Colégio de Pontífices – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Colégio de Pontífices ou dos Pontífices (em latim: Collegium Pontificum) foi um corpo estatal da Roma Antiga cujos membros eram os mais altos sacerdotes da religião romana (em latim: "quattuor amplissima collegia"). O colégio consistia do pontífice máximo e outros pontífices, o rei das coisas sagradas, os quinze flâmines e as vestais.[1][2] O Colégio de Pontífices era um dos quatro grandes colégios sacerdotais, os outros sendo o dos áugures (que liam presságios),[3] os quindecênviros (cumpriam certas cerimônias)[4] e os epulões (presidiam festins de sacrifícios).[5]

História[editar | editar código-fonte]

Efígie de Numa Pompílio (r. 717–673 a.C.)

Segundo a tradição romana, o Colégio de Pontífices foi fundado pelo rei Numa Pompílio (r. 717–673 a.C.)[6][7][8] para auxiliar o monarca em assuntos religiosos. Originalmente era formado por três pontífices patrícios, mas com a Lei Ogúlnia de 300 a.C., foi aberto aos plebeus e o número de membros aumentou para nove, sendo quatro patrícios e três plebeus. Durante a República Romana Tardia seu número foi fixado em sete, que incluíam o rei das coisas sagradas, o pontífice máximo e os flâmines maiores - Flâmine Marcial, Flâmine Dial e Flâmine Quirinal -, todas as últimas tradicionalmente ocupadas por patrícios. A partir de 106 a.C., a posição de pontífice máximo também foi aberta aos plebeus.[9]

O Colégio de Pontífices tinham como deveres a manutenção do calendário, a determinação dos dias fastos (dies fasti) e dias nefastos (dies nefasti), o registro dos eventos significativos de cada ano, e a supervisão da religião estatal. Inicialmente os ofícios pontifícios eram preenchidos pelo colégio, que tinha a autonomia para eleger o pontífice máximo, porém, por 250 a.C., o pontífice máximo passou a ser eleito pela assembleia tribal (comitia populi tributa); por 103 a.C., todos os membros do colégio foram escolhidos pela assembleia.[9]

O Colégio de Pontífices mantinha os chamados "Livros Pontifícios" (Libri Pontificii), que continham as forças de oração, as regras dos rituais para observâncias cerimoniais e informações técnicas sobre o calendário. Originalmente foi mantido em segredo até que, por 304 a.C., Cneu Flávio revelou-os. Além deles, o colégio organizava as Ata Pontifícia (Acta Pontificum), que continha o registro das ações oficiais, e os "Comentários Pontifícios" (Commentarii Pontificum), que foram uma coleção de opiniões previamente entregues, que os pontífices eram obrigados a referir-se antes de fazer novas opiniões.[9]

Referências

  1. Rüpke 2010, p. 226; 268.
  2. Wagner 2010, p. IV.
  3. «Áugure» (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2012 
  4. «Quindecênviro» (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2012 
  5. «Epulão» (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2012 
  6. Plutarco século I, p. 9-11.
  7. Hallet 1970, p. 219.
  8. Tito Lívio 27-25 a.C., I.20.
  9. a b c «The Priesthoods of the Religio Romana» (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2012 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Hallet, J. P. (1970). Over Troubled Waters: The Meaning of the Title Pontifex. Transactions and Proceedings of the American Philological Association. [S.l.: s.n.] 
  • Plutarco (século I). Vida de Numa Pompílio. [S.l.: s.n.] 
  • Rüpke, Jörg (2010). A Companion to Roman Religion. Blackwell Companions to the Ancient World. [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 047076645X 
  • Tito Lívio (27–25 a.C.). Ab Urbe condita libri. [S.l.: s.n.]