Caio Júlio Cornuto Tértulo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Caio Júlio Cornuto Tértulo
Cônsul do Império Romano
Consulado 100 d.C.

Caio Júlio Cornuto Tértulo (em latim: Gaius Julius Cornutus Tertullus) foi um senador romano da gente Júlia nomeado cônsul sufecto para o nundínio de setembro a outubro de 100 com seu amigo Caio Plínio Cecílio Segundo, mais conhecido como Plínio, o Jovem. Autores mais antigos notam que a inscrição que preservou seu nome completo[1] está danificada no meio da linha relevante. O trecho do nome foi inferido a partir do nome de seu filho, Caio Júlio Plâncio Vário Cornuto, e seria Caio Júlio Plâncio Vário Cornuto Tértulo (em latim: Gaius Julius Plancius Varius Cornutus Tertullus).

Família[editar | editar código-fonte]

Com base na reconstrução de seu nome, é possível que Tértulo seja de alguma forma aparentado de Marco Plâncio Varo, um cidadão de Perga que foi governador proconsular da Bitínia e Ponto[2]. Além disto, pelo menos uma autoridade acredita que Tértulo foi o pai de Júlia Tértula[3]. Porém, ela se casou com Lúcio Júlio Marino Cecílio Simplex, cônsul sufecto em 101, o que indica que ou ela se casou muito jovem ou o melhor seria considerá-la uma irmã de Tértulo. Além disto, Olli Salomies citam uma inscrição ainda não publicada que prova que a esposa de Cornuto era Plância Magna e apresenta o nome completo do filho deles[4].

Carreira[editar | editar código-fonte]

Sua carreira política pode ser reconstituída a partir de uma inscrição[1]. Não se sabe em qual comitê dos vigintiviri ele serviu e é possível que ele nem tenha servido em um na sua carreira. Em seguida, Tértulo foi questor, edil e demais magistraturas tradicionais republicanas antes de ser admitido como ex-pretor no Senado (adlectio inter pretoris) por Vespasiano e Tito durante o mandato deles como censores em 73 e 74. Com nível pretoriano, Tértulo foi legado do governador de Creta e Cirenaica e depois governador da Gália Narbonense. A data destes mandatos é desconhecida, mas Werner Eck data-os nos reinados de Vespasiano ou Domiciano[5].

Depois disto, segue-se um intervalo de vinte anos. É possível que ele tenha servido rapidamente nos dois cargos já mencionados no reinado de Vespasiano, que morreu em 79. O próximo cargo conhecido de Tértulo foi de prefeito do erário de Saturno entre 98 e 100, servindo com Plínio, o Jovem[6]. Este intervalo abrange todo o reinado de Domiciano, o que nos levaria a inferir que ele tivesse caído em desgraça perante o imperador, mas o próprio Plínio explica: em seu panegírico a Trajano, ele nota que Tértulo se recusou a se promover para o imperador e recusou todos os cargos que lhe foram oferecidos[7].

Depois que Trajano o nomeou para o erário de Saturno, Tértulo foi nomeado cônsul sufecto com Plínio. Depois disto, as cartas de Plínio revelam que ele esteve ativo no Senado, participando do julgamento de Mário Prisco, acusado de más condutas durante seu mandato como procônsul da África[8], e defendendo Publício Certo quando o próprio Plínio tentou processá-lo por ter sido um delator na época de Domiciano[9]. Ele foi depois nomeado superintendente da Via Emilia, uma conquista que Plínio relata a seu amigo Paterno no momento que ele ocorreu[10]. Depois disto, ele recebeu o encargo de conduzir um censo na Gália Aquitânia e foi nomeado Bitínia e Ponto entre 112 e 115[11]. O ápice de sua carreira foi a nomeação como procônsul da Ásia entre 116 e 117[12].

A data de sua morte é desconhecida. Se assumirmos que Tértulo tinha por volta de trinta anos quando foi admitido no Senado como pretor (a idade legal para esta magistratura) em 73 ou 74, quando acabou seu mandato na Ásia ele já teria mais de setenta anos. Portanto, é provável que ele tenha morrido não muito depois.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Aulo Cornélio Palma Frontoniano

com Quinto Sósio Senécio
com Públio Sulpício Lucrécio Barba (suf.)
com Senécio Mêmio Áfer (suf.)
com Quinto Fábio Bárbaro Valério Magno Juliano (suf.)
com Aulo Cecílio Faustino (suf.)
com Tibério Júlio Ferox (suf.)

Trajano III
100

com Sexto Júlio Frontino III
com Lúcio Júlio Urso III (suf.)
com Marco Márcio Mácer (suf.)
com Caio Cílnio Próculo (suf.)
com Lúcio Herênio Saturnino (suf.)
com Pompônio Mamiliano (suf.)
com Quinto Acúcio Nerva (suf.)
com Lúcio Fábio Tusco (suf.)
com Caio Júlio Cornuto Tértulo (suf.)
com Caio Plínio Cecílio Segundo (suf.)
com Lúcio Róscio Eliano Mécio Céler (suf.)
com Tibério Cláudio Sacerdos Juliano (suf.)

Sucedido por:
Trajano IV

com Quinto Articuleio Peto II
com Sexto Ácio Suburano Emiliano (suf.)
com Caio Sertório Broco Quinto Serveu Inocente (suf.)
com Marco Mécio Céler (suf.)
com Lúcio Arrúncio Estela (suf.)
com Lúcio Júlio Marino Cecílio Simplex (suf.)


Referências

  1. a b CIL XIV, 2925
  2. Shelagh Jameson, "Cornutus Tertullus and the Plancii of Perge", Journal of Roman Studies, 55 (1965), pp. 54-58
  3. Brian W. Jones, The Emperor Domitian (London: Routledge, 1992), p. 176
  4. Olli Salomies, Adoptive and polyonymous nomenclature in the Roman Empire, (Helsinski: Societas Scientiarum Fenica, 1992), pp. 65f
  5. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron 13 (1983), p. 200)
  6. Mireille Corbier, L'aerarium saturni et l'aerarium militare; Administration et prosopographie sénatoriale, Publications de l'École française de Rome, 24 (Rome: École Française de Rome, 1974), pp. 119-131
  7. Plínio, o Jovem, Panegírico 90,6
  8. Plínio, o Jovem, Epístolas II.11.19, 12.2f
  9. Plínio, o Jovem, Epístolas IX.13.15
  10. Plínio, o Jovem, Epístolas IV.14
  11. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten", Chiron, 12 (1982), pp. 353-358
  12. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten", (1982), pp. 361f