Batalha de Nicópolis (48 a.C.) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Batalha de Nicópolis | |||
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Segunda Guerra Civil da República de Roma | |||
Data | dezembro de 48 a.C. | ||
Local | Nicópolis do Ponto, Ponto | ||
Coordenadas | |||
Desfecho | Vitória do Reino do Bósforo | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Localização de Nicópolis no que é hoje a Turquia | |||
A Batalha de Nicópolis foi travada entre as forças do rei Fárnaces II do Bósforo, filho de Mitrídates VI do Ponto, e o governador cesariano da província romana da Ásia, Cneu Domício Calvino, que terminou derrotado.
Contexto[editar | editar código-fonte]
Depois de sua vitória sobre os pompeianos na Batalha de Farsalos no meio do ano de 48 a.C., Júlio César saiu em perseguição ao seu grande adversário, Pompeu Magno, até o Helesponto e o Egito[2]. Para comandar a Ásia, César deixou um de seus oficiais, Cneu Domício Calvino, à frente de três legiões[3]. Com a guerra ainda em andamento em Roma, César ordenou que Calvino lhe enviasse a maior parte de suas forças — duas legiões — para o Egito[4]. Fárnaces II, do Reino do Bósforo, percebeu a oportunidade de recuperar os territórios perdidos por seu paiErro de citação: Parâmetro inválido na etiqueta <ref>
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Diante do perigo, os reis Deiótaro, do Reino da Galácia, e Ariobarzanes III da Capadócia pediram ajuda a Calvino, que enviou emissários exigindo a retirada das forças de Fárnaces II dos territórios invadidos. Naquele momento, Calvino contava apenas com a Legio XXXVI e teve que contar com outras duas legiões recém-alistadas por Deiótaro, 100 cavaleiros gálatas e outros tantos capadócios. Calvino ordenou que seus oficiais buscassem forças auxiliares na Cilícia e que o pretor Pletório, governador do Ponto, viesse com mais uma legião recém-alistada em sua província. Todas estas unidades se reuniram em Comana antes do início da campanha contra Fárnaces II[5].
Os emissários voltaram com a informação de que Fárnaces havia abandonado a Capadócia, mas ainda continuava na Armênia, reclamando o território como herança de seu pai[6]. Calvino desejava a guerra para colher os louros de uma vitória[5] e avançou com suas três legiões sem esperar uma possível chegada de César, assumindo uma posição a partir da qual poderia ser facilmente suprido a partir da Capadócia[6].
Batalha[editar | editar código-fonte]
Fárnaces II tentou ganhar tempo com tentativas de paz diplomáticas[7], mas, quando percebeu que não teria sucesso, se retirou para as imediações de Nicópolis, na Armênia Parva, instalando-se numa planície flanqueada por montanhas dos dois lados[8]. Para chegar até o local, Calvino teria que atravessar um passo estreito onde Fárnaces havia disposto seus melhores soldados e quase toda sua cavalaria com a missão de emboscar o exército romano[8]. Fárnaces II também ordenou que os habitantes locais mantivessem o trânsito normal pelo passo para manter a aparência de normalidade.
Domício desconfiou e não caiu na armadilha, obrigando Fárnaces a retirar suas tropas novamente. No dia seguinte, Domício acampou em frente da cidade e começou a fortificar seu acampamento, obrigado Fárnaces a deixar a planície com suas forças dispostas em linha com três corpos de reserva fazendo as vezes dos flancos. Calvino respondeu terminando sua fortificação e dispondo suas forças em trincheiras defensivas[9] por entender que era impossível recuar em segurança[10]. Fárnaces decidiu então construir sua própria linha dupla de trincheiras, dispôs sua cavalaria nos flancos e esperou pela retirada de Calvino[10]. Este, por sua vez, decidiu forçar a batalha dispondo a Legio XXXVI na ala direita, a legião pôntica na esquerda e as legiões gálatas no centro, deixando apenas algumas coortes na reserva[11].
As duas forças iniciaram o combate e a XXXVI pôs em fuga a cavalaria de Fárnaces, obrigando-a a retroceder contra a muralha e as trincheiras que protegiam seu próprio acampamento. A segunda linha romana tentava circundar o fosso que defendia as posições inimigas para atacá-las pelos flancos, mas a legião pôntica cedeu e a gálata também. Fárnaces havia conseguido por em fuga o flanco direito e o centro do exército de Calvino e iniciava um movimento para cercar a legião romana. Calvino não teve escolha senão ordenar uma retirada para uma colina próxima, a partir de onde partiu para a Síria atravessando a Capadócia com que restou de seu exército[12].
Consequências[editar | editar código-fonte]
As tropas romanas e pônticas foram massacradas, incluindo muitos nobres asiáticos e quase toda a cavalaria[12]. Depois desta vitória, Fárnaces utilizou todas as suas forças para ocupar o Ponto sem encontrar resistência[13][14]. Somente depois da vitória na Batalha de Zela, em 47 a.C., os romanos conseguiram reverter a situação[14]. Calvino continuou contando com a confiança de César e chegou a perseguir Fárnaces II com sua cavalaria na Batalha de Zela. Ele depois lutaria na campanha africana de César no final da guerra civil[15].
Referências
- ↑ a b Brice (2014), pp. 38.
- ↑ Sheppard, 2009: 84-85
- ↑ Sheppard, 2009: 23, 84
- ↑ Sheppard, 2009: 85
- ↑ a b Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 34
- ↑ a b Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 35.
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 36-37.
- ↑ a b Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 36.
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 37.
- ↑ a b Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 38.
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 39.
- ↑ a b Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 40.
- ↑ Aulo Hírcio, De Bello Alexandrino, cap. 41.
- ↑ a b Sheppard, 2009: 87
- ↑ Sheppard, 2009: 23
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Aulo Hírcio (1982). Muniáin, José Goya; Balbuena, Manuel, eds. Julio César. La guerra civil. De Bello Alexandrino (em espanhol). Barcelona: Ediciones Orbis
- Brice, Lee L. (2014). Warfare in the Roman Republic: From the Etruscan Wars to the Battle of Actium (em inglês). Santa Bárbara: ABC-CLIO. ISBN 9781610692991
- Sheppard, Si (2009) [2006]. Ros, Eloy Carbó, ed. César contra Pompeyo. Farsalia (em inglês). Barcelona: Osprey Publishing