Colonização de Angola – Wikipédia, a enciclopédia livre

Descoberta pelos portugueses por Diogo Cão em 1482, a colónia portuguesa de Angola foi fundada em 1575 com a chegada de Paulo Dias de Novais com cem famílias de colonos e quatrocentos soldados. Luanda recebeu o estatuto de cidade pouco depois em 1605.

História[editar | editar código-fonte]

O português Paulo Dias de Novais obteve uma doação que lhe permitiu colonizar o que hoje é Angola. Em troca de angariar fundos privados para a sua expedição, trazer colonos portugueses e construir fortes no país, a coroa deu-lhe o direito de conquistar e governar os troços a sul do Rio Cuanza

A sul do Reino do Congo, à volta do rio Cuanza, existiam vários estados importantes, dos quais o Reino do Dongo - situado nas terras altas entre os rios Cuanza e Lucala - governado pela Samara (Rainha), era o mais significativo.

Dias de Novais chegou a Angola com uma força armada e padres jesuítas. Originalmente, planeava oferecer sua pequena força como reforço mercenário ao Dongo e ao Congo para as suas várias guerras. Mas um português que residia há muito tempo no Congo, Francisco Barbuda, convenceu o rei do Dongo de que Portugal pretendia tomar o seu país. Agindo com base nessa informação, o rei ordenou que os portugueses fossem mortos e expulsos.

Guerra[editar | editar código-fonte]

Em 1579, portanto, o Dongo iniciou uma guerra repentina e devastadora contra os portugueses e seus muitos servos e escravos (muitos dos quais eram do Congo) e os expulsou do Dongo até Luanda. Os portugueses foram auxiliados aí pelo Congo, cujo rei Álvaro I, enviou um grande exército em seu apoio e para atacar o Dongo em vingança pelo massacre de escravos do Congo. Embora o exército do Congo tenha sido derrotado ao tentar atravessar o rio Bengo, Dias de Novais conseguiu manter Luanda e o pequeno forte de Nzele no rio Cuanza.

De 1575 a 1589 quando morreu, Dias de Novais procurou recuperar e expandir as possessões portuguesas no Vale do Cuanza. Fez isso em grande parte fazendo alianças com governantes locais que estavam descontentes com o governo do Dongo, nomeadamente o governante (soba) de Muxima. Neste esforço, os portugueses conseguiram conquistar a província de Ilamba situada entre os rios Cuanza e Bengo e, numa dura batalha em 1582, fundaram o posto de Massangano na confluência dos rios Cuanza e Lucala. Encorajado pelas vitórias sobre os exércitos do Dongo em 1583 e 1585, o tenente de Dias de Novais Luís Serrão, que assumiu a colónia após a morte de Dias de Novais em 1589, liderou um ataque à capital do Dongo em Cabassa. Este ataque, no entanto, foi um fracasso espetacular, pois Dongo, aliado ao seu vizinho Matamba, esmagou o exército português e o levou de volta a Massangano.

Impasse[editar | editar código-fonte]

O período seguinte foi um impasse, coroado por um acordo de paz em 1599. Os governadores portugueses interinos, achando-se fracos demais para atacar o Dongo, contentaram-se em, se envolver em disputas políticas com o reino, e em buscar oportunidades para usar seus próprios conflitos políticos a seu favor.

Durante o reinado de Filipe II[editar | editar código-fonte]

O rei Filipe, desapontado com as receitas geradas pela tributação do comércio, enviou Manuel Cerveira Pereira a Benguela em 1610 para assumir o controle do cobre no interior de Angola. Filipe esperava construir artilharia com cobre angolano e enviar essa artilharia para o Brasil assim como prisioneiros nativos como escravos do porto de Benguela. Francisco Correia da Silva deveria inicialmente servir como administrador de Portugal em Angola em 1611, mas nunca assumiu o cargo.

Venda de escravos

Em vez disso, o rei nomeou Bento Banha Cardoso, um soldado que serviu em Angola desde 1592, como governador interino. O antecessor do governador Cardoso, Forjaz Pereira, aliou-se aos Imbangala contra outras tribos nativas, aliança que durou décadas. Durante o mandato de Cardoso, de 1611 a 1619, o Imbangala expandiu o Império Português para o leste, fornecendo uma fonte confiável e estável de escravos. Os descendentes de guerreiros Imbangala e povos conquistados formaram os reinos de Cassange e Matamba[1][2]

Em 1610, Frei Luís Brandão, diretor do colégio português de Luanda, escreveu a um jesuíta que questionava a legalidade da escravização dos nativos angolanos, dizendo: "e na província do Brasil que nunca consideraram o comércio ilícito". Ele afirmou ainda que apenas um pequeno número de nativos pode ter sido escravizado ilegalmente, e que os portugueses pelo menos os converteram ao cristianismo.[3]

Comercio[editar | editar código-fonte]

Em 1611, o Reino do Congo oriental exportou 100.000 metros de tecido para Angola. Os comerciantes vendiam grande parte do tecido para Europa.[4]

Angola exportava à volta 10 000 escravos por ano em 1612.[5]

Os portugueses construíram um novo porto em Benguela em 1616 para expandir o acesso de Portugal aos escravos angolanos.[6] Em 1618 os portugueses construíram a Fortaleza de São Pedro da Barra, seguida pela Fortaleza de São Miguel em 1634.

Rainha Jinga[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Ana de Sousa
Rainha Nzinga em negociações de paz com o governador português em Luanda, 1657

Anos mais tarde, o Dongo voltou a ganhar destaque quando Nzinga Mbandi, conhecida como Rainha Jinga, assumiu o poder. Uma política astuta, que manteve os portugueses sob controle com acordos cuidadosamente preparados. Depois de várias viagens, conseguiu em 1635 formar uma grande coligação com os estados de Matamba e Dongo, Congo, Cassange, Dembos e Quissamas. À frente desta formidável aliança, ela forçou os portugueses a recuar. Seguiram-se negociações irregulares e, em 1639, Njinga concluiu a paz com Portugal. Ao mesmo tempo, Portugal estabeleceu relações diplomáticas com o Reino de Cassange, e com a região de Imbangala que ocupava o vale do rio Cuango a sul dos domínios de Njinga em Matamba.

Referências

  1. Heywood, Linda Marinda; John Kelly Thornton (2007). Central Africans, Atlantic Creoles, and the Foundation of the Americas, 1585. [S.l.: s.n.] 
  2. Chasteen, John Charles; James A Wood (2004). Problems in Modern Latin American History. [S.l.: s.n.] 
  3. Alden, Dauril (1996). The Making of an Enterprise. [S.l.: s.n.] 
  4. Thornton, John (1998). Africa and Africans in the Making of the Atlantic World, 1400-1800. [S.l.: s.n.] 
  5. Stearns, Peter N.; William Leonard Langer (2001). The Encyclopedia of World History. [S.l.: s.n.] 
  6. Newitt, Malyn D. D. (2005). A History of Portuguese Overseas Expansion, 1400-1668. [S.l.: s.n.] 
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