Caracala – Wikipédia, a enciclopédia livre

Caracala
Caracala
Imperador Romano
Reinado 198 a 8 de abril de 217
Predecessor Septímio Severo (sozinho)
Sucessor Macrino
Co-monarcas Septímio Severo (198–211)
Geta (209–211)
 
Nascimento 4 de abril de 188
Lugduno, Gália Lugdunense, Império Romano
Morte 8 de abril de 217 (29 anos)
entre Edessa e Carras, Mesopotâmia, Império Romano
Nome completo  
César Marco Aurélio Antonino Augusto
Nome de nascimento Lúcio Septímio Bassiano
Esposa Fúlvia Plaucila
Dinastia Severa
Pai Septímio Severo
Mãe Júlia Domna

Caracala (em latim Caracalla; perto de Lugduno, 4 de abril de 188Mesopotâmia, 8 de abril de 217) foi imperador romano de 211 até sua morte.

Ficou conhecido pelo Édito de Caracala em 212, em que decretou que todos os habitantes livres do Império Romano, onde quer que vivessem, eram cidadãos romanos. Foi uma decisão revolucionária, que eliminou da noite para o dia a diferença legal entre governantes e governados. Mais de 30 milhões de provinciais tornaram-se legalmente romanos. Foi um dos maiores atos isolados de concessão de cidadania da história da humanidade.[1]

Nome[editar | editar código-fonte]

O nome de nascimento de Caracala era Lúcio Sétimo Bassiano. Ele foi renomeado como Marco Aurélio Antonino aos sete anos de idade como parte da tentativa de seu pai de se unir às famílias de Antonino Pio e Marco Aurélio.[2][3][4] De acordo com o historiador do século IV Sexto Aurélio Vítor em sua Epítome dos Césares, se tornou conhecido pelo agnome "Caracala" por causa de uma túnica gaulesa com capuz que ele usava habitualmente e que estava na moda.[5] Ele pode ter começado a usá-lo durante suas campanhas no Reno e no Danúbio.[6] Dião Cássio, que ainda estava escrevendo sua Historia romana durante o reinado de Caracala,[7] geralmente se referia a ele como "Tarautas", em homenagem a um famoso gladiador diminuto e violento da época, embora também o chame de "Caracallus" em várias ocasiões.[8]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Caracala nasceu em Lugduno, Gália (atual Lyon, França), em 4 de abril de 188. Era filho de Septímio Severo (r. 193–211) e Júlia Domna, o que lhe conferia ascendência paterna púnica e ascendência materna árabe.[9] Era irmão mais velho de Geta, com quem governou brevemente como co-imperador.[2][10] Caracalla tinha cinco anos quando seu pai foi aclamado Augustus em 9 de abril de 193.[11]

Caesar[editar | editar código-fonte]

No início de 195, Septímio Severo, foi adotado postumamente pelo imperador deificado (divus) Marco Aurélio (r. 161–180). Consequentemente, em 195 ou 196 Caracala recebeu o posto imperial de Caesar, adotando o nome de Marco Aurélio Antonino César, e foi nomeado imperator destinatus (ou designatus) em 197, possivelmente em seu aniversário, 4 de abril, e certamente antes de 7 de maio.[11] Assim, tecnicamente, ele se tornou parte da bem lembrada dinastia Antonina.[12]

Co-augustus[editar | editar código-fonte]

O pai de Caracala o nomeou como Augustus e imperador pleno a partir de 28 de janeiro de 198.[13][14] Este foi o dia em que o triunfo de Septímio Severo foi celebrado, em homenagem à sua vitória sobre o Império Parta nas Guerras romano-persas. Ele saqueou com sucesso a capital parta, Ctesifonte, depois de vencer a Batalha de Ctesifonte, provavelmente em outubro de 197.[15] Ele também recebeu o poder tribunício e o título de imperator.[11] Nas inscrições, Caracalla recebe a partir de 198 o título de chefe do sacerdócio, pontifex maximus.[12][11] Seu irmão Geta foi proclamado nobilissimus caesar no mesmo dia, e seu pai Septímio Severo foi premiado com o nome de vitória Parthicus Maximus.[11]

Em 199, ele foi introduzido no Arval Brethren[12] e recebeu o título de pater patriae.[12] Em 202, foi cônsul romano, tendo sido nomeado consul designatus no ano anterior.[12] Atuou com seu pai, que servia pela terceira vez.[15]

