Cartismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para o movimento cartista português, veja cartista.
Um motim cartista em Londres.

O cartismo foi um movimento operário[1] radical e reformista que surgiu na Grã-Bretanha na década de 1830 como resultado das consequências sociais e econômicas da Revolução Industrial.[2] Seu nome deve-se à Carta do Povo, documento escrito por William Lovett e Francis Place,[3] em 7 de junho de 1837, no British Coffee House em Londres para a London Working Men's Association (LWMA), que foi enviado ao Parlamento do Reino Unido em 1838 com seis petições:[3]

  • Sufrágio universal masculino, um voto para cada homem com 21 anos de idade ou mais, em sã consciência e que não tenha sido punido por um crime
  • Voto secreto
  • Cancelar a qualificação da propriedade
  • Pagamento aos membros do Parlamento, permitindo aos trabalhadores interromper o seu sustento para satisfazer as necessidades da nação
  • Distritos eleitorais iguais, garantindo a mesma quantidade de representação para o mesmo número de eleitores
  • Eleição anual

O cartismo foi promovido principalmente por Feargus O'Connor, orador e proprietário do jornal cartista Northern Star. [4] O cartismo mobilizaria a maioria dos trabalhadores e das classes populares com um objetivo político claro: a democratização do Estado e, ao contrário dos luditas, tinha uma natureza essencialmente política.

O cartismo não deve ser confundido com o cartismo desenvolvido em Portugal. Em Portugal, o termo cartismo foi designado a uma tendência mais conservadora dentro do liberalismo que surgiu após a revolução de 1820, centrada na Carta Constitucional de 1826.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Inicialmente as exigências não foram aceitas pelo Parlamento e um movimento rebelde teve início, através de comícios, abaixo-assinados e manifestações. Gradualmente, as propostas da carta foram sendo incorporadas e o movimento foi se enfraquecendo até sua desintegração.

É preciso ter em mente, no entanto, que o programa democrático radical do Cartismo não foi aceito pelos governantes e, num certo sentido, pode-se dizer que ele foi politicamente derrotado.[5] Mas, apesar disso, os cartistas conseguiram mudanças efetivas, tais como a primeira lei de proteção ao trabalho infantil (1833), a lei de imprensa (1836), a reforma do Código Penal (1837), a regulamentação do trabalho feminino e infantil, a lei de supressão dos direitos sobre os cereais, a lei permitindo as associações políticas e a lei da jornada de trabalho de 10 horas.

O movimento perdeu a força com a organização dos primeiros sindicatos.

No final da década de 1860, as reivindicações pleitadas pelo cartismo acabariam sendo incorporadas à legislação inglesa.

Recebe o nome de cartismo o primeiro movimento de massa das classes operárias da Inglaterra, ocorrido entre as décadas de 30 e 40 do século XIX, e que basicamente exigia melhores condições para os trabalhadores na indústria. Durante vários anos os cartistas realizaram comícios e manifestações por todo o país, nos quais participaram milhões de operários e artesãos.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Dorothy Thompson, The Chartists: popular politics in the Industrial Revolution (1984) p 1
  2. Fairbairn, Brett. «The Meaning of Rochdale – The Rochdale Pioneers and the Co-operatives Principles» (PDF) 
  3. a b «Chartistmovement». www.parliament.uk (em inglês). Consultado em 17 de março de 2021 
  4. «Chartism & The Chartists». www.thepeoplescharter.co.uk. Consultado em 17 de março de 2021 
  5. Phil Knight (novembro de 1999). «Newport Rising: the Chartists are coming». Socialist Review. Consultado em 28 de fevereiro 2014