Arquitetura românica em Portugal – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Arquitetura românica em Portugal, tal como o românico em toda a Europa, tinha como principal função a construção de castelos, fortificações e também igrejas.

Durante a Reconquista cristã, de que nasceu Portugal, a arte peninsular não muçulmana continuava, na maior parte, os velhos modelos visigóticos, quer revestindo as formas moçárabes duma arte popular, do cristão submetido, a qual fundia elementos da tradição hispano-visigótica com os de origem cordovesa, quer adquirindo características ainda mais originais no reino das Astúrias, onde a remota arte visigótica se esfumara com a influência carolíngia, lombarda e romana.

Os templos cristãos de então eram pesados, com paredes muito grossas, poucas aberturas e iluminação. A planta era normalmente em cruz latina, com três naves, duas laterais mais pequenas, e uma central mais larga; eram separadas por arcadas ou grossas colunas de pedra. A cobertura era feita em abóbada de berço ou de arestas.

Anexados à igreja estavam o campanário (torre sineira), o baptistério e por vezes claustros fortificados, que para além de terem a sua função religiosa serviam de refúgio para os populares durante ataques à povoação.

Um dos melhores expoentes do românico em Portugal é a Sé Velha de Coimbra, cuja construção data do século XII.

Sé de Braga[editar | editar código-fonte]

Sé de Braga.
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A Sé de Braga, o primeiro monumento românico português, deriva de Compostela, adaptada à sua função de metropolita, e não de templo de peregrinação, donde a planta ter sido a duma igreja de três naves, com transepto e cabeceira composta apenas de capela-mor e absídiolos. Do século XII são ainda o portal principal, modificado nos séculos XV e XVI, e a porta lateral, ou do Sol com decoração da época.

Este românico de Braga irradiou por toda a região de Entre Douro e Minho, sobretudo nos elementos decorativos, pois são raras as igrejas de três naves, como as de Travanca, Mosteiro de Pombeiro e São Pedro de Rates. Define-se ainda outro e importante grupo com as igrejas de Paço de Sousa, Roriz, Cete e Fonte Arcada, já dos séculos XII e XIII, caracterizadas principalmente pelas arcaturas torreadas e emprego alternado de colunas cilíndricas ou prismáticas, além de especial lavor na decoração dos ábacos e plintos. Na zona raiana, influenciada pelo românico da Galiza, distribuem-se as igrejas de Igreja de Nossa Senhora da Orada, Igreja de São Fins de Friestas e Convento de Ganfei, a mais notável de todas, pelas suas três e impressionante escultura de capitéis.

Sé do Porto[editar | editar código-fonte]

Sé do Porto
Ver artigo principal: Sé do Porto

A planta da Sé do Porto é de três naves com transepto. Vários vestígios românicos são visíveis em todo o monumento como nas bases das torres e na fachada do transepto. Nos arredores da cidade, a igreja de Santa Marinha de Águas Santas, de uma só nave, com ábside quadrangular e absídiolo, distingue-se pelos portais, as frestas e os capitéis esculpidos.

Domus Municipalis de Bragança[editar | editar código-fonte]

Na cidade de Bragança ergue-se, a Domus Municipalis, simples e admirável exemplar da arquitectura românica civil. [1][ligação inativa]

Sé Velha de Coimbra e Sé de Lisboa[editar | editar código-fonte]

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Santa Cruz de Coimbra, apesar da transformação que sofreu com o manuelino, conserva ainda vestígios da primitiva construção românica. A Sé Velha é típica do românico com três naves, a central de abóbada de berço, transepto pouco pronunciado e cabeceira de ábside e absídiolos semi-circulares. A escultura dos capitéis é a mais representativa do românico em Portugal. A Sé de Coimbra irmana-se com a de Lisboa, que lhe é posterior, talvez pelos mesmos mestres, Roberto e Bernardo, trabalharem em ambas, em meados do século XII. Além de ter mais um tramo e torres, o monumento de Lisboa tem os arcos e pilares num românico mais evoluído.

Românico na Estremadura[editar | editar código-fonte]

Na Estremadura encontramos ainda as igrejas de S. João do Alporão, em Santarém, monumento de transição para o gótico; S. Pedro de Leiria e Sta. Maria de Alcácer do Sal (1217).

Fim do Românico e adopção do Gótico[editar | editar código-fonte]

Quando a Reconquista chegou ao sul do país, o românico estava a terminar. A planta da Sé de Évora é de três naves com transepto muito saliente e tradicional lanterna no cruzeiro. É, no entanto, o mais nacional dos monumentos portugueses, pois assimilou as formas eruditas às tradicionais populares. A Ordem de Cister trouxe, com a sua reforma, uma arte mais austera com o emprego de arcos apontados e abóbadas de berço quebrado, como em São João de Tarouca, o primeiro mosteiro da ordem fundado em 1140.

Igrejas menores, como as de Santa Maria de Fiães, Santa Maria de Aguiar e Santa Maria do Bouro, filiam-se neste grupo, em que se impõe, pelas dimensões, o mosteiro de Alcobaça. A cabeceira, com deambulatório e capelas radiantes de abóbadas de berço, é antiga, ao lado das construções dos arcos botantes exteriores. Ao longo da sua construção medieval, o mosteiro de Alcobaça ilustra a passagem da arquitectura cisterciense do românico para o gótico.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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