Assassinato de Durval Teófilo Filho – Wikipédia, a enciclopédia livre

Assassinato de Durval Teófilo Filho
Local do crime Colubandê, São Gonçalo, Rio de Janeiro
Data 2 de fevereiro de 2022
c. 22h (UTC−3)
Tipo de crime Assassinato
Arma(s) Pistola
Vítimas Durval Teófilo Filho
Réu(s) Aurélio Alves Bezerra
Advogado de defesa Saulo Alexandre
Juiz Juliana Grillo El-Jaick
Local do julgamento Fórum de São Gonçalo
Situação Em investigação

O assassinato de Durval Teófilo Filho ocorreu na noite do dia 2 de fevereiro de 2022 em São Gonçalo, Rio de Janeiro, Brasil. Ele foi alvejado por um vizinho quando chegava ao prédio onde morava, que alegadamente pensou se tratar de um ladrão.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Durval Teófilo Filho, na época com 38 anos, foi descrito por amigos e parentes como alguém "prestativo, inteligente, trabalhador, sorridente e família". Era casado há treze anos com Luziane Teófilo, com o qual tinha uma filha, na época com seis anos.[1] Há doze anos, morava num condomínio em São Gonçalo, que comprou em busca de mais segurança.[2][3] Durval trabalhava como repositor de estoques num supermercado em Niterói.[4]

Assassinato[editar | editar código-fonte]

Vídeos externos
VÍDEO: veja o momento em que sargento da Marinha atira em vizinho em São Gonçalo

Pouco depois das 22 horas, Durval deixou o supermercado onde trabalhava. Ele chegou em casa e se preparava para abrir o portão, procurando a chave na mochila.[4] Neste momento, foi baleado três vezes pelo vizinho Aurélio Alves Bezerra, sargento da Marinha, que estava dentro de um carro.[3] Segundo Aurélio, após ver que Durval teria se aproximado muito rapidamente de seu carro, decidiu baleá-lo, atingindo sua barriga.[5] Ele afirmou que "acreditava que seria assaltado, pois Durval estava mexendo em algo na região da cintura, o que acreditava ser uma arma de fogo", ao mesmo tempo em que também diz que "por estar chovendo, não conseguiu ver com precisão o que Durval estava segurando".[6] Aurélio perguntou se Durval estava armado, e ele respondeu que não.[3] Após confirmar que Durval realmente não estava armado, Aurélio chegou a prestar socorro e o levou para o Hospital Estadual Alberto Torres, mas ele morreu no local.[5] O laudo do Instituto Médico Legal (IML) informou que a causa da morte foi hemorragia interna causada por projétil de arma de fogo.[2]

Prisão[editar | editar código-fonte]

Aurélio foi preso em flagrante. À polícia, disse que "a localidade é perigosa e costuma ter muitos assaltos".[5] Inicialmente, a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense indiciou Aurélio por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e estipulou uma fiança de 120 mil reais.[7] Num primeiro momento, Aurélio também constava como "vítima", já que ele declarou que o ato teria sido de legítima defesa, mas isto foi modificado pouco tempo depois.[6] Após audiência de custódia, a juíza Ariadne Villella Lopes mudou para homicídio doloso. Além disso, o Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.[6][8][9] O advogado do militar, Saulo Alexandre, considerou a prisão preventiva desnecessária e disse que solicitaria um habeas corpus para que o cliente respondesse em liberdade.[10]

Repercussão[editar | editar código-fonte]

Luziane, esposa da vítima, disse que este foi um ato de racismo: "Vendo as câmeras, ouvindo a fala do delegado e pelo que os vizinhos estão falando, tenho certeza de que isso aconteceu porque ele é preto. Mesmo eles falando que ele era morador do condomínio, o vizinho não quis saber. Para mim, foi racismo sim".[5] Tal visão foi apoiada pela imprensa.[11][12] O velório de Durval, no cemitério São Miguel, presenciado por centenas de pessoas,[4] foi marcado por protestos de parentes e amigos, exibindo cartazes de "Vidas Negras Importam" e "Queremos Justiça por Durval".[13]

Em nota, a Marinha do Brasil disse que "tomou conhecimento da ocorrência envolvendo um dos seus militares, em São Gonçalo-RJ, e informa que está colaborando com os órgãos responsáveis para a elucidação do fato. A MB lamenta o ocorrido e se solidariza com os familiares da vítima".[5]

Julgamento[editar | editar código-fonte]

A primeira audiência sobre o caso ocorreu no dia 4 de abril, na 4ª Vara Criminal do Fórum de São Gonçalo.[10] A segunda audiência ocorreu no dia 9 de maio. A prisão preventiva de Aurélio foi mantida.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Pai e solidário: quem era Durval, morto por sargento confundi-lo com ladrão». UOL Notícias. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  2. a b c «Homem morto por vizinho deixou comunidade em São Gonçalo em busca de mais segurança; 'Mais um preto morto', diz irmã». G1. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  3. a b c «Militar que matou vizinho no RJ vai permanecer preso e pode responder por homicídio doloso». Jornal Nacional. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  4. a b c «Sargento que matou vizinho vai responder por homicídio doloso». Agência Brasil. 5 de fevereiro de 2022. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  5. a b c d e «Sargento da Marinha mata vizinho em condomínio no RJ e diz tê-lo confundido com bandido: 'Racismo', diz viúva». G1. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  6. a b c «Sargento da Marinha que matou vizinho no RJ ficará preso e crime passa a ser tipificado como homicídio doloso, decide Justiça». G1. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  7. «Sargento da Marinha que matou vizinho em São Gonçalo é indiciado por homicídio culposo». G1. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  8. «Militar que matou Durval continua preso e homicídio muda para doloso». iG. 4 de fevereiro de 2022. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  9. «RJ: Justiça mantém prisão de sargento da Marinha que matou vizinho». CNN Brasil. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  10. a b «Militar preso pela morte de Durval Teófilo será julgado em abril». O Dia. 16 de março de 2022. Consultado em 17 de março de 2022 
  11. «Durval Teófilo, mais uma vida perdida para a loucura denominada racismo». IstoÉ. 3 de fevereiro de 2022. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  12. Freitas, Carolina (4 de fevereiro de 2022). «Caso Durval: Sociólogos apontam racismo por parte de militar da Marinha: 'Isso que acontece em uma sociedade armada'». O Dia. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  13. «'Vidas negras importam': velório de Durval, morto por vizinho na porta de casa, é marcado por protesto». G1. Consultado em 5 de fevereiro de 2022 
  14. «Justiça do Rio mantém prisão de sargento da Marinha que matou vizinho em São Gonçalo». R7.com. 10 de maio de 2022. Consultado em 15 de maio de 2022