Califasia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Califasia é a "arte de falar com boa dicção e elegância"[1]. A origem etimológica do termo remonta ao grego na junção das palavras kállos, (belo) e phásis (elocução)[2]. Durante o Século XX, o estudo da califasia foi tomado em diferentes momentos como obrigatório no ensino escolar brasileiro.

Na década de 1930, seu estudo aparece na proposta pedagógica de Heitor Villa-Lobos atrelado à disciplina de canto orfeônico, na qual o termo era tomado como sinônimo de declamação rítmica[3][4]. O termo também aparece como referência à preparação do aluno na prática de uma pronúncia legível e perfeita do texto a ser cantado[4][5]. Na proposta de Heitor Villa-Lobos, a califasia é uma das finalidades do canto orfeônico, junto à calirritmia e califonia[6]. Neste período este termo foi empregado por Heitor Villa-Lobos em seu curso de Canto Orfeônico[4] , porém isto não quer dizer que esta definição tenha sido criada pelo Educador Musical. Esta problematização é importante, já que este termo também era adotado em cursos de oratória e em estudos sobre os distúrbios da voz na área da saúde. Um exemplo desta utilização diversificada, é o Manual de califasia, califonia e calirritimia e a arte de dizer de Francisco da Silveira Bueno publicado pela primeira vez em 1933[7]. Até hoje esta obra serve de referência para estudos na área da saúde, como por exemplo a Fonoadiologia[8]. Heitor Villa-Lobos, como outros profissionais, de diferentes campos do conhecimento, usufruiu desta definição, vista, em sua época, como um adjetivo que caracterizava uma prática que buscava primazia, no qual era desenvolvida para o alcance dos objetivos específicos propostos por cada uma destas áreas.

O contexto do uso do termo no canto orfeônico[editar | editar código-fonte]

A década de 1930 foi palco de novas reformas nos componentes curriculares. Por exemplo, em 18 de abril de 1931, por meio do decreto n. 19.890, Getúlio Vargas, à época. presidente da república, torna o canto orfeônico obrigatório nas escolas primeiras, secundárias e de formação profissional no Rio de Janeiro , Capital Federal naquela época[9]. Um ano mais tarde, em 1932, o Departamento de Educação, sobre a responsabilidade de Anísio Teixeira, e com o apoio de Heitor Villa-Lobos, criam a Superintendência de Educação Musical e Artística , cuja direção é dada ao músico. Este novo Órgão foi responsável pela organização do curso de Pedagogia da Música e do Canto Orfeônico. Estes cursos, que foram iniciados neste mesmo ano, se dividiam de 4 formas: Declamação rítmica e califasia, Curso de preparação ao canto orfeônico, Curso especializado do ensino de música e canto orfeônico e Prática orfeônica[10].

Referências

  1. «Califasia». Michaelis On-Line. Consultado em 3 de outubro de 2016 
  2. Cardoso, Luis. «Do grego antigo ao português contemporâneo: o sortilégio da língua e a epifania da cultura» (PDF). Milenium. Consultado em 3 de outubro de 2016 
  3. SANTOS, Elias Souza dos. Educação musical escolar em Sergipe: uma análise das práticas da disciplina  Canto Orfeônico na Escola Normal de Aracaju (1934-1971). 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  4. a b c Santos, Marco (2010). «Heitor Villa-Lobos» (PDF). Heitor Villa-Lobos. Editora Massangana. Consultado em 3 de outubro de 2016 
  5. ÁVILA, Marli Batista. A obra pedagógica de Heitor Villa-Lobos - uma leitura atual de sua contribuição para a educação musical no Brasil. USP (Tese de Doutorado), 2010. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27158/tde-29102010-125844/pt-br.php. Acesso em 25 set. 2016.
  6. Rajobac, Raimundo. «CANTO ORFEÔNICO E HISTÓRIA DA PEDAGOGIA MUSICAL: ANÁLISE DAS AULAS DE CANTO ORFEÔNICO DE JUDITH MORISSON ALMEIDA» (PDF). História da Educação. doi:http://dx.doi.org/10.1590/2236-3459/56393 Verifique |doi= (ajuda). Consultado em 3 de outubro de 2016 
  7. FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Lições de patriotismo na obra “páginas literárias” de Francisco Silveira Bueno:formando meninos na década de 1940. USP, 2010. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ceru/article/view/11925/13702.Acesso em 25 set. 2016.
  8. VIEIRA, Elisabete. Enunciação e clínica dos distúrbios de linguagem: um estudo do que se fala da fala de uma criança. UFRGS (Dissertação de Mestrado), 2010. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/27141/000763226.pdf?sequence=1. Acesso em 25 set. 2016.
  9. FERRAZ, Gabriel. Heitor Villa-Lobos e o canto orfeônico: o nacionalismo na educação musical. In: MATEIRO, Tereza; ILARI, Beatriz (Org.). Pedagogias brasileiras em educação musical. Curitiba: InterSaberes. 2016.
  10. JARDIM, Vera Lúcia Gomes. Institucionalização da profissão docente – o professor de música e a educação pública. Revista da Abem, n.21, 2009. Disponível em: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_abem/ed21/revista21_completa.pdf. Acesso em 25 set. 2016.
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