Cirta – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cirta era a capital do Reino da Numídia no norte da África na moderna Argélia por sua posição estratégica perto da costa e da cidade portuária de Russicada. Embora a Numídia tenha sido uma grande aliado da República Romana durante as guerras púnicas, Cirta sofreu com invasões romanas durante os séculos II e I a.C., eventualmente caindo definitivamente nas mãos romanas durante o governo de Júlio César.

A cidade foi destruída no início do século IV e foi reconstruída por Constantino I, que deu seu nome para a recém-construída cidade, Constantina.[1]

A influência romana antes de 46 a.C.[editar | editar código-fonte]

A população de Cirta era tão diversa quanto a da própria República romana - ao lado dos nativos númidas estava cartagineses refugiados da Segunda e da Terceira Guerra Púnica, além de grego, romanos e italianos.[2] Ela servia de centro econômico para o Império Romano na África, pois era habitada por mercadores romanos e italianos, banqueiros e comerciantes.[3] Mesmo antes da queda de Cirta para as legiões de Júlio César, as elites econômicas constituíam um importante segmento da população da cidade, pois eles a mantinham dentro da esfera romana de influência sem que ela fosse diretamente controlada. Não apenas Cirta era importante economicamente, ela também era um importante centro político e militar entre os reinos africanos. Durante a Segunda Guerra Púnica, a batalha de Cirta marcou uma vitória decisiva para Cipião Africano contra o mais formidável rival romano no Mediterrâneo, Cartago, em 203 a.C.. Além disso, Roma demonstrava sua intenção de defender seus interesses em Cirta no final do século II após a morte de Micipsa, rei da Numídia em 118 a.C..[4] Uma disputa de poder se deu então entre seu filho ilegítimo, Jugurta, e seu filho natural, Aderbal.[4] Aderbal apelou para Roma ajudá-lo a conseguir uma trégua e para dividir igualmente o reino entre os dois herdeiros (o segundo filho de Micipsa fora morto por Jugurta logo após sua morte). A despeito do aparente sucesso da comissão senatorial, Jugurta cercou Cirta, matou Aderbal e as elites italianas que o defendiam].[4] Logo Roma declarou guerra ao reino númida para reafirmar sua hegemonia na região e para defender os seus cidadãos que moravam fora de sua terra natal. A derrota de Jugurta nas mãos do exército romano é geralmente chamada de Guerra de Jugurta.

46 a.C. e depois[editar | editar código-fonte]

A conquista do norte da África por César oficialmente trouxe Cirta para sob o domínio romano em 46 a.C..[5] Foi durante o império de Augusto, porém, quando o território de Cirta se expandiu e foi assimilado pelo império. Augusto então dividiu Cirta em comunidades ou pagos, dividindo númidas e os recém-assentados romanos.[6] Em 26 a.C., o imperador tentou aumentar o número de romanos assentados na cidade apoiando os sicianos, os seguidores de Públio Sício, o homem a quem Júlio César pessoalmente deu a missão de "romanizar" a cidade.[7] Isto facilitou a assimilação de Cirta ao império, culturalmente e economicamente. Estes assentados, é claro, estavam aumentando o número de romanos que já habitavam a cidade desde períodos anteriores às guerras púnicas, a elite comerciante italiana.

Nos primeiros dois séculos depois de cristo, a expansão do Cristianismo começou a enraizar-se em Cirta. Enquanto poucos resta da cristandade africana antes de 200, registros de cristãos martirizados existiam em Cirta já na metade do primeiro século.[8] Guerra civil em 310 marcou a destruição da cidade. Porém o primeiro imperador cristão, Constantino I a reconstruiu e batizou-a de Constantina em 313.

Mapa algumas das principais cidades romanas no Mediterrâneo. Cirta está na extrema esquerda, perto de Hipona (Hippo Regius).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Visão geral, Constantina, Argélia». World Digital Library. 1899. Consultado em 25 de setembro de 2013 
  2. The Cambridge Ancient History, 2nd ed. (em inglês). 9. Londres: Cambridge University Press. 1970. 28 páginas 
  3. The Cambridge Ancient History, 2nd ed. (em inglês). 9. Londres: Cambridge University Press. 1970. 638 páginas 
  4. a b c The Cambridge Ancient History, 2nd ed. (em inglês). 9. Londres: Cambridge University Press. 1970. 29 páginas 
  5. Dião Cássio. «9». História romana. 43. [S.l.: s.n.] 
  6. The Cambridge Ancient History, 2nd ed. (em inglês). 9. Londres: Cambridge University Press. 1970. 607 páginas 
  7. «Classical Gazetteer» (em inglês). 321 páginas. Consultado em 16 de outubro de 2010. Arquivado do original em 11 de março de 2006 
  8. The Cambridge Ancient History, 2nd ed. (em inglês). 12. Londres: Cambridge University Press. 1970. pp. 585, 645