Anticristianismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: "Cristianofobia" redireciona para este artigo. Não confundir com Anticatolicismo, Perseguição aos cristãos ou Complexo de perseguição cristão.

O anticristianismo, sentimento anti-cristão ou cristofobia constitui o medo, aversão, ódio ou o preconceito contra os cristãos, a religião cristã e/ou as suas práticas. O sentimento anti-cristão é por vezes designado por cristofobia ou cristianofobia, embora estes termos englobem, de facto, "todas as formas de discriminação e intolerância contra os cristãos", segundo o Conselho das Conferências Episcopais Europeias. [1][2] O sentimento anti-cristão conduz por vezes à perseguição aos cristãos.

Este movimento tenta construir uma sociedade alternativa ao cristianismo, com valores não-cristãos. O movimento anticristianista pode estar contido em religiões e formas espirituais alternativas, numa ciência cética, ou também incorporando os movimentos pagãos, místicos diversos, thelêmicos, satanistas, neo-pagãos helênicos ou new ages que vão contra, mas não necessariamente, a doutrina religiosa. Não deve se confundir o movimento anticristão filosófico e intelectual com outras vertentes.

Os anticristãos consideram-se contra todas as formas de cristianismo: todas as doutrinas católicas, protestantes e reformistas.

História[editar | editar código-fonte]

Antiguidade[editar | editar código-fonte]

Leopardo devorando um condenado (Mosaico do Século III). Os alegados criminosos, entre os quais eram contados os cristãos, erm atirados às feras nas arenas (Damnatio ad bestias).

O sentimento anti-cristão começou desde logo no Império Romano durante o primeiro século. O crescimento constante do movimento cristão era visto com desconfiança tanto pelas autoridades como pelo povo de Roma. Este fato levou à perseguição dos cristãos no Império Romano. Durante o século II, o cristianismo foi visto como um movimento negativo de duas formas. A primeira engloba as acusações que eram feitas aos adeptos da fé cristã, de acordo com os princípios defendidos pela população romana. A segunda forma engloba a polémica suplementar suscitada durante a época intelectual. [3]

O sentimento anti-cristão do primeiro século não foi apenas expresso pelas autoridades romanas, foi também expresso pelos judeus. Como o cristianismo era uma pequena seita que, na altura, emergia em grande parte do judaísmo [4], este sentimento era a cólera de uma religião já estabelecida contra uma fé nova e revolucionária. Paulo de Tarso, que perseguiu os cristãos antes de se tornar um, destacou a crucificação de Jesus como um "empecilho" para os judeus, e a crença de que o Messias teria morrido numa cruz, como um vulgar criminoso, era ofensiva para alguns dos judeus, porque eles esperavam um messias com características diferentes. [5]

Idade Média[editar | editar código-fonte]

Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado por Charles-Nicolas Cochin e gravado por Bonaventure-Louis Prévost. Esta obra está carregada de simbolismo: a figura do centro representa a verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita, a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.

Logo na Idade Média os anticristãos foram perseguidos sem distinção por serem considerados hereges e blasfemos, também foram mortos, perseguidos com eles as bruxas, os ciganos, os filósofos diversos, ateístas, as religiões indígenas, ameríndias, as religiões pagãs, as crenças africanas, os homossexuais e as prostitutas da época. Também com eles a maçonaria, muito da ciência e algumas das crenças orientais, muitas religiões/filosofias simplesmente desapareceram, independente o que estavam dizendo ou não.

Dentre as grandes mentes e personagens marcantes desse evento estão Giordano Bruno, que era astrônomo e matemático e místico, acreditava que o universo era infinito o que sugeria vida fora da Terra, disse:

O anticristianismo teve princípio logo no início do cristianismo. O anticristianismo, todavia, teve auge no iluminismo: corrente cultural que reclamava trazer "luzes" ao obscurantismo (do qual, em certa medida, culpava a religião) e uma filosofia que não incluía dogmas, perseguições ou moralidade dúbia. No "século das luzes" (século XVIII), filósofos como René Descartes, John Locke (estes dois últimos século XVII), Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau começam a lançar as bases da independência ao cristianismo.

Na França, Voltaire (1694-1770) foi considerado o maior dos filósofos iluministas e um dos maiores críticos do Antigo Regime e da Igreja. Defendeu a liberdade de pensamento e de expressão. Mas as liberdades de pensamento e expressão, no caso dele, significavam liberdade de pensamento e de expressão desvinculada da doutrina cristã. Além de combater a Igreja Cristã como instituição, Voltaire combate também a sua doutrina. Neste combate, afirmava em suas cartas

Esmague a infame.
Écrasez l'infâme.

— Voltaire

Por infame referia-se Voltaire à Igreja de Cristo. Voltaire defendia a ideia de uma fraternidade em bases puramente humanas, sem a necessidade de Deus ou superior a Deus. Além da de Voltaire, também a ação difusora dos filósofos Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert foi fundamental para que os valores iluministas ganhassem muita popularidade e tivessem êxito. Muitas das ideias do iluminismo perpetuaram-se até hoje. Por exemplo, alguns defendem que a ideia de liberdade de pensamento de que certa gente é hoje adepta, pode remontar-se ao iluminismo.

Ao longo da história a Igreja Cristã passou por vários processos de mudança e em alguns casos teve de enfrentar-se com o anticristianismo.

Anticristianismo entre artistas, filósofos e cientistas[editar | editar código-fonte]

Algumas pessoas usavam e usam de ambiguidade e de citações dúbias tais, que poderão levar outras a identificar os primeiros com o anticristianismo. Entre os que se pronunciariam ambiguamente pode-se citar William Shakespeare, Leonardo da Vinci, Sigmund Freud (ateu declarado e pai da psicanálise) e Friedrich Nietzsche.

Freud era contra a religiosidade e a favor do homem acreditar em sí.

Anticristianismo hoje[editar | editar código-fonte]

Presentemente há muitos jovens em movimentos definidos como ateísmo, materialismo, ceticismo, racionalismo, niilismo, anticlericalismo ou anticristianismo. O desenvolvimento da ciência em disciplinas como a biologia, física, astronomia, entre outras, terá ajudado à expansão deste movimento. Richard Dawkins, biólogo ateu, autor de The God Delusion ("Deus, um Delírio") e Stephen Hawking (1942 - 2018),[6] físico agnóstico, aclamados divulgadores de ciência, defendem, em diferentes campos da ciência, que as leis que a regem não requerem a existência de Deus.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «ANTI-CHRISTIAN - Definition and synonyms of anti-Christian in the English dictionary». educalingo.com (em inglês). Consultado em 20 de agosto de 2023 
  2. «Definition of ANTI-CHRISTIAN». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 20 de agosto de 2023 
  3. Wagemakers, Bart (Outubro de 2010). «Incest, Infanticide, and Cannibalism: Anti-Christian Imputations in the Roman Empire». Cambridge University Press. Greece & Rome. 57 (2): 337–354. ISSN 0017-3835 
  4. «Christianity». Jewish Virtual Library. Consultado em 20 de agosto de 2023 
  5. «Paul». BBC (em inglês). 2011 
  6. «Stephen Hawking morre aos 76 anos; conheça seu legado». revistagalileu.globo.com 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]