Calendário Fixo Internacional – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Calendário Fixo internacional (também conhecido como plano Cotsworth, calendário Cotsworth e plano de Eastman) é uma proposta de revisão do calendário solar desenvolvida por Moses B. Costworth e apresentada em 1902. Ele divide o ano solar em 13 meses de 28 dias cada. É, portanto, um calendário perene, onde cada dia corresponde ao mesmo dia da semana em todos os anos. Embora não tenha sido adotado por nenhum país, o empreendedor George Eastman o adotou em sua empresa Eastman Kodak Company, onde foi utilizada de 1928 até 1989. É também chamado de calendário de 13 meses ou calendário de meses iguais, entretanto existem muitos outros designs de calendários em que essa descrição também se aplica.

Regras[editar | editar código-fonte]

O calendário anual tem 13 meses com 28 dias cada, dividido exatamente em 4 semanas (13 x 28 = 364). Um dia extra é adicionado como feriado no fim do ano (após 28 de dezembro, ou seja, o correspondente ao 31 de dezembro do calendário Gregoriano), às vezes chamado de "Dia de Ano", não pertence a nenhuma semana e completa os 365 dias. Os anos correspondem aos anos Gregorianos, de tal forma que o dia 1° de janeiro no calendário Costworth cai no dia 1° de janeiro Gregoriano. Os meses são ordenados e nomeados da mesma maneira que o calendário Gregoriano, com exceção do mês extra que é inserido entre junho e julho e é chamado Sol. Posicionado no meio do verão (do ponto de vista dos autores no hemisfério norte) e incluindo o solstício do meio do ano, o nome do novo mês foi escolhido em homenagem ao Sol.

Os anos bissextos no Calendário Fixo Internacional contém 366 dias e segue a mesma regra do calendário Gregoriano. Existe um ano bissexto em cada ano cujo número é divisível por 4, mas não nos anos que são divisíveis por 100, a menos que seja também divisível por 400. Então, embora o ano 2000 tenha sido um ano bissexto, os anos 1700, 1800 e 1900 foram anos comuns. O Calendário Fixo Internacional insere um dia extra nos anos bissextos como 29 de junho - entre 28 de junho (sábado) e 1° de Sol (domingo).

Todo mês começa no domingo e termina no sábado. Consequentemente, todo ano termina no domingo. O Dia de Ano e o dia bissexto não são considerados parte de nenhuma semana. Eles acontecem depois de um sábado e antes de um domingo.

Todos os meses possuem o seguinte formato:

Dias da semana Dia bissexto
em junho
em anos bissextos,
ou dia do ano
em dezembro
dom seg ter qua qui sex sab
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28 29

A tabela abaixo mostra como os 13 meses e dias extras do Calendário Fixo Internacional se comparam como as datas do calendário Gregoriano:

Calendário fixo
mês
Datas correspondentes no calendário gregoriano
Começa no dia 1 fixo Termina no dia 28 (ou 29) fixo
janeiro 1 de janeiro 28 de janeiro
fevereiro 29 de janeiro 25 de fevereiro
março 26 de fevereiro 25 de março*
abril 26 de março * 22 de abril *
maio 23 de abril * 20 de maio *
junho 21 de maio* 17 de junho *
18 de junho (dia bissexto)
sol 18 de junho 15 de julho
julho 16 de julho 12 de agosto
agosto 13 de agosto 9 de setembro
setembro 10 de setembro 7 de outubro
outubro 8 de outubro 4 de novembro
novembro 5 de novembro 2 de dezembro
dezembro 3 de dezembro 30 de dezembro
31 de dezembro (dia do ano)

*As datas gregorianas entre março e junho são um dia mais cedo no ano gregoriano bissexto. Março no calendário Fixo Internacional tem sempre um número de dias fixo (28) e inclui o dia 29 de fevereiro gregoriano (nos anos gregorianos bissextos)

História[editar | editar código-fonte]

Os calendários lunisolares, com dias de semana fixos, existiam em muitas culturas antigas, com certos feriados caindo sempre nas mesmas datas do mês e dias da semana.