Em 202, Caracalla foi forçado a se casar com a filha de Caio Fúlvio Plauciano, Fúlvia Plaucila, uma mulher que ele odiava, embora o motivo fosse desconhecido.[16] O casamento ocorreu entre 9 e 15 de abril.[12]

Em 205, Caracala foi cônsul pela segunda vez, em companhia de Geta — primeiro consulado de seu irmão.[12] Por volta de 205, Caracala executou Plauciano por traição, embora ele provavelmente tenha fabricado as evidências da conspiração.[16] Foi então que baniu sua esposa, cujo assassinato posterior pode ter sido executado sob as ordens de Caracala.[2][16]

Em 28 de janeiro de 207, Caracalla celebrou sua decennalia, o décimo aniversário do início de seu reinado.[12] O ano de 208 foi o de seu terceiro consulado — o segundo de Geta.[12] O próprio Geta recebeu o posto de augusto e poderes tribunícios em setembro ou outubro de 209.[12][17][11]

Durante o reinado de seu pai, a mãe de Caracalla, Julia Domna, desempenhou um papel público proeminente, recebendo títulos de honra como "Mãe do acampamento", mas também desempenhou um papel nos bastidores ajudando seu marido a administrar o império.[18] Descrita como ambiciosa,[19] Julia Domna cercou-se de pensadores e escritores de todo o império.[20] Enquanto Caracala reunia e treinava tropas para sua planejada invasão persa, Júlia permaneceu em Roma, administrando o império. A crescente influência de Júlia nos assuntos de estado foi o início de uma tendência de influência das mães dos imperadores, que continuou ao longo da dinastia Severa.[21]

Notas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Caracalla», especificamente desta versão.

