Bacuri – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Bacuri

Bacuri é uma das frutas mais populares da Região Norte do Brasil e dos estados vizinhos à Região Amazônica, sendo muito encontrado no Bioma do Cerrado e em algumas áreas da Mata dos cocais do Maranhão, Piauí e no Pará, mais específico na região de Salinas. (Inclusive é um dos símbolos da cidade de Teresina).

A fruta mede cerca de 10 cm e apresenta uma casca dura e resinosa, com polpa branca, de aroma agradável e sabor intenso.

O bacuri é o fruto do bacurizeiro, uma árvore frutífera pertencente à família Clusiaceae. Os frutos dessa família são amplamente apreciados nas regiões norte e nordeste por apresentarem aromas e sabores bastante agradáveis. Além disso, trata-se de uma espécie perenifólia, heliófita e higrófita.[1]

O bacurizeiro possui duas espécies conhecidas:

  • Scheelea phalerata, Arecaceae, também chamado acuri, aricuri ou ouricuru.
  • Platonia insignis, Clusiaceae, também chamado landirana. Este fruto é utilizado na fabricação de doces, sorvetes, polpa e seu látex tem uso medicinal. É um fruto imaturo de cor verde, do tipo baga, globoso.
  • Rico em vitaminas B1 e B3

O bacuri apresenta alto aproveitamento e empregabilidades variadas, pois polpa, casca, sementes e bagaço podem ser utilizados e mostram importantes fatores nutricionais. A polpa, constituindo 15% do peso do fruto, pode ser incorporada, por exemplo, a doces, sucos, sorvetes e licores. Em seus componentes nutricionais, possuem os seguintes antioxidantes: vitaminas C e E (ácido ascórbico e tocoferóis, respectivamente), flavonoides, antocianinas e polifenois. Os sacarídeos (glicose, frutose e sacarose) e minerais (Na, K, Ca, Mg, P, Fe, Zn e Cu) são variados.

A composição nutricional da polpa do fruto é apresentada na tabela a seguir[2]:

Composição Conteúdo Composição Conteúdo
Calorias (cal) 105,0 Vitamina B1 e B2 (mg) 0,04
Proteínas (g) 1,90 Ácido ascórbico (mg) 33,00
Lipídeos (g) 2,00 Niacina (mg) 0,50
Fibra (g) 7,40 Lisina (mg) 316,00
Cálcio (mg) 20,00 Metionina (mg) 178,00
Fósforo (mg) 36,00 Treonina (mg) 219,00
Ferro (mg) 2,20 Triptofano (mg) 57,00
Tabela 1 - Composição nutricional do bacuri tomando por base uma porção de 100g de polpa.

Fonte: Morton (1987)

Quanto à casca, bagaço e sementes, possuem macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) e reduzido valor energético – aproximadamente 74kcal/100g[3]- características que podem tornar os resíduos do bacuri um interessante produto para a indústria alimentícia. Além disso, compostos antioxidantes e cicatrizantes/anti-inflamatórios, no caso das sementes.

A casca, respondendo por 71% do fruto, em razão do seu sabor amargo, dificilmente pode ser usada para doces ou compotas. Porém, é uma boa opção para a formação de géis, por possuir elevado teor de pectina em sua constituição, resultando também em altos níveis de fibras dietéticas solúveis, que auxiliam na redução de colesterol, lipoproteínas, sais biliares e glicose.

A semente pode ter sua gordura extraída, sendo composta majoritariamente pelo ácido palmítico (saturado), representando 63%, seguido do ácido oleico(monoinsaturado), integrando aproximadamente 26% da composição lipídica.[4] Devido a esta natureza com alto teor de lipídeos saturados, é possível emprega-los na produção de sabões, cosméticos, detergentes e biocombustíveis.

Óleo e manteiga de bacuri[editar | editar código-fonte]

As aplicações fitoterápicas desse óleo são popularmente difundidas no Marajó como um remédio eficaz contra picadas de aranhas, de cobras, e no tratamento de problemas de pele e contra dor de ouvido, além de ser considerado um remédio miraculoso contra reumatismos e artrites.[5]

A manteiga de bacuri dá um tom dourado à pele em poucos minutos após sua aplicação; sendo absorvida, a pele adquire um toque aveludado, além de tirar manchas e diminuir cicatrizes.[5]

Manteiga de Bacuri
Dados físico-químicos do óleo de bacuri [6]
Densidade específica 0,896 (40ºC)
Índice de refração (40ºC) 1,4570
Índice de saponificação 205,1000
Índice de iodo 47,0000
Composição ácido graxos do óleo de bacuri Porcentagem[7]
Ácido palmitico 44,2%
Palmitoleico 13,2%
Esteárico 2,3%
Oléico 37,8%
Linoléico 2,5%

Lista de referências[editar | editar código-fonte]

  1. HOMMA, A.K.O. et al. Bacuri: fruta amazônica em ascensão. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 46, n. 271, p. 39-45, jun. 2010. Disponível em:<https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/872367/bacuri-fruta-amazonica-em-ascensao> Acesso em: 19 jun 2023.
  2. MIRANDA, J.L.G. et al. Desenvolvimento da pesquisa científica, tecnologia e inovação na agronomia. Ponta Grossa: Atena Editora, 2022. Disponível em:<https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/post/extrativismo-e-comercializacao-do-bacuri-nos-estados-do-maranhao-e-piaui> Acesso em: 28 junho 2023
  3. SOUSA, M.S.B. et al. Caracterização nutricional e compostos antioxidantes em resíduos de polpas de frutas tropicais. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 3, p.554–559, 2011. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/S1413-70542011000300017> Acesso em: 18 jun 2023
  4. SERRA, J.L. et al. Alternative sources of oils and fats from Amazonian plants: Fatty acids, methyl tocols, total carotenoids and chemical composition. Food research international, Ottawa, v. 116, p. 12–19, 2019. Disponível em:<https://doi.org/10.1016/j.foodres.2018.12.028> Acesso em: 19 jun 2023
  5. a b MANTEIGA BACURI – BACURI. http://www.amazonoil.com.br/produtos/manteigas/bacuri.htm
  6. MORAIS, Luiz Roberto Barbosa. Produção de óleo de duas espécies amazônicas por prensagem: bacuri platonia insignis (mart.) e pracachy pentaclethra macroloba (willd). –Belém: Universidade Federal do Pará, 2005.
  7. Vanessa Fernandes de Araújo, Andrea Camila Petry, Rosângela Martinez Echeverria, Eric Costa Fernandes e Floriano Pastore Jr. Plantas da Amazônia para Produção Cosmética. Brasília, junho, 2007.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Lorenzi, H.; Bacher, L.; Lacerda, M. e Sartori, S.: Frutas brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura). Instituto Plantarum, 2834.