Cerveja trapista – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cervejas com o selo Authentic Trappist Product: Achel, Chimay, Engelszell, La Trappe, Orval, Spencer, Rochefort, Tre Fontane, Westmalle, Westvleteren, e Zundert (não exibida na foto: Mount St Bernard Abbey)
Garrafas de Chimay representadas num mural da estação de comboio Louvain-la-Neuve (Bélgica).

A cerveja trapista é um tipo de cerveja produzida sob a supervisão de monges da Ordem Trapista. Dos 171 mosteiros trapistas existentes no mundo apenas onze são autorizados a marcar suas cervejas com o selo de autenticidade trapista, garantindo a origem monástica de sua produção. Esses onze monastérios estão assim distribuídos,[1][2]

Existe ainda a cerveja Mont des Cats fabricada solidariamente pela Cervejaria Chimay[3] para a abadia de Mont des Cats. No entanto por não ser fabricada dentro do próprio monastério não pode receber o selo ATP. O monastério também não tem planos de fazê-lo atualmente.[4]

Em situação parecida com a Mont des Cats, existe a Cerveja Cardeña da Abadia de São Pedro de Cardeña, na Espanha, cuja cerveja é produzida off-site[5] e também não pode receber o selo ATP.

Em Janeiro de 2021, a cervejaria Achel da Abadia de São Benedito em Hamont-Achel perdeu o selo ATP, uma vez que seu processo de produção não é mais supervisionado por monges on site. No entanto ainda é considerada uma cerveja trapista, uma vez que a Abadia de São Benedito está sob controle da Abadia de Westmalle e o abade da Westmalle visita semanalmente e supervisiona o processo de produção da Achel e outras atividades da abadia.[6]

História[editar | editar código-fonte]

Chimay é uma das cervejas trapistas da Bélgica

A Ordem Católica Trapista se originou no monastério Cisterciense de La Trappe, na França. Diversas congregações Cisterciense existiram por vários anos, quando em 1664 o Abade de La Trappe sentiu que os Cistercienses estavam ficando muito liberais. Ele então introduziu novas regras estritas na abadia e assim nascia a Estrita Observância. Desde então, muitas dessas regras foram relaxadas. No entanto, um princípio fundamental de que os mosteiros devem ser autossustentáveis ainda é mantido por esses grupos.[carece de fontes?]

Cervejas trapistas reconhecidas pela International Trappist Association[editar | editar código-fonte]

Em 1997, oito mosteiros trapistas - seis na Bélgica (Orval, Chimay, Westvleteren, Rochefort, Westmalle e Achel), um na Holanda (Koningshoeven) e um na Alemanha (Mariawald) - fundaram a International Trappist Association ITA (Associação Trapista Internacional) para evitar que empresas comerciais não-trapistas abusassem do nome Trappist (trapista).

Em Janeiro de 2021, treze monastérios trapistas membros do ITA possuíam cervejas sob seu nome — cinco na Bélgica, dois na Holanda, um na Áustria, Itália, França, Espanha e Estados Unidos cada.[7]

Selo Authentic Trappist Product (ATP)[editar | editar código-fonte]

Esta associação privada criou o logotipo "Authentic Trappist Product" que é atribuído aos produtos (queijo, cerveja, vinho, geléia, etc.) que respeitem critérios de produção precisos. Para as cervejas, os critérios são os seguintes:

  • A cerveja deve ser fabricada dentro dos muros de um mosteiro trapista, pelos próprios monges ou sob sua supervisão.
  • A cervejaria tem de ser de importância secundária dentro do mosteiro e deve seguir práticas de negócios adequada para o modo de vida monástico.
  • A cervejaria não se destina a ser um empreendimento lucrativo. A renda deve cobrir o custo de vida dos monges e a manutenção dos edifícios e terrenos do mosteiro. O que quer que sobre deve ser doado a instituições de caridade para o trabalho social e para o auxílio de pessoas necessitadas.
  • Cervejarias trapistas são constantemente monitoradas para garantir a qualidade irrepreensível das suas cervejas.

