Biblioteca digital – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Biblioteca digital (também conhecida como biblioteca online, biblioteca eletrónica ou mediateca[1][2]) é uma biblioteca constituída por documentos primários, que são digitalizados quer sob a forma material (disquetes, CD-ROM, DVD), quer em linha através da Internet, permitindo o acesso à distância. Este conceito inclui também a ideia de organização composta por serviços e recursos, cujo objetivo é selecionar, organizar e distribuir a informação, conservando a integridade dos documentos digitalizados.

Segundo Leiner (1988), "Uma biblioteca digital é a colecção de serviços e de objectos de informação, com organização, estrutura e apresentação que suportam o relacionamento dos utilizadores com os objectos de informação, disponíveis directa ou indirectamente via meio electrónico/digital."

O conceito guarda similaridade com o de biblioteca virtual, enquanto uma biblioteca virtual pode não existir fisicamente e constituir-se como um serviço de acesso a outras bibliotecas, que podem disponibilizar material que não esteja digitalizado (como livros ou documentos antigos), a biblioteca digital existe fisicamente, e disponibiliza um acervo de documentos totalmente digitalizados.

História[editar | editar código-fonte]

O desenvolvimento das bibliotecas digitais está intimamente relacionado com a evolução da tecnologia e do modo de tratamento e transmissão de dados. Desde a invenção do telefone por Graham Bell (1876), passando pela criação do primeiro computador pela ENIAC (1946), até à invenção da web por Tim Berners-Lee (1991).

Antes, em 1971, Michael Hart, no momento em que a rede se limitava apenas a 23 computadores, criou a Biblioteca de Alexandria em formato digital (Projeto Gutenberg), cujo primeiro trabalho se baseou na Declaração da Independência dos Estados Unidos. Esta iniciativa foi muito bem sucedida, dando origem à disponibilização de mais de 2 000 títulos em diferentes línguas.

As bibliotecas começaram por utilizar a tecnologia dos computadores para melhorar os seus serviços básicos como a catalogação e organização do acervo à sua guarda. Com a proliferação do acesso em linha, estas instituições passaram a poder ter bases de dados organizadas, dinamizando assim a informação disponível.

Na última década do século XX, o mundo da informação digital sofreu grandes transformações, tendo surgido inúmeros projectos que confluíram no que hoje denominamos de bibliotecas digitais, tal como acontece com as bibliotecas das universidades de Columbia e de Yale. Na verdade, hoje o digital deixou de ser um desafio para se transformar numa realidade.

Opiniões[editar | editar código-fonte]

Muitos autores com diferentes perspectivas falaram sobre a biblioteca digital como uma tecnologia muito importante à escola. O desenvolvimento das novas tecnologias, nas últimas décadas, vem afetando todos os setores da atividade humana, proporcionando maior agilidade de comunicação, reduzindo esforços nas rotinas diárias e ampliando as possibilidades de acesso à informação em todo mundo (Andrade, 1998). Isso inclui de alguma forma a biblioteca digital.

Na opinião de Marchiori (s\d), as modificações tecnológicas e as recentes concepções de gerenciamento de recursos de informação têm causado uma quebra no paradigma dos modelos tradicionais de bibliotecas. O conceito de biblioteca virtual se apresenta como uma alternativa para ampliar as condições de busca, disponibilidade e recuperação de informações de maneira globalizada, qualitativa, pertinente e racional, aliando o acesso local ao acesso remoto, com base nas redes de telecomunicação disponíveis. Tendo em conta que a escola é um lugar onde a informação é a matéria prima principal, Messina ( s\d) acredita que a biblioteca digital é sem dúvida o modelo ideal de recuperação e disseminação da informação, devido, principalmente, aos vários suportes capazes de recuperá-la e disseminá-la a todos os seus utilizadores, contudo todos os utilizadores devem estar habilitados com as capacidades necessárias sob pena de construirmos um fosso cada vez maior entre quem esta dentro ou fora de um sistema, seja por razões econômicas, geográficas ou culturais.

Para que a escola tenha o desenvolvimento desejado, é necessária a utilização de recursos que facilitem a integração e dinamização do processo de ensino-aprendizagem; e entre os recursos existentes, destacamos a biblioteca digital escolar, instrumento indispensável como apoio didático pedagógico e cultural. A biblioteca digital é vista como parte integrante dos serviços da biblioteca, tirando partido das novas tecnologias para proporcionar o acesso a coleções digitais. No seu conjunto, as bibliotecas digitais complementam os arquivos digitais e outras iniciativas de preservação de recursos de informação (IFLA/UNESCO Manifesto for Digital Libraries, 2011).

Acreditamos que a biblioteca digital na escola é uma tecnologia capaz de fazer a diferença no desenvolvimento do currículo e proporcionar um avanço no processo de ensino-aprendizagem da comunidade escolar. Cruz e Assis (2004) enfatizam a biblioteca digital no ensino à distância, apresentando a importância que ela tem para a instituição.

Temos referências de algumas escolas que tomaram a iniciativa de criar uma biblioteca digital que as sirvam de apoio didatico. Como e o caso da escola por criar

Vannevar Bush[editar | editar código-fonte]

O surgimento da biblioteca digital pode ser considerado como uma evolução natural da tradicional, em virtude do aumento do fluxo informacional que dificulta a atualização e a recuperação da informação.