Referências

  1. Beard 2015, p. 531.
  2. a b c Gagarin, Michael (2009). Ancient Greece and Rome. [S.l.]: Oxford University Press. 51 páginas 
  3. Tabbernee, William; Lampe, Peter (2008). Pepouza and Tymion: The Discovery and Archaeological Exploration of a Lost Ancient City and an Imperial Estate. [S.l.]: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-020859-7 
  4. Hammond 1957, pp. 35–36.
  5. Dunstan 2011, pp. 405–406.
  6. Goldsworthy, Adrian (2009). How Rome Fell: death of a superpower. [S.l.]: New Haven: Yale University Press. pp. 74. ISBN 978-0-300-16426-8 
  7. Swan, Michael Peter (2004). The Augustan Succession: An Historical Commentary on Cassius Dio's Roman History. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 1–3, 30. ISBN 0-19-516774-0 
  8. Dião Cássio, Livro 79
  9. Shahid, Irfan (1984). Rome and the Arabs. Georgetown, Washington D.C.: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. 33 páginas. ISBN 0-88402-115-7 
  10. Dunstan 2011, p. 399.
  11. a b c d e f Cooley 2012, pp. 495–496
  12. a b c d e f g h i j Kienast, Dietmar (2017) [1990]. «Caracalla». Römische Kaisertabelle: Grundzüge einer römischen Kaiserchronologie (em alemão). Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft. pp. 156–161. ISBN 978-3-534-26724-8 
  13. Grant, Michael (1996). The Severans: the Changed Roman Empire. [S.l.]: Psychology Press. 19 páginas 
  14. Cooley 2012, p. 495.
  15. a b Kienast, Dietmar (2017) [1990]. «Septimius Severus». Römische Kaisertabelle: Grundzüge einer römischen Kaiserchronologie (em alemão). Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft. pp. 149–155. ISBN 978-3-534-26724-8 
  16. a b c Dunstan 2011, p. 402.
  17. Dunstan 2011, p. 405.
  18. Goldsworthy, Adrian (2009). How Rome fell: death of a superpower. [S.l.]: New Haven: Yale University Press. pp. 76. ISBN 978-0-300-16426-8 
  19. Dunstan 2011, p. 299.
  20. Dunstan 2011, p. 404.
  21. Grant, Michael (1996). The Severans: the Changed Roman Empire. [S.l.]: Psychology Press. 46 páginas 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Beard, Mary Ritter (2015). Spqr - Uma História da Roma Antiga. São Paulo: Planeta. ISBN 978-1631492228 
  • CHRISTOL, M. e NONY, D. Rome et son Empire. Paris: Hachette,2003. (Há tradução em português).
  • GIBBON, Edward. Decline & Fall of the Roman Empire. Chicago: Encyclopædia Britannica, coleção "Great Books", 1952. (Publicação original 1776. Há edição resumida em português da Cia. das Letras).
  • BIRLEY, Anthony.História Augusta. Tradução inglesa, parcial, sob o título Lives of the Later Caesars. Londres: Penguin, 1976.* Agnew, John; Bidwell, Walter (1844). The Eclectic Magazine: Foreign Literature. II. [S.l.]: Leavitt, Throw and Company 
  • Ando, Clifford (2012). Imperial Rome AD 193 to 284: The Critical Century. [S.l.]: Edinburgh University Press. ISBN 978-0-7486-5534-2 
  • Asante, Molefi K.; Shaza, Ismail (2016). «Interrogating the African Roman Emperor Caracalla: Claiming and Reclaiming an African Leader». Journal of Black Studies. 47: 41–52. doi:10.1177/0021934715611376 
  • Ashley, Mike (2012). The Mammoth Book of British Kings and Queens. [S.l.]: Hachette UK. ISBN 978-1-4721-0113-6 
  • Benario, Herbert (1954). «The Dediticii of the Constitutio Antoniniana». Transactions and Proceedings of the American Philological Association. 85: 188–196. JSTOR 283475. doi:10.2307/283475 
  • Bergeron, David (2008). «Roman Antoninianus». Bank of Canada Review 
  • Boatwright, Mary Taliaferro; Gargola, Daniel, J; Talbert, Richard J.A (2004). The Romans, from village to empire. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0-19-511875-8 
  • Brauer, G (1967). The Decadent Emperors: Power and Depravity in Third-Century Rome. [S.l.: s.n.] 
  • Breisach, Ernst (2008). Historiography: Ancient, Medieval, and Modern 3rd ed. [S.l.]: University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-07284-5 
  • Cairns, John (2007). Beyond Dogmatics: Law and Society in the Roman World: Law and Society in the Roman World. [S.l.]: Edinburgh University Press. ISBN 978-0-7486-3177-3 
  • Castex, Jean (2008). Architecture of Italy. [S.l.]: Greenwood Press. ISBN 978-0-313-32086-6 
  • Cooley, Alison E. (2012). The Cambridge Manual of Latin Epigraphy. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-84026-2 
  • Dio, Cassius. (n.d.). Roman History.
  • Dunstan, William (2011). Ancient Rome. Lanham: Rowman & Littlefield. ISBN 978-0-7425-6832-7 
  • Fisher, Warren (2010). The Illustrated History of the Roman Empire: From Caesar's Crossing the Rubicon (49 Bc) to Empire's Fall, 476 Ad. [S.l.]: AuthorHouse. ISBN 978-1-4490-7739-6 
  • Gagarin, Michael (2009). Ancient Greece and Rome. [S.l.]: Oxford University Press 
  • Geoffrey of Monmouth. (c 1136) Historia Regum Britanniae
  • Gibbon, Edward. (1776). The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, Volume 1.
