Igreja Católica no Reino Unido – Wikipédia, a enciclopédia livre

IgrejaCatólica

Reino Unido
Igreja Católica no Reino Unido
Catedral de Westminster
Santo padroeiro Inglaterra São Jorge[1][2][3][4]
País de Gales São David[1][2][3]
Escócia Santo André[1][2][3]
Irlanda do Norte São Patrício[1][2][3]
Ano 2010
População total 59.000.000
Cristãos 44.000.000
Católicos 5.000.000
Paróquias 2.977
Presbíteros 3.819
Seminaristas 245
Diáconos permanentes 802
Religiosos 1.748
Religiosas 6.155
Primaz Inglaterra País de Gales Vincent Nichols
Escócia Leo William Cushley
Irlanda do Norte Eamon Martin
Presidente da Conferência Episcopal Inglaterra País de Gales Vincent Nichols
Escócia Philip Tartaglia
Irlanda do Norte Eamon Martin
Núncio apostólico Inglaterra País de Gales Escócia Edward Joseph Adams
Irlanda do Norte Jude Thaddeus Okolo
Códice GB

A Igreja Católica no Reino Unido faz parte da Igreja Católica universal, sob a direção espiritual do Papa e da Cúria, em Roma. Embora não haja uma jurisdição eclesiástica correspondente à toda união política do Reino Unido, este artigo refere-se à representação geográfica da Igreja Católica de toda a Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.

Para ver informações dos países componentes do Reino Unidos separadamente, consulte seus artigos:

História[editar | editar código-fonte]

Pré-Reforma e Reforma Protestante[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Reforma Inglesa
Henrique VIII, criador do anglicanismo.

Até a chegada da Reforma, a Inglaterra, assim como o restante da Europa Ocidental era católica. Porém, diferentemente do restante da Europa, onde a Reforma Protestante foi motivada por motivos religiosos, como discordâncias da Igreja, na Inglaterra a Reforma Protestante teve razões puramente políticas,[5] iniciada pelo próprio rei, Henrique VIII, da dinastia Tudor.[6][7]

O atrito com a Igreja Católica foi motivado porque Henrique VIII pediu o divórcio de Catarina de Aragão, sua esposa de origem espanhola,[5] para se casar com outra. Henrique dava como motivo para isso que a esposa não havia lhe dado um filho homem para suceder-lhe no trono. Decidido a casar-se com sua amante, a cortesã Ana Bolena, o rei enviou ao Papa Clemente VI uma carta de solicitação do divórcio, que obviamente não foi aceito pela Igreja Católica, gerando grande insatisfação real.[6] Aproveitando-se do impasse, Henrique VIII rompeu com o catolicismo, declarando seu divórcio da rainha através de um tribunal nacional, em 1533. Um ano depois, foi excomungado por Clemente VI.[5] Henrique VIII, através do Ato de Supremacia, declarou-se o novo chefe supremo da Igreja da Inglaterra, também conhecida por Igreja Anglicana. Os ingleses foram obrigado a se submeter ao rei e não mais ao papa, para evitarem perseguições da justiça ou serem excomungados. A resistência a tais mudanças foi mínima, com destaque para São Thomas More, autor do livro Utopia, que recusou a converter-se e foi executado.[7] Todos os bens e as propriedades da Igreja foram confiscados, e passaram para as mãos do soberano,[6] principalmente os mosteiros, vendidos aos nobres, comerciantes e fazendeiros. Tais medidas agradaram aos gentry, membros da pequena nobreza ligados ao comércio e às atividades econômicas do capitalismo.[5]

A maior ironia das extravagâncias de Henrique VIII é que ele não conseguiu ter um filho homem com Ana Bolena. A filha do casal, Elizabeth, tornou-se rainha anos depois. Ana Bolena foi acusada de traição extraconjugal, condenada e decapitada em 1536. O rei se casou ainda outras quatro vezes, sendo que apenas no terceiro casamento conseguiu ter um filho homem, Eduardo, que o sucedeu. Seu quinto casamento terminou da mesma forma que o de Ana Bolena, já que sua esposa Catarina Howard também foi decapitada por ter tido casos extraconjugais.[5]

O anglicanismo na Inglaterra pôde realmente se consolidar no reinado de Elizabeth I (1558-1603), depois de sua irmã Maria Tudor tentar restaurar o catolicismo no reino.[5] No início a nova igreja não era muito diferente da Católica, já que a maior parte do clero católico manteve sua posição nela. Entretanto, com o tempo os anglicanos foram se aproximando dos ideais da Reforma Protestante, especialmente do calvinismo.[6]

Anticatolicismo[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Anticatolicismo no Reino Unido

A começar com a bula papal Regnam in Excelsis, de Pio V, de 1570, e que durou até 1766, o Papa não reconhecia a legitimidade da Monarquia Inglesa, e clamou por sua deposição. Na época da criação do Reino da Grã-Bretanha, em 1707, os católicos sofriam muitas discriminações na Inglaterra e na Escócia em muitas maneiras: em todos os reinos das Ilhas Britânicas, eles eram excluídos de votações, de concorrer à assentos do Parlamento e de profissões aprendidas. Essas leis discriminatórias perduraram após o Ato de União de 1800, o qual criou o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda em 1801. Naquela época a Emancipação Católica estava reunindo apoio, mas ainda não era uma realidade, particularmente na Irlanda, onde o domínio protestante ainda estava em pleno vigor.

