Autoridade – Wikipédia, a enciclopédia livre

Autoridade (do termo latino auctoritate) é um sinônimo de poder. É a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É uma espécie de poder continuado no tempo, estabilizado, podendo ser caracterizado como institucionalizado ou não, em que os subordinados prestam obediência ao indivíduo ou à instituição detentores da autoridade.[1]

Exemplos de Relações de Autoridade[editar | editar código-fonte]

O poder dos pais sobre os filhos na família, do mestre sobre os alunos na escola, o poder de um chefe de Igreja sobre os fiéis, o poder de um empresário sobre seus funcionários, o poder de um chefe militar sobre seus soldados, a autoridade fundada sobre a legitimidade democrática (eleição), a autoridade carismática de um chefe religioso (com a necessidade de ações extraordinárias para garantir que este possui a graça divina), são exemplos de relações de autoridade.

Formas de classificação[editar | editar código-fonte]

Segundo Norberto Bobbio[carece de fontes?], existem três formas de se classificar o poder da autoridade:

  • a forma coercitiva, onde a autoridade estabelece suas diretrizes baseadas na aplicação de sanções físicas;
  • a remunerativa, onde a autoridade é baseada no controle de recursos e redistribuições materiais;
  • e a normativa, baseada na alocação dos prêmios e privações simbólicos.

Legitimidade da Autoridade[editar | editar código-fonte]

Devido à natureza abrangente do conceito, diversos filósofos e teóricos tentaram definir a "autoridade legítima", chegando no entanto a conclusões diferentes. Segundo Bakunin, por exemplo:

A liberdade do ser humano consiste unicamente nisso: ele obedece leis naturais porque ele as reconhece como tais, e não porque elas foram impostas a ele por um poder externo qualquer, seja ele divino ou humano, coletivo ou individual.[2]

Ou seja: para ele, a autoridade nunca é legítima.

Já para outros como Max Weber, existem certas autoridades que são legítimas. Ele as divide em três tipos: a autoridade tradicional, a autoridade carismática e a autoridade racional-legal.[3]

De acordo com Norberto Bobbio[carece de fontes?], a segunda e mais comum definição de autoridade considera que nem todo o poder estabilizador é autoridade, mas somente aquele em que a disposição de obedecer de forma incondicional se baseia na crença da legitimidade do poder. Ou seja, o poder da autoridade é considerado legítimo por parte dos indivíduos ou grupos que participam da mesma relação de poder. Nesta concepção, a autoridade tem o direito de mandar e os subordinados o dever de cumprir com as diretrizes proferidas pela autoridade. Portanto, é a aceitação do poder como legítimo que produz a atitude mais ou menos estável no tempo de obediência incondicional às diretrizes que provêm de uma determinada fonte. Essa obediência, no entanto, torna-se durável mas não permanente, pois, de tempos em tempos, a legitimidade do poder desta autoridade sofre a necessidade de ser reafirmada.

Abuso de autoridade[editar | editar código-fonte]

Ocorre quando alguém resolve abusar do seu poder de autoridade e usar critérios particulares para fazer valer a sua vontade, muitas vezes pessoal e não baseada em critérios justos. Alguns exemplos podem ser o funcionário público que acha que é dono do espaço público só porque tem autoridade para cuidar do local e é protegido pela lei. Ou quando uma pessoa detentora de autoridade usa critérios baseados em abuso de autoridade e preconceitos. Ou o político que acha que pode tomar decisões de autoridade sem consultar democraticamente[4] o povo que o elegeu, não percebendo que só tem essa autoridade porque foi o povo quem o colocou lá e, por conseguinte, deve explicações a ele.

Tipicamente, o abuso de poder é uma forma (seja ela maioritária ou minoritária) de ditadura. Desde quando nascemos, temos uma autoridade em nossa vida. Pode ser definido como abuso de autoridade também o exercício do poder com uso de violência, até mesmo entre a família, quando os pais ou algum parente usam a autoridade que têm para a violência.

Autoridade no contexto religioso[editar | editar código-fonte]

A questão da autoridade no contexto religioso pode partir da concepção agostiniana da vida monástica e de como o problema do confrontamento dessa vida com a estratificação social e com a autoridade cria uma série de desafios.

Santo Agostinho era responsável por três mosteiros em Hipona e defendia que, num mosteiro, todos deveriam compartilhar a vida como um só corpo e coração em busca de Deus. Contudo, Santo Agostinho temia que a vida monástica levasse a uma espécie de "competição ascética". Assim, reconhece que tais comunidades não poderiam funcionar sem uma autoridade central, mas julgava necessário equilibrar a força da autoridade com as necessidades da comunidade monástica, e tal equilíbrio deveria ser zelado pela autoridade. Um superior deve ser obedecido mas também deve saber perdoar.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. FERREIRA. A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 204.
  2. «What is Authority? | The Anarchist Library». theanarchistlibrary.org. Consultado em 25 de junho de 2015 
  3. Brito, Ramon. «Max Weber: Os três tipos de Autoridade». www.ideiapublica.com.br. Consultado em 25 de junho de 2015 
  4. «Bob.com - Best of Business». Bob.com - Best of Business. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  5. «Razão e Fé no pensamento de Santo Agostinho». Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • VASCONCELLOS, J. e STUMPF, J. Princípios de Defesa Militar. Editora da Biblioteca da Marinha e do Exército do Brasil. 1939. (em Português, Inglês e Francês)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]