psiquiatria é o termo misantropia). Clinicamente, antissocial aplica-se a atitudes agressivas contrárias e prejudiciais à sociedade, não a inibições ou preferências pessoais.

Causas[editar | editar código-fonte]

Segundo Sidman (1995), indivíduos antissociais aprendem a comportar-se dessa forma à medida que seus atos produzem como consequência a remoção ou a eliminação de eventos perturbadores, ameaçadores ou perigosos, de forma que ele consiga livrar-se, fugir, esquivar-se ou diminuir a frequência ou a intensidade de uma estimulação considerada negativa.[1] Quando os agentes punidores (geralmente os pais e o Estado) não estabelecem limites e consequências eficientes, consistentes e claros com aviso prévio para os comportamentos transgressores, eles tendem a continuar. Estudos mostram que esses comportamentos vão se agravando com a transição da infância para a adolescência de forma que agressividade excessiva na infância é um preditor de agressividade na adolescência e associado positivamente ao uso de drogas e deliquência e mesmo na idade adulta.[2]

É provável que fatores genéticos e neurológicos estejam envolvidos nesse comportamento.[3]

Possíveis diagnósticos[editar | editar código-fonte]

O comportamento antissocial pode ser sintoma de três psicopatologias em psiquiatria:[4]

É importante ressaltar que mesmo indivíduos saudáveis podem ter comportamentos antissociais em determinadas condições e mesmo assim não apresentar nenhum desses diagnósticos.

Esses comportamentos estão associados a prática do bullying, geralmente por adolescentes. Pessoas que foram vítimas de comportamentos antissociais tem mais chance de repetirem tal comportamento em outros contextos. Em um estudo filhos em idade escolar de mães que sofriam com violência conjugal tinham 21% de exercer comportamentos antissociais.[6]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Quanto mais jovem o paciente e menos graves os sintomas, maior a probabilidade de o indivíduo se beneficiar de uma psicoterapia.[7] Na terapia analítico-comportamental, o foco do tratamento está em levar o indivíduo a discriminar as ameaças de punição a si mesmo no ambiente para comportamentos transgressores e os benefícios (reforços positivos) de seguir certas regras. Frequentemente, é útil se incluir a família no tratamento para um treino de assertividade, de comportamentos mais adaptativos e para que eles reforcem positivamente comportamentos mais adaptativos recorrendo o mínimo possível a punições físicas. A hospitalização pode ser necessária no caso de risco iminente para si mesmo ou para outros (especialmente risco de homicídio).

Tratamentos medicamentosos não têm sido muito eficazes para tratar os comportamento antissociais em si, mas podem ser úteis para tratar comorbidades que desencadeiem esse comportamento, como hiperatividade (43% dos casos), transtornos das emoções (ansiedade, depressão nervosa, obsessão-compulsão; em 33% dos casos),[8] esquizofrenia paranoide (10%), transtorno de personalidade limítrofe (6%), entre outros.

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Referências

  1. Sidman, M. (1995) Coerção e suas implicações. Campinas: PSY II.
  2. Pacheco J. (2005) Estabilidade do Comportamento Antisocial na Transição da Infância para a Adolescência: Uma Perspectiva Desenvolvimentista. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.55-61
  3. Earls F. Oppositional-defiant and conduct disorders. In: Rutter M, Taylor E, Hersov LA, editors. Child and adolescent psychiatry: modern approaches. Oxford: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 308-29.
  4. American Psychiatric Association (APA). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4th ed. Washington (DC): APA; 1994.
  5. American Psychiatric Association (2013), Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.), Arlington: American Psychiatric Publishing, pp. 659, ISBN 978-0890425558
  6. Wildin SR, Williamson WD, Wilson GS. Children of battered women: developmental and learning profiles. Clin Pediatr 1991;30(5):299-304.
  7. Bordin, Isabel AS; Offord, David R. (dezembro de 2000). «Transtorno da conduta e comportamento anti-social». Brazilian Journal of Psychiatry: 12–15. ISSN 1516-4446. doi:10.1590/S1516-44462000000600004. Consultado em 1 de março de 2024 
  8. Loeber R, Dishion T. Early predictors of male delinquency: a review. Psychol Bull 1983;94:68-99.
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