Cerco de Alexandria (47 a.C.) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cerco de Alexandria
Guerra Civil Cesariana
Guerra Civil Alexandrina
Data 48 a.C.47 a.C.
Local Alexandria, Egito
Coordenadas 31° 12' N 29° 55' E
Desfecho Vitória romana
Beligerantes
República Romana Cesarianos
Antigo Egito Egípcios aliados de Cleópatra
Antigo Egito Egípcios aliados de Ptolemeu XIII
Comandantes
Antigo Egito Cleópatra VII
  Mitrídates de Pérgamo
República Romana Júlio César
  Antípatro, o Idumeu
Antigo Egito Ptolemeu XIII
Antigo Egito Áquila
Antigo Egito Arsínoe IV
Antigo Egito Ganimedes
Forças
Legio VI Ferrata)
Reforços de Pérgamo.
20 000 na infantaria e 2 000 na cavalaria
Alexandria está localizado em: Egito
Alexandria
Localização de Alexandria no que é hoje o Egito

Cerco de Alexandria foi a série de escaramuças e batalhas travadas entre as forças de Júlio César, que apoiava Cleópatra VII, contra as forças de Arsínoe IV e Ptolemeu XIII em Alexandria, no Egito Ptolemaico, entre 48 e 47 a.C. Nesta época, César estava travando a sua própria guerra civil contra as forças dos Optimates, os legalistas que defendiam o Senado Romano, liderados por Pompeu.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Depois da Batalha de Farsalo (48 a.C.), entre as forças de César e Pompeu, o exército deste acabou dispersando ou se entregou a César. O próprio Pompeu, porém, escapou para Anfípolis e, de lá, para o Reino Ptolemaico no Egito. Ele acabou sendo assassinado ao desembarcar por Áquila e Lúcio Septímio, antigos soldados de seu exército, seguindo o conselho do eunuco Potino e Teódoto de Quio,[1][2][3] conselheiros do faraó Ptolemeu XIII, que aprovou a ideia por achar que a morte de seu maior adversário iria agradar Júlio César.

Eventos[editar | editar código-fonte]

César ficou horrorizado com o assassinato do grande general romano e chorou por seu antigo aliado e genro. Ele exigiu o dinheiro que o pai de Ptolemeu, Ptolemeu XII, havia tomado emprestado de Roma e concordou em ajudar a resolver o conflito entre Ptolemeu XIII e sua irmã (e co-regente) Cleópatra VII. César escolheu esta ao invés do irmão e o prendeu.

Áquila depois se juntaria a Potino para combater César e, depois de ter recebido o comando de todo o exército deste, marchou para Alexandria com cerca de 20 000 soldados e 2 000 cavaleiros. César, que estava na cidade, não tinha forças suficientes para resistir e enviou embaixadores para iniciar negociações, mas eles foram assassinados por Áquila, que queria acabar com qualquer chance de reconciliação. Suas forças continuaram a marcha e ocuparam a maior parte da cidade. Enquanto isso, Arsínoe, a irmã mais nova de Ptolemeu XIII e Cleópatra, escapou da cidade e se juntou a Áquila. Em 47 a.C., os dois entraram em conflito e ela mandou o eunuco Ganimedes executar Áquila e entregou-lhe o comando de suas forças.[4][5][6][7] O novo comandante conseguiu algumas vitórias contra César no começo, que tinha sob seu comando apenas os legionários da VI Ferrata que levou consigo e uma pequena milícia italiana que estava na cidade desde 55 a.C. por causa de problemas anteriores, mas rapidamente os principais oficiais da corte egípcia perderam a confiança em Ganimedes. Sob o pretexto de quererem a paz, eles negociaram com César uma troca de Arsínoe por Ptolemeu XIII, que foi solto logo em seguida,[8] mas a guerra não terminou. Reforços para os romanos chegaram sob a liderança de Mitrídates de Pérgamo e Antípatro, o Idumeu, da Judeia. A difícil Batalha do Nilo, travada na margem oeste do Nilo, encerrou a disputa com a vitória final de César (e Cleópatra) depois que Ptolemeu se afogou tentando cruzar o rio.

Consequências[editar | editar código-fonte]

A coroa de Ptolemeu passou para seu irmão mais novo, Ptolemeu XIV, e para Cleópatra, que reinaram como co-regentes. César e Cleópatra celebraram sua vitória com uma procissão triunfal sobre o rio Nilo no mesmo ano e os dois, segundo os relatos, viajaram por dois meses pelo Egito antes de César retomar sua guerra civil. Apesar do relacionamento ter resultado em um filho (Ptolemeu XV), eles nunca se casaram.[9]

Arsínoe foi paradeada por Roma como prisioneira, banida para o Templo de Ártemis, em Éfeso, e depois executada por ordens de Cleópatra e Marco Antônio.

Referências

  1. Júlio César, Commentarii de Bello Civili iii. 104
  2. Lívio, Epit. 104
  3. Dião Cássio História Romana xlii. 4
  4. Júlio César, Commentarii de Bello Civili iii. 108—112
  5. Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino 4
  6. Dião Cássio História Romana xlii. 36—40
  7. Lucano x. 519— 523
  8. Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino 23-24 e, com algumas diferenças, Dião Cássio, História Romana 42.42
  9. Salisbury, Joyce E (2001). «Cleopatra VII». Women in the ancient world. Santa Barbara, CA: ABC-CLIO. p. 52. ISBN 1-57607-092-1 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • M. Cary and H. H. Scullard, A History of Rome

Ligações externas[editar | editar código-fonte]