Amoritas – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para a cidade estado-unidense, veja Amorita (Oklahoma).
Fuzileiros navais norte-americanos em frente da reconstrução das ruínas da Babilônia (2003)

A Mesopotâmia, após a destruição da civilização dos sumérios-acadianos, ficou dividida em vários Estados por mais de dois séculos. Os amoritas,[carece de fontes?] amorritas ou amorreus,[1] (também chamados de antigos babilônios), povos semitas vindos do deserto sírio-árabe, haviam se estabelecido na cidade da Babilônia, que, com o tempo, converteu-se em importante centro comercial, devido a sua localização privilegiada.

História[editar | editar código-fonte]

A antiga Babilônia está situada a aproximadamente 75 quilômetros da moderna Bagdá. Um império foi estabelecido em 1 894 a.C. por Samuabum (criador da I dinastia amorrita) e expandido por seus sucessores. As disputas entre a Babilônia e as demais cidades-estados mesopotâmicas, além de outras invasões, resultaram numa luta ininterrupta até o início do século XVIII a.C., quando Hamurabi, sexto rei da dinastia, realizou a completa unificação, fundando o Primeiro Império Babilônico. Com o tempo, entretanto, acabou perdendo seu reinado.

O novo rei deu início a uma bem-sucedida política expansionista. O Reino da Babilônia estendeu suas fronteiras do Golfo Pérsico para além das fronteiras da moderna Turquia, e dos montes Zagros, no leste, ao rio Cabur, na Síria. A partir dessas conquistas, a preocupação de Hamurabi não foi mais a expansão territorial e sim a preservação das terras conquistadas, que tanto eram atacadas por povos vizinhos como também se revoltavam contra o domínio da Babilônia.

A formação do império Babilônico assinalou o fim político da civilização suméria, mas não cultural. Com exceção do idioma, eles adotaram o sistema educacional, a escrita, a arte, a literatura e boa parte da religião dos vencidos.

Foi durante o governo de Hamurábi que ocorreu o maior desenvolvimento da agricultura de regadio, realizada mediante o emprego e construção de grandes canais de irrigação controlados pelo Estado. A construção desses canais exigia multidões de trabalhadores e grande quantidade de materiais, que deveriam ficar sob controle e fiscalização de um governo centralizado. Isso contribuiu para o surgimento de uma monarquia cada vez mais poderosa e autoritária, de caráter teocrático, isto é, com o poder político ligado ao religioso.

Já nessa fase, a economia e a sociedade começaram a sofrer mudanças em relação ao milênio anterior. A organização econômica baseada nos templos e palácios sempre foi fundamental. Os palácios e templos possuíam vastas extensões de terra, praticavam o comércio e dispunham de oficinas artesanais bem aparelhadas. Os templos entregavam suas terras à exploração de arrendatários, recebendo por isso uma parte da produção. Também os artesãos trabalhavam ligados aos templos, pois não existem provas de corporações de artesãos independentes. Não havia mercado e todo o comércio era feito nas dependências dos templos e palácios. Os sacerdotes e os funcionários estatais submetiam as comunidades locais ao pagamento de tributos, à prestação de trabalhos forçados para a construção de obras públicas, canais de irrigação e ao serviço militar obrigatório.

No período de Hamurábi, houve um certo desenvolvimento da propriedade privada e do comércio. Propriedades agrícolas foram doadas a funcionários públicos, sacerdotes e até mesmo a determinados arrendatários. Entretanto, todas essas atividades privadas sempre permaneceram sob controle estatal. Os mercadores, por exemplo, formavam uma corporação subordinada ao Estado, e o comerciante era uma mistura de funcionário público e mercador privado: comprava a mando do rei e colaborava na cobrança de taxas.

Parte superior da estela do Código de Hamurábi.

Rapidamente, a capital babilônica transformou-se num dos principais centros urbanos da Antiguidade, sediando um grandioso império e convertendo-se no eixo cultural do Crescente Fértil. A principal realização cultural desse período foi o Código de Hamurábi, baseado no direito sumério e nas tradições semitas, que tinha por finalidade consolidar o poder do Estado e adequá-lo ao desenvolvimento de uma economia mercantil. Hamurábi estabeleceu uma sólida intervenção do Estado na economia pois havia regras de trabalho, normas comerciais e até valores para a compra e venda de animais e aluguéis de terras, entre outras. A vida social, econômica e política ficou complemente regulada pela legislação de Hamurábi.

Hamurábi também empreendeu uma ampla reforma religiosa, procurando estabelecer a unificação, criando uma religião de Estado ao transformar o deus Marduque (Marduk), da Babilônia, no principal deus da Mesopotâmia, mesmo mantendo as antigas divindades. A Marduque foi levantado um templo junto ao qual foi erguido o zigurate de Babel, citado no livro de Gênesis (Bíblia) como uma torre para se chegar ao céu.

Fim do império[editar | editar código-fonte]

Após a morte de Hamurábi, o Império entrou em decadência devido às diversas conspirações contra seus sucessores, revoltas das cidades dominadas e dos camponeses empobrecidos pelos altos impostos cobrados, sobrecarga de trabalhos obrigatórios, refúgio dos últimos sumérios, e emancipação de Assíria.

Os cassitas, povo asiânico do Zagros, a leste do rio Tigre, com uma classe dirigente formada por indo-europeus e uma organização tribal, vão penetrando pacificamente na planície como trabalhadores e mercenários. Aproveitando da franqueza causada pelas revoltas internas já mencionadas, os hititas, chefiados por Mursil I (c. 1 530 a.C.) devastaram a Babilônia. Após a retirada dos invasores, a Babilônia passou a ser governada por reis da região do sul. Os cassitas, enfim, invadiram a Baixa Mesopotâmia e ai permaneceram, aproximadamente, por 400 anos, até serem suplantados pelos assírios, introduzindo o uso do cavalo e do carro de guerra.

Árvore genealógica baseada em Gênesis[editar | editar código-fonte]

Noé
Sem
Cam
Jafé
Cuxe
Mizraim
Pute
Canaã
Sidom
Hete
jebuseus
amoritas
girgaseus
heveus
arqueus
sineus
arvadeus
zemareus
hamateus

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Leonel Oliveira, ed. (1997). «Amorreus». Nova Enciclopédia Larousse. 2. Lisboa: Círculo de Leitores. 401 páginas. ISBN 972-42-1476-1 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Barker, Burdick, Stek, Wessel, Youngblood (Eds.). (1995). The New International Version Study Bible. (10th Ann ed). Grand Rapids, MI: Zondervan.
  • Bright, John. (2000). A History of Israel. (4th ed.). Louisville, KY: Westminster John Knox Press.
  • DeVaux, Roland. (1997). Ancient Israel. (John McHugh, Trans.) Grand Rapids, MI: Eerdmans.
  • Freedman, David Noel (Ed.). (2000). Eerdmans Dictionary of the Bible. (pp. 597) Grand Rapids, MI: Eerdmans.
  • Wood, Millard, Packer, Wiseman, Marshall (Eds.). (1996). New Bible Dictionary (3rd ed.) (pp. 477). Downers Grove, IL: Intervarsity Press.