Benazir Bhutto – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Muito Honorável
Benazir Bhutto
Benazir Bhutto
Bhutto em 1994.
11ª primeira-ministra do Paquistão
Período 2 de dezembro de 1988
até 6 de agosto de 1990
Antecessor(a) Muhammad Khan Junejo
Sucessor(a) Mustafa Jatoi
13ª primeira-ministra do Paquistão
Período 19 de outubro de 1993
até 5 de novembro de 1996
Antecessor(a) Moin Qureshi
Sucessor(a) Miraj Khalid Ghulam
Dados pessoais
Nascimento 21 de junho de 1953
Karachi, Paquistão
Morte 27 de dezembro de 2007 (54 anos)
Rawalpindi, Paquistão
Alma mater Universidade de Harvard
Universidade de Oxford
Cônjuge Asif Ali Zardari (c. 1987)
Filhos(as) 3
Partido Partido Popular
Religião muçulmana
Profissão advogada

Benazir Bhutto, no alfabeto urdu: بینظیر بھٹو, (Karachi, 21 de junho de 1953Rawalpindi, 27 de dezembro de 2007) foi uma política paquistanesa, duas vezes primeira-ministra de seu país, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de governo de um país de maioria muçulmana.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Benazir Bhutto nasceu em Karachi, província do Paquistão em 21 de junho de 1953, filha mais velha do primeiro-ministro do Paquistão Zulfikar Ali Bhutto. Além de seu pai ser o primeiro-ministro, a sua família foi sempre muito tradicional na política paquistanesa.

Foi educada em Harvard e em Oxford, no Reino Unido, onde estudou Ciências Políticas e Filosofia, tendo se formado em 1976. No outono de 1976, Benazir voltou mais uma vez a Oxford para fazer um curso de pós-graduação de um ano. Em janeiro de 1977, ela foi eleita a presidente da União de Oxford. Benazir Bhutto regressou ao Paquistão em junho de 1977. Ela queria entrar para o Serviço de Relações Exteriores, mas seu pai queria que ela disputasse a eleição da Assembleia. Como ela ainda não tinha idade para isso, ela assistiu seu pai como conselheira. Quando o general Muhammad Zia Ul-Haq aplicou um golpe de Estado e depôs seu pai, executado em 1979, Benazir assumiu, ao lado da mãe, a liderança do Partido Popular do Paquistão (PPP).

Exílio[editar | editar código-fonte]

Bhutto foi presa e, depois de libertada, em 1984, seguiu para o exílio no Reino Unido, onde permaneceu até o fim da lei marcial no Paquistão e a legalização dos partidos políticos, ocorridos em 1986. Em 10 de abril desse ano, Benazir retornou do exílio em Londres para liderar o PPP

Em 1 de dezembro de 1988, seu partido venceu as eleições parlamentares e ela se tornou a primeira premiê de um Estado muçulmano. Dois anos depois, em 6 de agosto, o presidente paquistanês Ghulam Ishaq Khan destituiu-a do cargo, alegando abuso de poder, nepotismo e corrupção. Seu partido foi derrotado nas eleições e ela passou a fazer oposição no parlamento.

Benazir Bhutto, em 1988

Em 19 de outubro de 1993, tornou-se primeira-ministra pela segunda vez. Mas em 5 de novembro de 1996, foi novamente destituída do cargo, desta vez pelo presidente Farooq Leghari, sob acusações de corrupção e improbidade administrativa, e pela morte extrajudicial de detentos. Em 1999, após a tomada do poder por militares liderados por Pervez Musharraf, Bhutto se auto-exilou em Londres e Dubai escapando a processos que corriam na justiça paquistanesa por corrupção. A justiça paquistanesa julgou-a culpada das acusações de desvio de dinheiro e lavagem de dinheiro em 2004.[2] Também teve problemas com a justiça na Suíça, por suspeita de ter recebido propina no valor de 11,7 milhões de dólares das empresas suíças Société Générale de Surveillance (SGS) e Cotecna Inspection SA, participantes de concorrências públicas[3] para contratos de inspeção de mercadorias nas alfândegas paquistanesas.[4]

Amnistia[editar | editar código-fonte]

Em 5 de outubro de 2007, Musharraf concedeu-lhe amnistia, abrindo caminho para um acordo com a líder do PPP.[5]