Lista de cervejarias Trapistas[editar | editar código-fonte]

Existem atualmente quatorze[8] cervejarias que produzem cervejas trapistas, onze das quais possuem permissão de exibir o selo de Produto Trapista Autêntico (Authentic Trappist Product) em seus produtos:

Cervejarias reconhecidas pela Associação Trapista Internacional (International Trappist Association)
Cervejaria Localidade Aberta Produção Anual (2004)
Brasserie de Rochefort  Bélgica 1595 18 000 hectolitros (1 800 000 L)
Brouwerij der Trappisten van Westmalle  Bélgica 1836 120 000 hL (12 000 000 L)
Brouwerij Westvleteren/St Sixtus  Bélgica 1838 4 750 hL (480 000 L)
Bières de Chimay  Bélgica 1863 123 000 hL (12 000 000 L)
Brasserie d'Orval  Bélgica 1931 45 000 hL (4 500 000 L)
Brouwerij der Sint-Benedictusabdij de Achelse Kluis (Achel)  Bélgica 1998 4 500 hL (450 000 L) (não ATP)
Brouwerij de Koningshoeven (La Trappe)‡‡  Países Baixos 1884 145 000 hL (15 000 000 L)
Brouwerij Abdij Maria Toevlucht (Zundert)  Países Baixos 2014 5 000 hL (500 000 L)
Stift Engelszell  Áustria 2012 2 000 hL (200 000 L) (capacidade)
St. Joseph’s Abbey  Estados Unidos 2013 4 694 hL (470 000 L) (estimado)[9]
Tre Fontane Abbey  Itália 2014 2 000 hL (200 000 L) (capacidade) [10]
Mount St Bernard Abbey (Tynt Meadow)  Reino Unido 2018 2 000 hL (200 000 L)
Mont des Cats  França 1826 N/A (não ATP)
Cerveza Cardeña Trappist Espanha 2016 N/A (não ATP)

‡ — O reconhecimento da cervejaria Achel foi suspenso em 2021.
‡‡ — O reconhecimento da cervejaria La Trappe foi suspenso entre 1999 e 2005.

Cerveja de Abadia[editar | editar código-fonte]

A designação "cervejas de abadia" (Bières d'Abbaye ou Abdijbier) foi originalmente concebida por cervejarias belgas para qualquer cerveja monástica ou de estilo monástico não produzida em um mosteiro real. Após a introdução da designação oficial de cerveja trapista pela ITA em 1997, passou a significar produtos semelhantes em estilo ou apresentação às cervejas monásticas.[11] Em outras palavras, uma cerveja Abbey pode ser:

  • Produzido por um mosteiro não trapista, por exemplo, Cisterciense, Beneditino; ou
  • produzido por uma cervejaria comercial sob um acordo com um mosteiro existente; ou
  • marcado com o nome de uma abadia extinta ou fictícia por um cervejeiro comercial; ou
  • recebeu uma marca vagamente monástica, sem mencionar especificamente o mosteiro, por um cervejeiro comercial.

Referências

  1. «Trappists and beer» (em inglês) 
  2. Revista Gosto (Editora Rickdam) Junho 1013 - "habemus cervesian"
  3. «Mont des Cats». RateBeer (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2020 
  4. «Beer Mont des Cats» (em inglês) 
  5. Barnes, Christopher (25 de maio de 2016). «The Brewing Monks: A Potential 12th Trappist Brewery Begins the Process in Spain». I Think About Beer (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2020 
  6. https://achelsekluis.org/nl/trappist-achel-brouwt-verder
  7. «International Trappist Association - Beers». Trappist.be. Consultado em 27 de janeiro de 2019 
  8. «International Trappist Association». Trappist.be. Consultado em 11 de maio de 2015 
  9. Woolhouse, Megan; Dzen, Gary (10 de janeiro de 2014). «Monks in Spencer launch brewery». Boston Globe Media Publishers. Boston Globe. Consultado em 7 de maio de 2015  approx. 4,000 barrels
  10. «Dall'Abbazia Tre Fontane di Roma la prima birra trappista italiana». Repubblica. 10 de maio de 2015. Consultado em 11 de maio de 2015 
  11. McFarland, Ben (2009). World's Best Beers: One Thousand Craft Brews from Cask to Glass. [S.l.]: Sterling Publishing Company, Inc. p. 38. ISBN 978-1-4027-6694-7. Consultado em 13 de janeiro de 2011 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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