Charge – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Charge (desambiguação).
Charge de Honoré Daumier, "Gargantua", litografia, 1831. Por causa dessa charge, do Rei da França como Gargantua, Daumier ficou preso seis meses no Ste Pelagic em 1832

Charge (português brasileiro) ou caricatura (português europeu) é um tipo de cartum que tem por finalidade satirizar um certo fato, como ideia, acontecimento, situação ou pessoa, envolvendo principalmente casos de caráter público[1]. Como crítica político-social, a charge é um meio pelo qual o cartunista expressa graficamente sua visão de fatos notáveis do cotidiano da sociedade[2][1] através do humor e da sátira.

A palavra é de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco. Um dos principais recursos gráficos para exargerar estas caracteríticas é a caricatura.

A charge pode ter um alcance maior do que um editorial, por exemplo, por isso a charge, como desenho crítico, pode ser temida pelas pessoas com poder. Por isso, quando se estabelece censura em algum país, a charge pode ser o primeiro alvo dos censores.

O discurso irônico[editar | editar código-fonte]

As charges recorrem a variadas estratégias de discurso para produzir os efeitos cômicos e reflexivos a que se propõem. Na maioria dos casos, apenas algumas técnicas são empregadas em uma mesma produção, mas certos elementos mostram-se frequentes ou mesmo essenciais.

Linguagem visual[editar | editar código-fonte]

Charge de Edmund S. Valtman (1914-2005), satirizando o estilo da oratória de Fidel Castro.

O elemento visual é característica presente em toda e qualquer charge. As codificações visuais proporcionam maior compreensão da crítica que o chargista pretende passar. É claro que, na maioria das vezes, às imagens se alia a linguagem verbal para enriquecer o discurso elaborado.

O exagero[editar | editar código-fonte]

Grande parte das charges trabalham com a questão do exagero. Exagerando, o chargista consegue dar ênfase maior ao que está tentando dizer ao evidenciar aspectos marcantes do que a obra se propõe a retratar. São distorções que distanciam o desenho da realidade, mas aproximam-no da verdade. Ao mesmo tempo, os exageros são responsáveis por enaltecer o caráter cômico das charges e provocar o riso dos leitores.

O ridículo[editar | editar código-fonte]

As pessoas riem do ridículo humano, daquilo que foge à normalidade das ações dos homens, ao cotidiano. As charges procuram expor figuras públicas a situações ridículas ou a mostrar de forma não convencional temas normalmente tratados com maior seriedade.

Ruptura discursiva[editar | editar código-fonte]

Um final inesperado é um fator muito usado em charges para provocar o efeito de comicidade. Trata-se de uma ruptura do discurso construído. O riso está associado a essa súbita quebra de lógica que surpreende o leitor. A surpresa é um fator imprescindível nesse caso, e uma virtude do bom chargista é saber escondê-la sutilmente do leitor para revelá-la somente no momento certo.

Polifonia[editar | editar código-fonte]

Vemos em várias charges enunciadores diferentes, cujos discursos dialogam para produzir o sentido que o autor pretende passar aos leitores. Essa polifonia pode ser aplicada de variadas maneiras: dois personagens; um personagem e um texto explicativo que contextualize a situação; etc.

Intertemporalidade[editar | editar código-fonte]

Uma charge não costuma ser autoexplicativa. O discurso artístico - como todos os discursos - está associado a outros discursos, uma rede de acontecimentos que o contextualizam com determinada situação da sociedade. Muitas charges dialogam com notícias e editoriais do próprio jornal em que foram publicadas. Essa interdisciplinaridade é utilizada pelo chargista geralmente de forma implícita, o que exige do leitor um conhecimento prévio dos discursos correntes para que possa entender a charge.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Rabaça, Carlos Alberto (2002). Dicionário de Comunicação. [S.l.]: Editora Campus. p. 126 
  2. Edgar Franco (2004). HQtrônicas: do suporte papel à rede Internet. [S.l.]: Annablume. 24 páginas. 9788574194769 
Bibliografia


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