Após oito anos de auto-exílio, Benazir Bhutto voltou ao Paquistão. Desembarcou em Karachi em 18 de outubro de 2007, sendo recebida por mais de cem mil pessoas.[6] Ao desfilar com seus correligionários pela capital paquistanesa, duas explosões ocorreram em meio à multidão, perto dos carros da sua comitiva, matando ao menos 140 pessoas e ferindo mais de 200. A ex-primeira ministra, entretanto, não foi atingida.[7]

Bhutto chegou a ser mantida em prisão domiciliar temporariamente em uma casa na cidade de Lahore, ficando impedida de liderar uma marcha contra o estado de emergência decretado por Musharraf em 3 de novembro.[8] Foi libertada seis dias depois, em 9 de novembro.[9]

Desde seu retorno ao Paquistão, Benazir Bhutto pediu a renúncia do general Pervez Musharraf da presidência do Paquistão, mesmo este sugerindo à líder oposicionista o cargo de primeira-ministra.[10]

O assassinato[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Assassinato de Benazir Bhutto

Benazir Bhutto foi morta no dia 27 de dezembro de 2007, durante um atentado suicida em Rawalpindi, cidade próxima a Islamabad, quando retornava de um comício no Parque Liaquat (Liaquat Bagh).[11] O parque é assim chamado em homenagem ao primeiro-ministro paquistanês Liaquat Ali Khan, também assassinado no local, em 1951.

O ataque ocorreu enquanto o carro da ex-primeira-ministra trafegava, seguido por simpatizantes, e Benazir acenava para a multidão, pelo teto solar do veículo.[12] Bhutto foi alvejada no pescoço e no peito, possivelmente por um homem bomba que, em seguida, se explodiu próximo ao veículo, provocando a morte de cerca de 20 pessoas.[13][14][15] Um dirigente da Al-Qaeda no Afeganistão reivindicou a responsabilidade pelo ato.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Benazir foi primeira mulher a governar um país muçulmano». G1. 27 de dezembro de 2007. Consultado em 12 de dezembro de 2019 
  2. Justiça contraria de novo o presidente paquistanês quanto à anistia de Bhutto - UOL Notícias, 12 de outubro de 2007
  3. Problema suíço na governança paquistanesa
  4. Suíça: Benazir Bhutto enfrenta Justiça
  5. Musharraf anistia ex-premiê na véspera das eleições - O Estado de S.Paulo, 5 de outubro de 2007
  6. Ex-premiê é recebida por 200 mil em retorno ao Paquistão - BBC Brasil, 18 de outubro de 2007
  7. Bombas matam mais de 120 na volta de ex-premiê ao Paquistão - BBC Brasil, 18 de outubro de 2007
  8. ↑ Musharraf declara estado de exceção no Paquistão - BBC Brasil, 3 de novembro de 2007
  9. Prisão domiciliar de Bhutto é suspensa no Paquistão - BBC Brasil, 9 de novembro de 2007
  10. Bhutto descarta aliança e pede renúncia de Musharraf - BBC Brasil, 13 de novembro de 2007
  11. Vídeo Bhutto entrando em um veículo após o comício, momentos antes do ataque. (em inglês)
  12. Vídeo Última imagem de Bhutto, antes do atentado. (em inglês)
  13. Benazir Bhutto morre em atentado no Paquistão - G1, 27 de dezembro de 2007
  14. Explosão 'mata ex-premiê do Paquistão Benazir Bhutto' - BBC Brasil, 27 de dezembro de 2007
  15. Benazir Bhutto morre em atentado suicida no Paquistão - O Estado de S.Paulo, 27 de dezembro de 2007
  16. Al-Qaeda assume assassinato de Bhutto, diz agência - O Estado de S.Paulo, 28 de dezembro de 2007

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Benazir Bhutto, (1983), Pakistan: The gathering storm, Vikas Pub. House, ISBN 0-7069-2495-9
  • Benazir Bhutto, (1988), Hija de Oriente, (Spanish language) Seix Barral, ISBN 84-322-4633-6
  • Benazir Bhutto (1989). Daughter of the East. Hamish Hamilton. ISBN 0-241-12398-4.
  • Benazir Bhutto (1989). Daughter of Destiny: An Autobiography. Simon & Schuster. ISBN 0-671-66983-4.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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