A ideia simples de um calendário perene de 13 meses tem surgido desde meados do século 18. As versões dessa ideia diferem principalmente em relação a como são dados nomes aos meses e em relação ao dia extra no ano bissexto.

O "calendário Georgiano" foi proposto em 1745 pelo Rev. Hugh Jones, um colonizador americano de Maryland com o apelido de Hirossa Ap-Iccim. O autor batizou o calendário e o décimo terceiro mês, em homenagem ao Rei George II da Grã-Bretanha. O 365º dia de cada ano deveria ser reservado para o Natal. O tratamento do ano bissexto variava da regra gregoriana, no entanto, e o ano começaria mais próximo do solstício de inverno. Em uma versão posterior do calendário, publicada em 1753, os 13 meses foram todos renomeados para santos cristãos.


Em 1849, o filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) propôs o Calendário Positivista de 13 meses, nomeando os meses: Moisés, Homero, Aristóteles, Arquimedes, César, São Paulo, Carlos Magno, Dante, Gutenberg, Shakespeare, Descartes, Frederic e Bichat. Os dias do ano foram igualmente dedicados aos "santos" na Religião Positivista da Humanidade. As semanas, meses e anos positivistas começam com segunda-feira em vez de domingo. Comte também redefiniu o número do ano, iniciando a era de seu calendário (ano 1) com o ano gregoriano de 1789. Para os dias extras do ano que não pertencem a nenhuma semana ou mês, Comte seguiu o padrão de Ap-Iccim (Jones), terminando cada ano com um festival no 365º dia, seguido por um dia de festa subseqüente ocorrendo apenas nos anos bissextos.


Se Moses Cotsworth conhecia os planos de 13 meses que precederam seu Calendário Internacional Fixo, ninguém sabe. Ele seguiu Ap-Iccim (Jones) ao designar o 365º dia do ano como Natal. Sua sugestão foi de que o último dia do ano deveria ser designado como domingo e, portanto, como o dia seguinte seria o dia de Ano Novo e também um domingo, ele o chamou de Domingo Duplo.[1] Como o objetivo de Cotsworth era um calendário simplificado e mais "racional" para negócios e indústria, ele tentou manter todos os recursos do calendário gregoriano consistentes com esse objetivo, como os nomes dos meses, a semana começando no domingo (ainda tradicionalmente usada nos EUA, mas incomum na maioria dos outros países e no padrão de semanas da ISO ( International Organization for Standardization ), começando suas semanas na segunda-feira) e na regra do ano bissexto gregoriano.

Para promover a reforma do calendário de Cotsworth, em 1923 foi fundada a Liga Internacional de Calendário Fixo, logo após o plano ser selecionado pela Liga das Nações como a melhor das 130 propostas de calendário apresentadas.[2] Sir Sandford Fleming, o inventor e maior patrocinador mundial da hora padrão, tornou-se o primeiro presidente da IFCL.[3] A Liga abriu escritórios em Londres e depois em Rochester, Nova York . George Eastman, da Eastman Kodak Company, tornou-se um defensor fervoroso da IFC e instituiu seu uso na Kodak. A Liga Internacional de Calendário Fixo cessou suas operações logo depois que o plano de calendário não conseguiu obter a aprovação final da Liga das Nações em 1937.[4]

Vantagens[editar | editar código-fonte]

As diversas vantagens do Calendário Fixo Internacional são relacionadas principalmente à sua organização.

