Atentados contra apartamentos russos em 1999 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Atentados contra apartamentos russos
Atentados contra apartamentos russos em 1999
Edifício destruído em Volgodonsk
Local Buynaksk, Moscou e Volgodonsk
Data 4 de setembro de 1999 - 16 de setembro de 1999 (24 anos)
Tipo de ataque Ataque terrorista
Alvo(s) Prédios de apartamentos
Arma(s) RDX
Mortes 367[1]
Feridos mais de 1000
Responsável(is) Achemez Gochiyayev e Ibn Al-Khattab

Os atentados contra apartamentos russos em 1999 foram uma série de explosões que atingiram quatro blocos de edifícios de apartamentos nas cidades russas de Buynaksk, Moscou e Volgodonsk em setembro de 1999, matando mais de 300 pessoas, ferindo outras 1 000 e espalhando uma onda de medo pelo país. Os atentados, juntamente com a Guerra do Daguestão, serviram como casus belli para a Segunda Guerra Chechena. O tratamento da crise por Vladimir Putin aumentou sua popularidade e o ajudou a alcançar a presidência dentro de alguns meses.[2][3]

As explosões atingiram Buynaksk em 4 de setembro e Moscou em 9 e 13 de setembro. Em 13 de setembro, o porta-voz da Duma russa Gennadiy Seleznyov fez um anúncio sobre o recebimento de um relatório de que outro atentado havia acabado de acontecer na cidade de Volgodonsk. O bombardeio aconteceu de fato, mas apenas três dias depois, em 16 de setembro. Militantes chechenos foram responsabilizados pelos atentados, mas negaram responsabilidade, assim como o presidente checheno, Aslan Maskhadov.

Um dispositivo suspeito semelhante aos usados nesses atentados foi encontrado e desativado em um prédio de apartamentos na cidade russa de Riazan em 22 de setembro.[4] No dia seguinte, Vladimir Putin elogiou a vigilância dos habitantes de Ryazan e ordenou o bombardeio aéreo de Grózni, que marcou o início da Segunda Guerra Chechena.[5] Três agentes do Serviço Federal de Segurança (SFS) que plantaram os dispositivos em Riazan chegaram a ser presos pela polícia local.[6] Em 24 de setembro de 1999, o chefe do SFS Nikolay Patrushev anunciou que o incidente em Ryazan havia sido um exercício antiterror e o dispositivo encontrado ali continha apenas açúcar.[7]

A investigação oficial russa sobre os atentados foi terminou em 2002 e concluiu que todos os atentados foram organizados e liderados pelo carachai Achemez Gochiyaev, que permanece em liberdade, e ordenado por Ibn al-Khattab e Abu Omar al-Saif, que foram mortos. Cinco outros suspeitos foram mortos e seis foram condenados por tribunais russos por acusações relacionadas ao terrorismo. O membro do parlamento Yuri Shchekochikhin apresentou duas moções para uma investigação parlamentar dos eventos, mas as moções foram rejeitadas pela Duma em março de 2000.

Investigação[editar | editar código-fonte]

Oficial[editar | editar código-fonte]

Operação de resgate e remoção de escombros em Moscou.

A investigação oficial foi concluída em 2002. De acordo com o Ministério Público da Rússia,[8] todos os atentados a apartamentos foram executados sob o comando do carachai Achemez Gochiyayev e planejados por Ibn al-Khattab e Abu Omar al-Saif, militantes árabes que combatiam na Chechênia ao lado dos insurgentes chechenos.[9][10] Al-Khattab e al-Saif foram mortos durante a Segunda Guerra Chechena. Segundo os investigadores, os explosivos foram preparados em uma fábrica de fertilizantes em Urus-Martan, na Chechênia, "misturando pó de alumínio, nitroglicerina e açúcar em um misturador de concreto",[11] ou também colocando RDX e TNT.[12] De lá, eles foram enviados para uma instalação de armazenamento de alimentos em Kislovodsk, administrada por um tio de um dos terroristas, Yusuf Krymshakhalov. Outro conspirador, Ruslan Magayayev, alugou um caminhão Kamaz no qual os sacos foram armazenados por dois meses. Depois de tudo planejado, os participantes foram organizados em vários grupos que transportaram os explosivos para diferentes cidades.[12]

