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Como ler uma infocaixa de taxonomiaJararaca
Bothrops alternatus
Bothrops alternatus
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Família: Viperidae
Género: Bothrops
Espécies
Ver texto.
Sinónimos
  • Bothriopsis Peters, 1861
  • Bothropoides Fenwick, Gutberlet, Evans & Parkinson, 2009
  • Rhinocerophis Garman, 1881

Bothrops é um gênero de serpentes da família Viperidae. Popularmente, as espécies são denominadas de jararacas, cotiaras e urutus. São serpentes peçonhentas, encontradas nas Américas Central e do Sul, sendo importantes causadoras de acidentes com animais peçonhentos no Brasil e nos outros países onde se distribuem, com altas taxas de morbidade e mortalidade.[1] As diferentes espécies apresentam grande variabilidade, principalmente nos padrões de coloração e tamanho, ação da peçonha, dentre outras características. Atualmente, 47 espécies são reconhecidas, mas é consenso dentre os pesquisadores que a taxonomia e sistemática deste grupo está mal resolvida, de modo que novas espécies têm sido descritas, algumas sinonimizadas e entre outros.[2][3]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Jararaca" origina-se do termo tupi yara'raka[4].

Descrição[editar | editar código-fonte]

Essas serpentes apresentam grande variação em tamanho, as menores espécies não ultrapassando setenta centímetros e as maiores atingindo cerca de dois metros de comprimento.[2]

O arranjo das escamas no topo da cabeça é extremamente variável; o número de escamas interorbitais pode variar de três a catorze. Usualmente, estão presentes entre sete e nove escamas supralabiais e entre nove e onze sublabiais. Existem entre 21-29 escamas dorsais, 139-240 ventrais e 30-86 subcaudais, que são, geralmente, divididas. Variações nos números de escamas dentro da mesma espécie são muito frequentes.[2]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

As espécies desse gênero são encontradas do nordeste do México à Argentina. Ocorrem nas ilhas de Santa Lúcia e Martinica nas Antilhas, assim como nas pequenas ilhas da Queimada Grande, Alcatrazes e Vitória, no litoral do estado de São Paulo, no Brasil.

Comportamento[editar | editar código-fonte]

A maioria das espécies é noturna, embora haja algumas diurnas nas altas altitudes. A maior parte das espécies é terrestre, mas não é incomum encontrar algumas espécies em arbustos e árvores pequenas, especialmente os indivíduos mais jovens. Uma espécie em particular, a Bothrops insularis, a jararaca-ilhoa da Ilha da Queimada Grande, parece ser frequentemente encontradas em árvores a maior parte do tempo.

Peçonha e epidemiologia dos acidentes ofídicos[editar | editar código-fonte]

As espécies deste gênero são as maiores responsáveis por acidentes ofídicos nas Américas, assim como por mortalidade. Quanto a isto, as espécies mais importantes são B. asper (Peru, Colômbia e Venezuela), B. atrox (Amazônia Brasileira) e B. jararaca (centro-sul do Brasil). Sem tratamento, a taxa de mortalidade é estimada em sete por cento, mas, com uso de soro antiofídico e tratamentos de suporte, esta taxa é reduzida para entre 0,5 e três por cento. O veneno deste gênero apresenta forma ação proteolítica, tipicamente provocando necrose e inchaço que pode comprometer o membro atingido, tontura, náusea, vômitos entre outros sintomas. Em geral, a morte resulta da hipotensão provocada pela hipovolemia, falência renal e hemorragia intracraniana. Complicações frequentes incluem comprometimento do membro e falência renal. A partir de estudos do farmacologista brasileiro Sérgio Henrique Ferreira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, com o veneno da Bothrops jararaca, foi desenvolvido o Captopril, um dos medicamentos mais utilizados para tratamento de hipertensão.

Nomenclatura e taxonomia[editar | editar código-fonte]

Bothrops erythromelas em cativeiro
Bothrops moojeni em cativeiro

O gênero foi descrito por Johann Georg Wagler em 1834.[5]

Estudos moleculares da década de 2000 demonstraram que o gênero Bothrops no sentido tradicional era parafilético, sendo subdividido em até cinco gêneros distintos: Bothrops, Bothriopsis, Bothrocophias, Bothropoides e Rhinocerophis.[6][7] Em 2010, um estudo rejeitou o uso de Rhinocerophis por falta de caracteres morfológicos exclusivos.[8] Em 2012, um novo estudo molecular mais abrangente demonstrou que o Bothrops sensu stricto continuava sendo parafilético e retificou o arranjo taxonômico mantendo o gênero Bothrocophias como distinto, e sinonimizando Rhinocerophis, Bothriopsis e Bothropoides com Bothrops.[9]

Espécies reconhecidas:

Referências

  1. McDiarmid RW, Campbell JA, Touré T. 1999. Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, vol. 1. Herpetologists' League. 511 pp. ISBN 1-893777-00-6 (series). ISBN 1-893777-01-4 (volume).
  2. a b c Campbell JA, Lamar WW. 2004. The Venomous Reptiles of the Western Hemisphere. Comstock Publishing Associates, Ithaca and London. 870 pp. 1500 plates. ISBN 0-8014-4141-2.
  3. «Bothrops» (em inglês). ITIS (www.itis.gov) 
  4. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.983
  5. Wagler, J. 1824: Serpentum Brasiliensium species novae, ou histoire naturelle des espèces nouvelles de serpens. In: Jean de Spix, Animalia nova sive species novae. Natrix bahiensis: 27, Monaco, Typis Franc. Seraph. Hübschmanni, vii + 75 pp.
  6. CASTOE, T.A.; PARKINSON, C.L. (2006). «Bayesian mixed models and the phylogeny of pitvipers (Viperidae: Serpentes)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 39: 91–110 
  7. FENWICK, A.M.; GUTBERLET, R.L.; EVANS, J.A.; PARKINSON, C.L. (2009). «Morphological and molecular evidence for phylogeny and classification of South American pitvipers, genera Bothrops, Bothriopsis, and Bothrocophias (Serpentes: Viperidae)». Zoological Journal of the Linnean Society. 156 (3): 617-640 
  8. CARRASCO, P.A.; LEYNAUD, G.C.; SCROCCHI, G.J. (2010). «Redescription of the southernmost snake species, Bothrops ammodytoides (Serpentes: Viperidae: Crota-linae)». Amphibia–Reptilia. 31: 323–338 
  9. CARRASCO, P.A.; MATTONI, C.I.; LEYNAUD, G.C.; SCROCCHI, G.J. (2012). «Morphology, Phylogeny and taxonomy of South American bothropoid pitvipers (Serpentes, Viperidae)». Zoologica Scripta. 41: 1–15 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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