  • A subdivisão do ano é bem regular e sistemática:
    • Cada mês tem exatamente 4 semanas (28 dias).
    • Todos os dias do mês caem no mesmo dia da semana em cada mês (por exemplo, o dia 17 sempre cai em uma terça-feira).
    • Cada ano tem exatamente 52 semanas divididas em 13 meses.
  • O calendário é o mesmo todos os anos (perene), ao contrário do calendário Gregoriano, que difere de ano para ano. Consequentemente, a programação é mais fácil para instituições e indústrias com ciclos de produção estendidos.
  • Feriados móveis comemorado no enésimo dia da semana de um mês, como o dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, seria capaz de ter uma data fixa, mantendo o seu dia de semana tradicional.
  • As comparações estatísticas por meses são mais precisas, visto que todos os meses contêm exatamente o mesmo número de dias úteis e fins de semana, da mesma forma para comparações por trimestres de 13 semanas.
  • Os defensores do Calendário Fixo Internacional argumentavam que treze divisões iguais do ano são superiores a doze divisões desiguais em termos de fluxo de caixa mensal na economia.[5]

Desvantagens[editar | editar código-fonte]

  • Embora cada quarto do ano tenha a mesma duração (13 semanas), treze é um número primo, colocando assim todas as atividades atualmente realizadas de forma bianual, trianual ou a cada quarto de ano desalinhado com os meses.
  • Alguns líderes judeus e cristãos se opuseram ao calendário, já que sua tradição de adoração a cada sete dias resultaria na mudança do dia da semana de adoração de um ano para o outro, ou oito dias se passando quando ocorre o Dia do Ano ou o Dia bissexto.[6]
  • O calendário está em desacordo com a ISO 8601 em relação ao primeiro dia da semana (domingo vs. segunda-feira), e muitas partes do mundo teriam que mudar o primeiro dia da semana.
  • Aniversários, datas comemorativas importantes e outros feriados precisariam ser recalculados como resultado de uma reforma do calendário e sempre seriam no mesmo dia da semana. Isso poderia ser problemático para feriados que cairiam em dias não úteis sob o novo sistema. Por exemplo, se um feriado for celebrado em 8 de janeiro, então, de acordo com o Calendário Fixo Internacional, esse feriado sempre cairia em um domingo, que já é um dia não útil, então férias compensatórias teriam que ser concedidas todos os anos em 9 de janeiro, o que basicamente mudaria a data do feriado. Isso seria especialmente significativo para quaisquer feriados ou eventos recorrentes que ocorressem nos dias 29, 30 ou 31 do mês (como o Halloween em 31 de outubro), onde uma nova data teria que ser determinada.
  • Uma grande quantidade de dados administrativos (e o software que os gerencia) teria que ser corrigida / ajustada para o novo sistema, potencialmente tendo que dar suporte tanto ao IFC quanto aos sistemas padrão de cronometragem local por um período de tempo.
  • As datas de vencimento dos alimentos teriam que ser convertidas para o novo calendário, e verificadas as datas para garantir que os alimentos são frescos pode se tornar mais difícil e mais confuso como resultado, nos primeiros anos após a troca.

Veja também[editar | editar código-fonte]

  • Reforma do calendário
  • Data da semana ISO
  • Calendário da semana bissexto
  • Calendário positivista
  • Calendário Mundial
  1. Cotsworth, The Rational Almanac, p. i.
  2. Duncan Steel, Marking Time: The Epic Quest to Invent the Perfect Calendar (New York: John Wiley & Sons, 2000), p. 309.
  3. Moses Bruine Cotsworth, Calendar Reform (London: The International Fixed Calendar League, 1927), Preface.
  4. See Journal of Calendar Reform vol. 16, no. 4 (1944): 165-66
  5. See Frank Parker Stockbridge, "New Calendar by 1933-Eastman," Popular Science Monthly (June 1929): 32, 131-33; and George Eastman, "The Importance of Calendar Reform to the World of Business," Nation's Business (May 1926): p. 42, 46.
  6. Benjamin J. Elton (24 de fevereiro de 2012). «Calendar Reform and Joseph Herman Hertz». Jewish Telegraphic Agency. Consultado em 4 de outubro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]