Independente[editar | editar código-fonte]

Uma comissão pública independente[13] para investigar os atentados foi presidida pelo vice-presidente da Duma, Sergei Kovalev. A comissão foi ineficaz devido à recusa do governo em responder às suas perguntas. Dois membros-chave da Comissão Kovalev, Sergei Yushenkov e Yuri Shchekochikhin, morreram em aparentes assassinatos. O advogado e investigador da comissão Mikhail Trepashkin foi preso e cumpriu quatro anos de prisão por revelar segredos de Estado.[14][15]

Teoria de envolvimento do governo russo[editar | editar código-fonte]

Túmulo de Alexander Litvinenko envenenado em Londres em 2006 após acusar o Serviço Federal de Segurança pelos atentados.

Alguns historiadores alegam que os atentados foram um golpe de Estado de bandeira falsa bem-sucedido e coordenado pelos serviços de segurança estatais russos para obter apoio público para uma nova guerra em larga escala na Chechênia e trazer Putin ao poder. Em 2002, o ex-oficial do SFS Alexander Litvinenko e o historiador Yuri Felshtinsky publicaram o livro Blowing up Russia: Terror onde culpam o governo russo. Essa visão seria justificada por uma série de eventos suspeitos, incluindo bombas plantadas por agentes do SFS na cidade de Riazan, um anúncio sobre bombardeios na cidade de Volgodonsk três dias antes de isso acontecer e o envenenamento de Alexander Litvinenko, que escreveu dois livros sobre o assunto. Litvinenko foi envenenado em Londres em 2006.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. "6 Convicted in Russia Bombing That Killed 68" Arquivado em 2017-03-21 no Wayback Machine. Patrick E. Tyler. The New York Times, 20 de março de 2001
  2. Hoffman 2002, pp. 461–477
  3. Talbott 2002, pp. 356–357
  4. Ответ Генпрокуратуры на депутатский запрос о взрывах в Москве Arquivado em 10 fevereiro 2012 no Wayback Machine (em russo), machine translation.
  5. Goldfarb & Litvinenko 2007, pp. 190, 196
  6. Amy Knight. «Finally, We Know About the Moscow Bombings» 
  7. «Russian bomb scare turns out to be anti-terror drill» 
  8. (em russo) Results of the investigation of explosions in Moscow and Volgodonsk and an incident in Ryazan Arquivado em 14 maio 2006 no Wayback Machine. The answer of the Russian state Prosecutor office to the inquiry of Gosduma member A. Kulikov, circa March 2002 (computer translation)
  9. Religioscope – JFM Recherches et Analyses. «Religioscope > Archives > Chechnya: Amir Abu al-Walid and the Islamic component of the Chechen war». Religioscope.info. Consultado em 29 de janeiro de 2012 
  10. «World Exclusive Interview with Ibn al-Khattab». IslamicAwakening.Com. 27 de setembro de 1999. Consultado em 29 de janeiro de 2012. Cópia arquivada em 18 de fevereiro de 2012 
  11. Two life sentences for 246 murders Arquivado em 2010-10-29 no Wayback Machine, Kommersant, 13 de janeiro de 2004. (em russo:"в бетономешалке изготовила смесь из сахара, селитры и алюминиевой пудры"
  12. a b Only one explosions suspect still free, Kommersant, 10 de dezembro de 2002.
  13. Russian Federation: Amnesty International’s concerns and recommendations in the case of Mikhail Trepashkin – Amnesty International Arquivado em 2009-09-10 no Wayback Machine
  14. «Московские Новости» 
  15. «Радиостанция 'Эхо Москвы' / Передачи / Интервью / Четверг, 25 July 2002: Сергей Ковалев» 
  16. Satter, David (13 de novembro de 2006). «The Truth About Beslan». The Weekly Standard. Consultado em 6 de abril de 2010. Cópia arquivada em 6 de abril de 2010  ( at WebCite)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]