O Tratado de União de 1707, tal como o Decreto de Estabelecimento de 1701 ditava que nenhum "papista" poderia suceder ao trono.[8] As restrições aos direitos civis dos católicos só começaram a mudar após a passagem dos Atos Papistas de 1778, que os permitiram a possuir propriedade privada, herdar terras e servir o Exército Britânico, embora até mesmo essa medida tenha resultado na reação dos Distúrbios de Gordon de 1780, mostrando a profundidade do contínuo sentimento anticatólico no país.

Emancipação[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Emancipação Católica

Depois de 1790, um novo ânimo surgiu quando milhares de católicos fugiram da violenta Revolução Francesa e a Grã-Bretanha se aliou às Guerras Napoleônicas, junto de Portugal, Espanha e a Santa Sé. Em 1829 o clima político já havia se abrandado o suficente para o Parlamento aprovar o Ato de Ajuda Católica de 1829, dando aos católicos direitos civis quase iguais aos outros cidadãos, incluindo votações e trabalhar em repartições públicas.

A Igreja Católica Inglesa possuía três grupos. Na Inglaterra havia cerca de 50.000 pessoas em famílias católicas tradicionais ("recusantes"). Elas geralmente tinham um baixo perfil. Os padres geralmente vinham do Colégio Santo Edmundo, um seminário fundado em 1793 por refugiados ingleses da Revolução Francesa. As principais diferenças foram superadas pelo Ato de Emancipação Católica de 1829. Em 1850 o Papa restaurou a hierarquia católica, devolvendo à Inglaterra seus bispos. Em 1869 um novo seminário foi aberto.[9]

O segundo grande grupo era composto de imigrantes irlandeses muito pobres que escapavam da Grande Fome Irlandesa. Seus números subiram de 224.000 em 1841, para 419.000 em 1851, concentrados em portos e distritos industriais, bem como em distritos industriais na Escócia. O terceiro grupo incluiu convertidos conhecidos da Igreja da Inglaterra, mais notavelmente os intelectuais São John Henry Newman e Edward Manning. Manning tornou-se o segundo arcebispo de Westminster. O próximo líder mais proeminente foi Herbert Vaughan, que sucedeu Manning como arcebispo de Westminster em 1892 e foi elevado ao cardinalato em 1893.[10]

Manning estava entre os mais fortes apoiadores do Papa, e especialmente da doutrina da infalibilidade papal. Em contraste, o Cardeal Newman reconheceu essa doutrina, mas achou que não seria prudente defini-la formalmente na época. Manning promoveu uma visão católica moderna de justiça social. Estas visões são refletidas na encíclica papal Rerum novarum, publicada pelo Papa Leão XIII. Foi a base do ensino moderno da justiça social católica. Escolas paroquiais católicas, subsidiadas pelo governo, foram instaladas em áreas urbanas para servir em grande parte os irlandeses. Manning falou em favor dos operários católicos irlandeses e ajudou a resolver a greve de docas de Londres em 1889.[11] Ele foi aclamado pela construção de uma nova catedral em Westminster, e por encorajar o crescimento de congregações religiosas, amplamente preenchidas pelos irlandeses.

Conversões[editar | editar código-fonte]

Um número significativo de pessoas tem se convertido ao catolicismo, incluindo Edmund Campion, Margaret Clitherow, Carlos II, John Henry Newman, Henry Edward Manning, Monsignor Robert Hugh Benson, Augustus Pugin, Evelyn Waugh, Muriel Spark, Gerard Manley Hopkins, Siegfried Sassoon, G. K. Chesterton, Ronald Knox, Graham Greene, Malcolm Muggeridge, Duquesa Catarina, Kenneth Clark and Joseph Pearce. Membros da Família Real , como a Duquesa de Kent e o ex-pimeiro-ministro Tony Blair também se converteram à Igreja Católica. No caso de Blair, isso ocorreu em 2007, após ele deixar o cargo.[12][13][14][15]

Desde o estabelecimento do Ordinariato Pessoal Nossa Senhora de Walsingham, mais de 3000 anglicanos deixaram sua igreja para abraçar a fé católica.

Organização territorial[editar | editar código-fonte]

Há 38 circunscrições e 3.104 paróquias pelo país.

Rito latino[editar | editar código-fonte]

Inglaterra e Gales[editar | editar código-fonte]

Escócia[editar | editar código-fonte]

Irlanda do Norte[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Catolicismo na Irlanda

A Igreja Católica na Irlanda do Norte não segue a divisão política do Reino Unido, e o país está eclesiasticamente unido à Irlanda.

