Ciganos no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ciganos no Brasil
População total

800 000 pessoas
0,41% da população brasileira
(censo de 2011)

Regiões com população significativa
Línguas
língua portuguesa
Religiões
catolicismo
Etnia
Caucasiano
Grupos étnicos relacionados
portugueses, espanhóis

Os ciganos no Brasil, conhecidos também como boêmios e quicos em Minas Gerais e São Paulo, provém, principalmente, dos grupos calés ibéricos (ciganos portugueses e ciganos espanhóis), também conhecidos como gitanos.

A estimativa brasileira para o número de ciganos no país era de 800 000 pessoas (0,41% da população brasileira) em 2011 e há preocupações no Brasil sobre a falta de políticas públicas dirigidas a este segmento da população. O censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas encontrou acampamentos ciganos em 291 dos 5 565 municípios existentes no país.[1]

Juscelino Kubitschek teria sido o único presidente de origem cigana em todo o mundo.[2] O imigrante da atual Chéquia Jan Nepomuscky Kubitschek (Kubíček, na grafia tcheca), descendente de ciganos foi o bisavô materno de Juscelino. Primeiro Kubitschek de Diamantina, chegou à cidade em 1830, sendo apelidado de "João Alemão", por seus olhos azuis, cabelos ruivos e sotaque forte.[3] No entanto, a família Kubitschek nunca se pronunciou sobre eventual ascendência de ciganos, JK pouco fez pelo povo cigano e nunca afirmou publicamente ser de ascendência cigana.[4]

História[editar | editar código-fonte]

O quadro de Debret, Interior de casa cigana (c. 1820). A obra retrata a relação entre ciganos e escravos no Brasil colonial.

Os ciganos são uma etnia minoritária de Portugal que se fez presente no Brasil desde os tempos coloniais. Desde o século XVI muitos ciganos foram degredados para o Brasil.[5] Inicialmente, pessoas de etnia cigana foram degredadas ao Brasil por crimes que cometiam em Portugal, sobretudo furto. Mais tarde, eles passaram a ser mandados para o Brasil pelo simples fato de serem dessa etnia. Os ciganos eram indesejáveis em Portugal, e a Coroa os degredava para a colônia para diminuir sua presença indesejável na Metrópole e transferir seu problema de integração para lá. Em 1755, o grande número de ciganos em Salvador já preocupava e causava incômodo nos oficiais da Câmara. Embora muitos defendessem a expulsão dessas pessoas da região, a decisão tomada foi de “separar de tal forma as famílias de ciganos, que não pudessem mais produzir uma geração inútil, mal educada e perniciosíssima”, nas palavras do procurador da Fazenda de Salvador à época. A intenção era de separar os jovens dos adultos e mandar os de pouca idade para regiões afastadas, onde pudessem contrair matrimônios mistos. Os ciganos já casados deveriam ser mandados para Angola.[5]

Os ciganos costumavam se concentrar em “ranchos”, e a política da época consistia em tentar dispersá-los. No século XVIII, havia ciganos espalhados por todo o Brasil. Em todos os lugares eram frequentemente acusados dos mesmos crimes: roubo de cavalos e de escravos. Quanto às mulheres, surgem na documentação da Inquisição sobretudo como adivinhadoras. Tendiam a contrair matrimônio somente com outros ciganos e com parentes colaterais, raramente tendo filhos ilegítimos, naturais ou adulterinos. Muitos ciganos trabalhavam como vendedores, outros eram senhores de escravos ou se ocupavam no tráfico de escravos.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Falta de políticas públicas para ciganos é desafio para o governo». R7. 2011. Consultado em 22 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2012 
  2. «HOMENAGEADOS › JUSCELINO KUBITSCHEK». Centro Cultural Oscar Niemeyer. Consultado em 22 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 5 de janeiro de 2016 
  3. Juscelino Kubitschek
  4. De Alemão a Cigano: a construção da identidade de Juscelino Kubitscheck como fator legitimador das políticas étnicas ciganas no Brasil Contemporâneo
  5. a b c Maria Beatriz Niza da Silva (2002). Donas e Plebeias na Sociedade Colonial. [S.l.]: Estampa. pp. ––– 
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