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Antalas
Chefe dos frexenses
Reinado antes de 530 - após 548
Nascimento c. 500
Morte após 548
Pai Guenfã
Religião paganismo berbere

Antalas (em grego: Ἀντάλας) (c. 500 - após 548) foi um líder tribal berber que desempenhou importante papel nas guerras do Império Bizantino contra as tribos berberes na África. Antalas e sua tribo, os frexenses de Bizacena, inicialmente serviram os bizantinos como aliados, mas após 544 trocaram de lado. Apoiaram os oficiais militares que se amotinaram à época, Estotzas e então Guntárico, e os ajudaram nas lutas contra tropas lealistas de Cartago. Depois, Antalas foi traído por Guntárico, que não honrou os acordos que firmou em troca de sua ajuda. Com a vitória final bizantina em 548, tornou-se subordinado imperial. As principais fontes sobre sua vida são o poema épico João (Iohannis) de Flávio Crescônio Coripo e as Histórias das Guerras de Procópio de Cesareia.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Justiniano (r. 527–565) segundo um dos mosaicos da Basílica de São Vital

Antalas nasceu ca. 500 e era filho de certo Guenfã, de acordo com Coripo. Pertenceu a uma das tribos berberes de Bizacena (Tunísia Central), quiçá os frexenses. Coripo registrou que sua carreira começou aos 17 anos, roubando ovelhas. Reuniu seguidores e tornou-se bandido, lutando contra os vândalos. Por volta de 530, era líder dos berberes de Bizacena e liderou-os na vitória decisiva contra os vândalos.[1] Após a Guerra Vândala (533–534) e a conquista do Reino Vândalo pelo Império Bizantino, seria aliado imperial e recebia subsídios e suprimentos em troca.[2][3] Em 543, a revolta entre os berberes bizacenos resultou na execução de seu irmão Guarizila e a cessação de subsídios pelo governador Salomão. Este tratamento alienou Antalas, e quando os leuatas se rebelaram na Tripolitânia em 544, ele e seus apoiantes juntaram-se aos revoltosos. As tribos unidas infligiram uma pesada derrota aos bizantinos na Batalha de Cílio, na qual Salomão foi morto.[2][3] Com a morte do Salomão, seu sobrinho Sérgio, cujo tratamento arrogante causou a rebelião dos leuatas em primeiro lugar, foi nomeado governador. Estotzas, o soldado renegado que liderou uma rebelião fracassada poucos anos antes, juntou-se a Antalas na Mauritânia. Antalas escreveu ao imperador Justiniano (r. 527–565) pedindo a demissão de Sérgio, mas em vão.[1][4]

Justiniano enviou o patrício Areobindo no começo de 545 para compartilhar o comando com Sérgio, mas ambos foram incompetentes e gastaram o tempo deles brigando entre si.[1][4] Enquanto Sérgio ficou inativo em Cartago, Antalas e Estotzas lideraram suas tropas ao norte e conseguiram enganar Himério, o comandante de Hadrumeto, para deixar a cidade com suas tropas para se encontrar com outro comandante bizantino, João. Himério caiu em uma armadilha, e enquanto seus soldados amotinaram e se juntaram a Estotzas, foi forçado a abandonar Hadrumeto para salvar sua vida.[5] No fim de 545, Areobindo ordenou que João encontrasse os rebeldes, que estavam acampados em Sica Venéria. As tropas de João eram numericamente inferiores, e em Tácia seu exército foi derrotado e ele próprio foi morto, mas não antes de mortalmente ferir Estotzas num duelo.[4][6]

Africa romana, com as províncias de Bizacena, Zeugitânia e Numídia

Depois de Tácia, Sérgio foi reconvocado e Areobindo o substituiu. À época, o ambicioso duque da Numídia Guntárico contatou os líderes berberes na tentativa de derrubar Areobindo. Prometeu a Antalas o governo de Bizacena, metade do tesouro de Areobindo e 1 500 tropas bizantinas. A fim de aumentar a pressão ao último, os berberes e os seguidores renegados de Estotzas aproximaram-se de Cartago. Neste mesmo tempo, o próprio Areobindo havia contatado secretamente Cusina, o líder dos mouros numídicos, e que tinha prometido matar Antalas uma vez que a peleja começasse, um plano que Guntárico revelou para Antalas. No evento, devido a timidez de Areobindo, uma batalha foi evitada, e em março Guntárico sitiou Cartago e matou Areobindo.[4][7]

Guntárico, agora mestre de Cartago, recusou honrar seu acordo, e Antalas último retirou-se com seus homens para Bizacena. Lá, no esforço de se reconciliar com o imperador, contatou o duque de Bizacena Marcêncio que havia fugido para uma ilha no mar, propondo fazer causa comum contra Guntárico. Guntárico enviou um exército sob Cusina e Artabanes contra Antalas e derrotou-o.[8] O próprio Guntárico foi assassinado logo depois (maio de 546) por uma conspiração chefiada por Artabanes, e Cartago e o exército retornaram à lealdade ao império. Justiniano enviou um soldado experiente, João Troglita, para impor a ordem.[9] Reunindo suas forças, Troglita marchou de Cartago para Bizacena. Antalas enviou uma embaixada ao general, mas o último rejeitou suas exigências e prendeu seus emissários. Pouco depois, Troglita enviou um emissário, que colocou Antalas diante da escolha de batalha ou submissão imediata. Antalas recusou submeter-se, e os dois exércitos se confrontaram em algum lugar em Bizacena, no final de 546 ou começo de 547. A batalhas resultou em uma vitória bizantina esmagadora: os berberes sofreram pesadas baixas, e as bandeiras de guerra perdidas em Cílio foram recuperadas pelos bizantinos.[10][11]

No verão, Antalas juntou os berberes da Tripolitânia (embora não seja mencionado por Coripo, Procópio registra sua presença) e infligiu pesada derrota em Troglita na Batalha de Marta. Após a vitória, os berberes invadiram até os subúrbios de Cartago.[12] No ano seguinte, Antalas novamente juntou-se aos berberes tripolitanos, sob o líder deles Carcasão, quando invadiram Bizacena. Em contraste com o impetuoso Carcasão, defendeu uma tática de terra queimada quando Troglita marchou para encontrá-los. No entanto, quando os dois adversários se encontraram no verão na Batalha dos Campos de Catão, o resultado foi uma vitória bizantina decisiva: Carcasão caiu, e a revolta berbere foi esmagada com Antalas e os líderes sobreviventes se submetendo a Troglita. Nada mais se sabe sobre ele.[11][13]

Referências

  1. a b c Martindale 1992, p. 86.
  2. a b Martindale 1992, p. 86, 1175–1176.
  3. a b Bury 1958, p. 145.
  4. a b c d Bury 1958, p. 146.
  5. Martindale 1992, p. 86, 599–600.
  6. Martindale 1992, p. 86, 641.
  7. Martindale 1992, p. 86–87, 108–109.
  8. Martindale 1992, p. 87, 818.
  9. Bury 1958, p. 146-147.
  10. Martindale 1992, p. 87, 647.
  11. a b Bury 1958, p. 146.
  12. Martindale 1992, p. 87, 647–648.
  13. Martindale 1992, p. 87, 648–649.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Antalas», especificamente desta versão.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bury, John Begnell (1958). History of the Later Roman Empire. From the Death of Theodosius I to the Death of Justinian, Volume 2. Nova Iorque e Londres: Dover Publications. ISBN 0-486-20399-9 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8