Clípeo da virtude – Wikipédia, a enciclopédia livre

Clípeo da virtude ou clípeo honorífico (em latim: clipeus virtutis) era, no Império Romano, um escudo circular (clípeo) atribuído pelo senado romano ao imperador como um tributo de suas virtudes e méritos. Teria se originado ainda durante o reinado de Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.) quando recebeu um clípeo dourado para celebrar suas vitórias e que fora afixado na Cúria Júlia.

Origem[editar | editar código-fonte]

Cópia em mármore do clípeo dourado da Cúria Júlia
Denário com efígie de Augusto. Nele há a representação do clípeo

Após a morte de Júlio César em 44 a.C., Otávio, seu sobrinho-neto e filho adotivo, tomou o poder e foi proclamado imperador pelo senado. Ele recebeu em 27 a.C. em nome do Senado e Povo Romano um escudo dourado comemorando suas quatro virtudes, exibido na Cúria Júlia,[1] as coroas cívica e láurea e o título de Augusto.[2][3] A cópia de mármore encontrada no criptopórtico de Arles, está preservada no Museu Arqueológico da cidade. Nele lê-se:[4]

Senatus
Populusque romanus
Imp Caesar divi F Augusto
cos VIII dedit clupeum
virtutis clementiae
iustitiae pietatis erga
Deos patriamque.

A mensagem significa que "o Senado e povo de Roma dedicam um clípeo da virtude para Augusto, o filho divino de César, imperador, cônsul pela oitava vez, por sua misericórdia, sua justiça e vis-à-vis a piedade dos deuses e da pátria". Essas qualidades mencionadas no clípeo inserem-se na ideologia do soberano benfeitor datado as virtudes estoicas, que está sob Augusto e que é inspirado por filosofias gregas e orientais.[5] Outra inscrição semelhante, mas muito fragmentada, foi encontrado em Roma.[6] Esta mensagem também é igualmente preservada no reverso de moedas com efígie de Augusto.[7]

Uso posterior[editar | editar código-fonte]

A concessão pelo senado de um clípeo honorífico ocorreu com vários sucessores de Augusto. Calígula (r. 37–41) recebe um clípeo de ouro que a cada ano, seguido em data fixa, os colégios dos pontífices tinham que usar o Capitólio, seguidos do senado e da jovem nobreza de ambos os sexos, para cantaram hinos em seu louvor.[8] Posteriormente, Antonino Pio (r. 138–161) dedicou um clípeo para o seu predecessor falecido Adriano (r. 117–138),[9] e o senado concedeu a Cláudio clípeo de ouro exibido na cúria.[10][11]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Anônimo (século IIIa). História Augusta. Vida de Antonino. [S.l.: s.n.] 
  • Anônimo (século IIIb). História Augusta. Vida de Cláudio. [S.l.: s.n.] 
  • Augusto (século I). Feitos do Divino Augusto. [S.l.: s.n.] 
  • Eck, Werner (2003). Deborah Lucas Schneider (tradutora); Sarolta A. Takács (mais conteúdo), ed. The Age of Augustus. Oxford: Blackwell Publishing. ISBN 978-0-631-22957-5 
  • Eder, Walter (2005). «Augustus and the Power of Tradition». In: Karl Galinsky. Cambridge Companion to the Age of Augustus (Cambridge Companions to the Ancient World). Cambridge, MA; Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-80796-8 
  • Eutrópio (século IV). Breviário da História Romana. [S.l.: s.n.] 
  • Perez, Christine (1985). «Images monétaires et pratiques sémiologiques / Coin images and semiological practice». Dialogues d'histoire ancienne. 11 
  • Petit, Paul (1974). Histoire générale de l’Empire romain. [S.l.]: Seuil. ISBN 2020026775 
  • Suetônio (século II). Vida dos Doze Césares. Vida de Calígula. [S.l.: s.n.]