Cerco de Martirópolis (531) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cerco de Martirópolis
Guerra Ibérica

Fronteira bizantino-sassânida. Martirópolis localiza-se próximo a Corduena.
Data 531
Local Martirópolis
Coordenadas 38° 08' N 41° 05' E
Desfecho Retirada persa
Beligerantes
 Império Sassânida  Império Bizantino
Comandantes
Império Sassânida Aspebedes
Império Sassânida Canaranges
Império Sassânida Mermeroes
Império BizantinoAretas
Império BizantinoBessas
Império BizantinoBuzes
Império Bizantino Hermógenes
Império Bizantino Martinho
Império Bizantino Senécio
Império Bizantino Sitas
Forças
Desconhecido Desconhecido

O Cerco de Martirópolis de 531 foi conduzido pelas tropas sassânidas lideradas pelos generais Aspebedes, Canaranges e Mermeroes. O cerco foi mal-sucedido, pois a força de alívio bizantina liderada por Hermógenes e Sitas conseguiu convencer os sitiadores a desistirem do empreendimento. Essa decisão também foi tomada porque o xá sassânida Cavades I faleceu repentinamente.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Desde 525, após o fracasso das negociações entre os Impérios Bizantino e Sassânida com intuito de assegurar a adoção de Cosroes I (r. 531–579), filho e sucessor do Cavades I, pelo imperador Justino I (r. 518–527), estes Estados e seus aliados mobilizaram-se. Conflitos ocorreram na Arábia e desde 526 a Transcaucásia e a Mesopotâmia foram palco de conflitos entre as potências.[1] Os bizantinos sofreram vários revezes nas mãos dos persas nos anos subsequentes até sua vitória decisiva na Batalha de Dara na Mesopotâmia, e na Batalha de Satala na Armênia. Em 531, foram derrotados por um exército persa-lacmida em Calínico, mas venceram, sob o duque Bessas, um exército liderado por Gadar e Isdigerdes. Em retaliação, o xá enviou um grande exército liderado por Aspebedes, Canaranges e Mermeroes para cercar Bessas e seu co-comandante Buzes em Martirópolis.[2][3]

Cerco e rescaldo[editar | editar código-fonte]

Os persas sitiaram a cidade no outono. Eles cavaram uma trincheira e muitas minas e atacaram com força os sitiados, mas a guarnição, apesar de menor, manteve-se firme e repeliu os persas em combate. Um grande exército foi reunido em Amida e Hermógenes e Sitas conduziram-o para Atacas (32 quilômetros ao norte da cidade), onde chegaram em outubro; Zacarias Retórico menciona que o rei Bar Gabala (identificado com o gassânida Aretas V[4][5]) participou da missão.[6]

Nesse ponto as fontes divergem. Segundo João Malalas, ao ouvirem rumores da aproximação dos inimigos, os sassânidas levantaram cerco e retiraram-se. Segundo Procópio, bizantinos eram incapazes de ajudar a cidade com o exército de Amida e enviaram emissários oferecendo reféns para que os persas se retirassem enquanto as negociações de paz ocorriam.[7] Os últimos aceitaram e Senécio e Martinho foram enviados.[8] O cerco foi concluído em novembro ou dezembro.[9]

A decisão dos persas foi tomada devido a morte de Cavades e a ascensão de Cosroes I (r. 531–579) e o espalhar de boatos de um ataque dos hunos sabires por um espião persa subornado pelos bizantinos; Zacarias complementa afirmando que a chegada do inverno interferiu na decisão.[9] Os reféns bizantinos foram libertados depois que os emissários do imperador Justiniano (r. 527–565) chegaram a corte de Ctesifonte para discutir a paz em 532.[10]

Referências

  1. Greatrex 2002, p. 84.
  2. Greatrex 2002, p. 94-95.
  3. Martindale 1992, p. 281-282; 884.
  4. Shahîd 1995, p. 142.
  5. Martindale 1992, p. 1161.
  6. Greatrex 2002, p. 95.
  7. Greatrex 2002, p. 96.
  8. Martindale 1992, p. 839; 1121; 1162.
  9. a b Greatrex 2002, p. 95-96.
  10. Martindale 1992, p. 839.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Chanaranges 1; Mermeroes». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Shahîd, Irfan (1995). Byzantium and the Arabs in the Sixth Century. Washington: Dumbarton Oaks. ISBN 978-0-88402-214-5