  • Goldsworthy, Adrian (2009). How Rome fell: death of a superpower. New Haven: Yale University Press. ISBN 978-0-300-16426-8  Verifique o valor de |url-access=registration (ajuda)
  • Grant, Michael (1996). The Severans: the Changed Roman Empire. [S.l.]: Psychology Press 
  • Hadas, Moses (2013). History of Latin Literature. [S.l.]: Columbia University Press. ISBN 978-0-231-51487-3 
  • Hammond, Mason (1957). «Imperial Elements in the Formula of the Roman Emperors during the First Two and a Half Centuries of the Empire». Memoirs of the American Academy in Rome. 25: 19–64. JSTOR 4238646. doi:10.2307/4238646 
  • Harl, Kenneth (1996). Coinage in the Roman Economy, 300 B.C. to A.D. 700. [S.l.]: JHU Press. p. 128. ISBN 0-801-85291-9 
  • Hekster, Olivier; Zair, Nicholas (2008). Debates and Documents in Ancient History: Rome and its Empire. [S.l.]: EUP. ISBN 978-0-7486-2992-3 
  • Herodian of Antioch. (n.d.) History of the Roman Empire.
  • Johnson, Allan; Coleman-Norton, Paul; Bourne, Frank; Pharr, Clyde (1961). Ancient Roman Statutes: A Translation with Introduction, Commentary, Glossary, and Index. [S.l.]: The Lawbook Exchange. ISBN 1-58477-291-3 
  • Lavan, Myles (2016). «The Spread of Roman Citizenship, 14–212 CE: Quantification in the Face of High Uncertainty» (PDF). Past and Present. 230: 3–46. doi:10.1093/pastj/gtv043. hdl:10023/12646Acessível livremente 
  • Leistner, M. W. L. (1966). The Greater Roman Historians. [S.l.]: University of California Press 
  • Levine, Lee (1975). Caesarea Under Roman Rule. [S.l.]: Brill Archive. ISBN 90-04-04013-7 
  • Lim, Richard (2010). The Edinburgh Companion to Ancient Rome and Greece: Late Antiquity. [S.l.]: Edinburgh University Press 
  • Magie, David (1950). Roman Rule in Asia Minor. [S.l.]: Princeton University Press 
  • Manders, Erika (2012). Impact of Empire: Coining Images of Power: Patterns in the Representation of Roman Emperors on Imperial Coinage, A.D. 193–284. [S.l.]: Brill Academic. ISBN 978-90-04-18970-6 
  • Matthew, Christopher (2015). An Invincible Beast: Understanding the Hellenistic Pike Phalanx in Action. [S.l.]: Casemate Publishers 
  • Mehl, Andres (2011). Roman Historiography. [S.l.]: John Wiley & Sons 
  • Melton, Gordon, J. (2014). Faiths Across Time: 5000 Years of Religious History. [S.l.: s.n.] 
  • Mennen, Inge (2011). Power and Status in the Roman Empire, AD 193–284. Col: Impact of Empire. XII. [S.l.]: Brill Academic. OCLC 859895124 
  • Morgan, Robert (2016). History of the Coptic Orthodox People and the Church of Egypt. [S.l.]: FriesenPress. ISBN 978-1-4602-8027-0 
  • Oman, C (1916). The Decline and Fall of the Denarius in the Third Century A.D. [S.l.]: Royal Numismatic Society 
  • Oetelaar, Taylor (2014). «Reconstructing the Baths of Caracalla». Digital Applications in Archaeology and Cultural History 
  • Pangerl, Andreas (2013). Porträttypen des Caracalla und des Geta auf Römischen Reichsprägungen – Definition eines neuen Caesartyps des Caracalla und eines neuen Augustustyps des Geta. [S.l.]: RGZM Mainz 
  • Rowan, Clare (2012). Under Divine Auspices: Divine Ideology and the Visualisation of Imperial Power in the Severan Period. [S.l.]: Cambridge University Press 
  • Schäfer, Peter (2003). The Bar Kokhba War Reconsidered: New Perspectives on the Second Jewish Revolt Against Rome. [S.l.]: Mohr Siebeck. ISBN 3-16-148076-7 
  • Scott, Andrew (2008). Change and Discontinuity Within the Severan Dynasty: The Case of Macrinus. [S.l.]: Rutgers. ISBN 978-0-549-89041-6. OCLC 430652279 
  • Scott, Andrew G. (2015). Cassius Dio, Caracalla and the Senate. [S.l.]: De Gruyters 
  • Sillar, Shamus (2001). Quinquennium in provinciis: Caracalla and Imperial Administration 212–217. [S.l.: s.n.] 
  • Tuck, Steven L. (2014). A History of Roman Art. [S.l.]: Wiley-Blackwell. ISBN 978-1-4443-3026-7 
  • Southern, Patricia (2015). The Roman Empire from Severus to Constantine. [S.l.]: Routledge. ISBN 978-1-317-49694-6 
  • Tabbernee, William; Lampe, Peter (2008). Pepouza and Tymion: The Discovery and Archaeological Exploration of a Lost Ancient City and an Imperial Estate. [S.l.]: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-020859-7 
  • Tuori, Kaius (2016). «Judge Julia Domna? A Historical Mystery and the Emergence of Imperial Legal Administration». The Journal of Legal History. 37 (2): 180–197. doi:10.1080/01440365.2016.1191590 
  • Varner, Eric (2004). Mutilation and transformation: damnatio memoriae and Roman imperial portraiture. [S.l.]: Brill Academic. ISBN 90-04-13577-4 
  • Whittock, Martyn John; Whittock, Martyn (1991). The Roman Empire. [S.l.]: Heinemann. p. 28. ISBN 0-435-31274-X 
  • Wood, Susan (2010). «Caracalla and the French Revolution: A Roman tyrant in eighteenth-century iconography». Memoirs of the American Academy in Rome 
  • Zoch, Paul (2000). Ancient Rome: An Introductory History. [S.l.]: University of Oklahoma Press. p. 91. ISBN 0-8061-3287-6 
Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Caracala

Precedido por
Septímio Severo
Imperador romano
211 — 217
Sucedido por
Macrino