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Arvo Pärt
Arvo Pärt
Nascimento 11 de setembro de 1935
Paide
Cidadania Estónia, União Soviética, Estónia, Áustria
Cônjuge Nora Pärt
Filho(a)(s) Michael Pärt
Alma mater
  • Estonian Academy of Music and Theatre
Ocupação compositor de música clássica, músico, compositor
Prêmios
Obras destacadas Für Lennart in memoriam, Adam's Lament, Spiegel im Spiegel, In principio, Für Alina, Fratres, Ukuaru waltz
Página oficial
https://www.arvopart.ee

Arvo Pärt (Paide, 11 de Setembro de 1935) é um compositor erudito estoniano. Pärt trabalha com um estilo minimalista que emprega a técnica de tintinnabuli (do latim, 'pequenos sinos') e repetições hipnóticas.

Trajetória[editar | editar código-fonte]

Em 1944, Arvo Pärt presencia a ocupação da Estônia pela União Soviética, ocupação que duraria 50 anos, deixando profundas impressões sobre ele.

Em 1954 ingressa na escola secundária de música de Tallinn, a capital do país. No ano seguinte, deve fazer seu serviço militar, durante o qual faz parte da banda, onde toca oboé e caixa.

Ingressa no conservatório de Tallinn em 1957, onde estuda com Heino Eller. Paralelamente, trabalha em uma emissora de rádio, como engenheiro de som, posto que deverá ocupar de 1958 a 1967. Em 1962, uma das suas composições escrita para coro infantil e orquestra, Nosso jardim (escrita em 1959), lhe rende o primeiro prêmio dos jovens compositores da URSS. Em 1963, é diplomado pelo conservatório de Tallinn. Nessa época, compõe também para o cinema[1]

Tallinn, cidade onde Arvo Pärt fez seus estudos.

Ainda no início dos anos 1960, inicia-se na composição serial, com suas duas primeiras sinfonias. Isto vai provocar inimizades, dado que a música serial era considerada como um avatar da decadência burguesa ocidental. Também incorretas politicamente, no contexto soviético, eram as suas composições de inspiração religiosa e a técnica de colagem que adotou por algum tempo. Nessas circunstâncias, sua obra será severamente limitada.

No final da década de 1960, em meio a uma crise pessoal que bloqueia a sua criatividade, Arvo Pärt renuncia ao serialismo e, mais amplamente, à composição. Durante vários anos, dedica-se ao estudo do cantochão gregoriano e dos compositores renascentistas franco-flamengos, como Josquin des Prés, Machaut, Obrecht e Ockeghem. Esses estudos e reflexões resultaram na elaboração de uma peça de transição, a Sinfonia n° 3 (1971). Em 1972 ele se converteu do Luteranismo ao Cristianismo Ortodoxo.[2][3]

Arvo Pärt, Nora Pärt (2012)

Sua evolução estilística é particularmente notável em 1976, com a composição de uma peça para piano que se tornou célebre, Für Alina, que marca uma ruptura com as suas primeiras obras e prepara o terreno para seu novo estilo, qualificado por ele mesmo de "estilo tintinnabulum" [1]. O compositor explica: "Eu trabalho com bem poucos elementos - somente uma ou duas vozes. Construo a partir de um material primitivo - com o acorde perfeito, com uma tonalidade específica. As três notas de um acorde perfeito são como sinos. Por isso eu o chamei tintinnabulação". No ano seguinte, Pärt escreverá, nesse novo estilo, três das suas peças mais importantes e reconhecidas: Fratres, Cantus in Memoriam Benjamin Britten e Tabula rasa.

Os problemas constantes com a censura soviética[1] o levam a finalmente emigrar em 1980, com sua esposa e os dois filhos. Inicialmente vai para Viena, onde obtém a cidadania austríaca. No ano seguinte, parte para Berlim Ocidental e frequentemente passa temporadas perto de Colchester, Essex. Por volta dos anos 2000, volta à Estônia e hoje vive em Talinn.[4]

Seu sucesso no Ocidente e particularmente nos EUA teve por inconveniente a sua inclusão na categoria dos compositores "minimalistas místicos" ou "minimalistas sagrados", juntamente com Alan Hovhaness, Henryk Górecki, John Tavener, Pēteris Vasks e outros[5]. Em 1996, ele se torna membro da American Academy of Arts and Letters.

Criador de uma música apurada, de inspiração profundamente religiosa, associada por alguns à música pós-moderna, Arvo Pärt atualmente aprofunda seu estilo tintinnabulum. Suas obras foram executadas em todo o mundo e foram objeto de mais de 80 gravações, além de terem sido muito usadas em trilhas sonoras de filmes e em espetáculos de dança. É dele, por exemplo, a composição que Jean-Luc Godard utilizou no curta Dans le noir du temps, episódio do filme Ten Minutes Older: The Cello (2002). A obra foi também usada em inúmeras produções cinematográficas e televisivas. Sua obra Spiegel im Spiegel, de 1978, integrou em 2014 a trilha sonora do premiado filme brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho[6]. Em 10 de dezembro de 2011 foi indicado pelo Papa Bento XVI[7][8] como membro do Pontifício Conselho para a Cultura,

Prêmios e homenagens[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Centre Pompidou. Institut de recherche et coordination acoustique/musique (Ircam). Base de documentation sur la musique contemporaine. Arvo Pärt.
  2. Robin, William (18 de Maio de 2014). «His Music, Entwined With His Faith». The New York Times. Consultado em 18 de Março de 2023. Cópia arquivada em 28 de Maio de 2022 
  3. «Arvo Pärt Biography». Arvo Pärt Centre. Consultado em 18 de Março de 2023. Cópia arquivada em 4 de Janeiro de 2023 
  4. Notas no programa em Playbill do New York City Ballet, janeiro de 2008.
  5. http://www.curatormagazine.com/sorinahiggins/mystical-minimalism/
  6. http://revistacinetica.com.br/home/hoje-eu-quero-voltar-sozinho-de-daniel-ribeiro-brasil-2014-2/
  7. «Cópia arquivada». Consultado em 14 de janeiro de 2013. Arquivado do original em 7 de novembro de 2012 
  8. «Cópia arquivada». Consultado em 23 de outubro de 2016. Arquivado do original em 23 de outubro de 2016 
  9. http://sydney.edu.au/arms/archives/history/HonPart.shtml
  10. http://www.ut.ee/en/news/arvo-part-new-professor-fine-arts-university-tartu
  11. Universidade de Durham
  12. «Cópia arquivada». Consultado em 24 de outubro de 2016. Arquivado do original em 24 de outubro de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Shenton, Andrew, ed. (2012). The Cambridge companion to Arvo Pärt (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-1-107-00989-9 
  • Bouteneff, Peter C.; Engelhardt, Jeffers; Saler, Robert, eds. (2021). Arvo Pärt - Sounding the Sacred (em inglês). [S.l.]: Fordham University Press 
  • Kautny, Oliver (2002). Arvo Pärt zwischen Ost und West - Rezeptions geschichte (em alemão). [S.l.]: Springer-Verlag GmbH Deutschland. ISBN 978-3-476-02900-3 
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