Foi pensando em um meio para organizar a informação que Vannevar Bush teve a ideia inovadora de criar uma máquina para "automatizar a memória humana".[3]

Bush considerava que a mente humana trabalhava por associação, criando uma intrincada rede de vias interconectando as memórias e os dados nela armazenados. Portanto, sentiu que o melhor desenho para organizar mecanicamente a informação deveria incorporar a associação.

Em 1945, publicou um artigo na Atlantic Monthly com o título As We May Think. Neste artigo descreveu a máquina que denominou de Memex. Este, seria um aparelho onde se poderia guardar e abrir documentos utilizando o microfilme. Seria composto por um teclado, botões e alavancas de seleção, e armazenamento de microfilme. A informação guardada no microfilme poderia rapidamente ser aberta e exposta num ecrã. Esta máquina serviria como uma extensão da memória humana e das suas associações. Tal como a mente humana forma memórias através de associações, o utilizador do Memex seria capaz de fazer links entre documentos. Bush chamava a estes links "rastros associativos".

Apesar de Bush acreditar que esta máquina era a evolução da tecnologia da época, o Memex não foi criado.

Pode-se dizer que foi Bush o idealizador da criação de um mecanismo em que se recupera informações para o usuário. Porém, faleceu no dia 30 de junho de 1974, sem que sua invenção fosse colocada em prática - antes mesmo da Internet se tornar popular.

Entretanto suas ideias não ficaram no esquecimento, pois, depois de sua morte, outros deram continuidade aos pensamentos dele. Theodore Nelson, por exemplo, foi um dos que seguiram o raciocínio de Vannevar Bush e passou a ser conhecido, por alguns pesquisadores, como discípulo de Bush.

O hipertexto, o crescimento da Internet e, mais ainda, a concretização dos sonhos de Bush através do desenvolvimento destes recursos tecnológicos é que vão permitir ao leitor, à medida que lê, associar rapidamente àquilo que leu outros textos já lidos e de igual interesse, unindo a eles suas próprias observações, de forma a poder recuperar tudo isso mais tarde, como se fosse um novo texto por ele construído.

Os avanços dos recursos tecnológicos, favoreceram os meios que trabalham com informação, dentre eles a biblioteca tradicional, que para facilitar o acesso, implantou computadores e recursos da área de informática em todos os serviços como catalogação, empréstimo, devolução, etc. Esta modernização serviu de base para a criação da biblioteca digital.

Utilizadores[editar | editar código-fonte]

Tal como acontece com as bibliotecas tradicionais, os utilizadores das bibliotecas digitais dividem-se em três grandes grupos: investigadores, estudantes / professores e de leitura pública. As necessidades dos utilizadores neste contexto são preenchidas, essencialmente, através da utilização da Internet, acedendo ao sítio ou à página da biblioteca que apresenta informações sobre a própria biblioteca (serviços e colecções), podendo também consultar o catálogo bibliográfico em linha.

Vantagens[editar | editar código-fonte]

  • Conjuga a nova tecnologia informática com a milenar tecnologia da escrita, possibilitando o arquivo e a disponibilização do saber a todos os seus utilizadores;
  • Funciona 24 horas por dia e permite o acesso à distância;
  • Desenvolve-se a partir de contribuições individuais dos seus utilizadores;
  • Permite o acesso simultâneo de um número infinito de utilizadores;
  • Permite o acesso em linha a outras fontes de informação externas;
  • Comporta diferentes formatos de informação;
  • Os custos de aquisição são reduzidos;
  • Desempenha um papel importante na preservação dos documentos;
  • Facilitam o acesso a pessoas com deficiência.

Desvantagens[editar | editar código-fonte]

  • O excesso de informação cria redundância e perda de tempo;
  • Inexistência de infraestruturas necessárias;
  • Perigo relacionado com os Direitos Autorais;
  • A complexidade dos sistemas informáticos pode levar à info-exclusão.

Elementos das bibliotecas digitais[editar | editar código-fonte]

  • Dados bibliográficos (referentes a documentos em papel e electrónicos);
  • Metadados
  • Índices e ferramentas de pesquisa;
  • Colecções;
  • Documentos primários disponíveis sob diferentes formatos;
  • Imagens;
  • Periódicos em linha;
  • Informações úteis sobre a instituição e a comunidade.

Tipologia[editar | editar código-fonte]

Biblioteca Digital Mundial[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Biblioteca Digital Mundial

Em 2009, a UNESCO, em parceria com a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, lança a Biblioteca Digital Mundial.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Universidades Lusíada - Portal do Conhecimento». portaldoconhecimento.lis.ulusiada.pt. Consultado em 1 de agosto de 2022 
  2. S.A, Priberam Informática. «mediateca». Dicionário Priberam. Consultado em 1 de agosto de 2022 
  3. Buckland, Michael K. "Emanuel Goldberg, Electronic Document Retrieval, And Vannevar Bush's Memex". Journal of the American Society for Information Science 43, no. 4 (May 1992): 284-294

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliotecas digitais brasileiras[editar | editar código-fonte]

Bibliotecas digitais portuguesas[editar | editar código-fonte]

Bibliotecas digitais internacionais[editar | editar código-fonte]