Bacúrio, o Ibério – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bacúrio (em georgiano: ბაკურ იბერიელი; em latim: Bacurius) foi um oficial romano de origem ibera do século IV, ativo durante o reinado dos imperadores Valente (r. 364–378) e Graciano (r. 367–383), Valentiniano II (r. 375–392) e Teodósio I (r. 378–395).

Vida[editar | editar código-fonte]

Bacúrio era membro da dinastia reinante do Reino da Ibéria. É aceito, mas não universalmente, que todos os autores clássicos que citam o indivíduo com esse nome estão a referir-se a mesma pessoa, um "rei" ou "príncipe" ibero que uniu-se às fileiras romanas. A opinião dos estudiosos se divide entre Bacúrio ser identificado com um dos reis homônimos (em georgiano: ბაკური) atestados nos anais georgianos medievais, o que faria-o refugiado nos territórios obtidos pelo Império Romano do Oriente durante as guerras romano-persas que foram travadas no Cáucaso.[1]

Amiano Marcelino, Tirânio Rufino e Zósimo relatam que Bacúrio foi "rei dos iberos", mas Gelásio de Cesareia não chama-o rei, mas somente descendente dos reis iberos. Bacúrio foi um tribuno dos sagitários (em latim: tribunus sagittariorum) na Batalha de Adrianópolis com os godos em 378 e então serviu como duque da Palestina (dux Palestinae) e conde dos domésticos até 394, quando tornou-se mestre dos soldados e comandou um contingente "bárbaro" na campanha do imperador Teodósio I (r. 378–395) contra o usurpador Eugênio (r. 392–394) e encontrou sua morte, segundo Zósimo, na batalha do rio Frígido. Segundo Sócrates Escolástico, Bacúrio também lutou na campanha de Teodósio contra Magno Máximo (r. 383–388).[2][3]

Todas as fontes contemporâneas são inequívocas em louvar as habilidades militares e coragem de Bacúrio. Rufino, a quem Bacúrio visitou várias vezes no monte das Oliveiras e serviu-o como fonte da conversão da Ibéria ao cristianismo, descreve o general como cristão pio, enquanto o retórico Libânio, com que Bacúrio se correspondeu, evidentemente considera-o pagão e louva-o como soldado e homem de cultura.[2][4] As antigas inscrições georgianas de Bir el Qutt mencionam-no.[5]

Referências

  1. Toumanoff 1969, p. 31–32.
  2. a b Martindale 1971, p. 144.
  3. Burns 1994, p. 106.
  4. Hunt 1982, p. 166.
  5. Khurtsilava 2016, p. 59.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Burns, Thomas S. (1994). Barbarians Within the Gates of Rome: A Study of Roman Military Policy and the Barbarians, Ca. 375-425 A.D. (em inglês). Bloomington, Indiana: Imprensa da Universidade de Indiana. ISBN 0253312884 
  • Hunt, E. D. (1982). Holy Land Pilgrimage in the Later Roman Empire AD 312-460. Oxônia: Clarendon. ISBN 0-19-826438-0 
  • Khurtsilava, Besik (2016). «The inscriptions of the Georgian Monastery in B'ir el-Qutt and their chronology». Christianity in the Midlle East (1): 129-151 
  • Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia 
  • Toumanoff, Cyril (1969). «Chronology of the Early Kings of Iberia». Traditio 25. 25