Outras jurisdições[editar | editar código-fonte]

Território Britânicos Ultramarinos[editar | editar código-fonte]

Nos Territórios Britânicos Ultramarinos a Igreja está presente, porém não ligada à Conferência Episcopal do Reino Unido:

Rito oriental[editar | editar código-fonte]

Estatísticas[editar | editar código-fonte]

Distritos da Irlanda do Norte por religião predominante no Censo de 2011. A cor azul representa maioria católica, e a vermelha maioria protestante.

Em 2011, havia no total cerca de 5,7 milhões de católicos no Reino Unido: 4.155.100 na Inglaterra e no País de Gales (7,4% da população),[20] 841.053 na Escócia (15,9% da população),[21][22] e 738.033 na Irlanda do Norte (40,76% da população).[23]

Em grande parte da Irlanda do Norte, o catolicismo é a religião predominante. Também em algumas poucas áreas escocesas os católicos ultrapassam outras religiões, inclusive na mais populosa do país: a Igreja Católica tem mais adeptos que a Igreja da Escócia em Glasgow (27% versus 23%). Outras áreas em que os católicos ultrapassam a Igreja da Escócia são: North Lanarkshire, Inverclyde, e West Dunbartonshire, segundo o Censo escocês de 2011.[24]

Nunciatura Apostólica[editar | editar código-fonte]

O atual núncio apostólico do Reino Unido é Edward Joseph Adams, desde 8 de abril de 2017.

Conferência Episcopal[editar | editar código-fonte]

Os países do Reino Unido formam diferentes conferências episcopais: a Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales e Conferência Episcopal da Escócia. Como já mencionado antes, a Irlanda do Norte está inclusa na Conferência dos Bispos Católicos Irlandeses, junta à República da Irlanda.

Referências

  1. a b c d «Who are the patron saints of Scotland, Wales, England and Ireland?». BBC. 28 de fevereiro de 2017. Consultado em 9 de julho de 2018 
  2. a b c d Ben Johnson. «St George – Patron Saint of England». Historic UK. Consultado em 9 de julho de 2018 
  3. a b c d «PATRON SAINTS OF THE BRITISH ISLES». LSI Portsmouth. 30 de novembro de 2017. Consultado em 9 de julho de 2018 
  4. «St George's Day: Why is he England's patron saint?». BBC. 23 de abril de 2018. Consultado em 9 de julho de 2018 
  5. a b c d e f Tales dos Santos. «Igreja Anglicana e a Reforma na Inglaterra». História do Mundo. Consultado em 12 de julho de 2018 
  6. a b c d Marcos Emílio Ekman Faber. «HENRIQUE VIII E A REFORMA NA INGLATERRA: O ANGLICANISMO». História Livre. Consultado em 12 de julho de 2018 
  7. a b Emerson Santiago. «Reforma Anglicana». Info Escola. Consultado em 12 de julho de 2018 
  8. The Treaty of Union 1706 scotshistoryonline.co.uk, accessed 15 February 2009 – see article 2
  9. Kenneth Scott Latourette, Christianity in a Revolutionary Age (1958) pp 454–58
  10. Latourette, Christianity in a Revolutionary Age (1958) pp 454–58
  11. Vincent Alan McClelland, Cardinal Manning: the Public Life and Influences, 1865–1892 (1962).
  12. «Tony Blair joins Catholic faith». BBC News online. 22 de dezembro de 2007. Consultado em 22 de novembro de 2007 
  13. Francis Beckett and David Hencke, The Survivor: Tony Blair in War and Peace, 2005, Aurum Press Ltd, ISBN 978-1-84513-110-4
  14. Francis Beckett and David Hencke, "Regular at mass, communion from Pope. So why is Blair evasive about his faith?",The Guardian, 28 September 2004
  15. Ruth Gledhill, Jeremy Austin and Philip Webster, "Blair will be welcomed into Catholic fold via his 'baptism of desire'", The Times, 17 May 2007
  16. a b c È nell'ambito della nunziatura apostolica in Gran Bretagna.
  17. a b c È nell'ambito della delegazione apostolica nelle Antille.
  18. Sono nell'ambito della delegazione apostolica nelle Antille.
  19. Sono nell'ambito della delegazione apostolica nell'Oceano Pacifico.
  20. Table 1 2011 2012 statistics of RC population fourth draft by the Pastoral Research Centre Trust, an independent research organization Arquivado em 2014-04-20 no Wayback Machine
  21. Table 7 – Religion, Scotland, 2001 and 2011 by the Scottish Census2011
  22. «Scotland's Census 2011 – Table KS209SCb» (PDF). scotlandscensus.gov.uk. Consultado em 26 de setembro de 2013 
  23. [1]
  24. census 2011 Scottish Census Results by council area