Ameaça vermelha nos Estados Unidos – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Não confundir com Terror Vermelho.
Caricatura publicada em 1919: um "anarquista europeu" tenta apunhalar a Estátua da Liberdade.

Na história dos Estados Unidos, a expressão ameaça vermelha ou perigo vermelho (em inglês, red scare: 'pavor vermelho') refere-se a dois períodos de forte desenvolvimento do anticomunismo nos Estados Unidos. A expressão também é frequentemente usada para descrever a atmosfera política que favorecia perseguições políticas e a violações de direitos civis.

Ambos os períodos se caracterizaram pela criminalização de opiniões políticas comunistas ou anarquistas, pelo pavor generalizado de uma infiltração comunista no governo americano ou de uma revolução comunista ou anarquista que pudesse derrubar a ordem capitalista vigente nos Estados Unidos, impondo uma ditadura comunista, tal como na URSS. Esse pavor difuso deu margem a investigações agressivas e (sobretudo entre 1917 e 1920) à prisão de pessoas ideologicamente suspeitas ou de alguma forma associadas a movimentos comunistas ou socialistas.

A primeira Ameaça Vermelha (First Red Scare) começa como consequência da Revolução Russa de 1917, quando se difundiu na sociedade americana o temor de uma revolução de trabalhadores sindicalizados inspirados pela Revolução Russa. As perseguições em solo americano se iniciaram em fevereiro de 1919 com a Greve Geral de Seattle e se estenderam até janeiro de 1920.[1] A segunda Ameaça Vermelha (Second Red Scare) começa em 1947, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, e se desenvolveu, no contexto da guerra fria, até 1957, sendo popularmente conhecido como macartismo, período em que se criou a suspeita e o temor de que houvesse espiões comunistas (estrangeiros ou estadunidenses) infiltrados no governo dos Estados Unidos ou, ainda, de um iminente ataque aos Estados Unidos e seus aliados, pela URSS ou pela República Popular da China. Esse temor popular se amplia após o bloqueio de Berlim (1948–49), a Guerra Civil Chinesa, as confissões de espionagem para a URSS por parte de vários altos funcionários do governo americano e a guerra da Coreia.

Paralelamente, durante o macartismo, desenvolveu-se também a crença na chamada "ameaça lilás" ou "terror lilás" (lavender scare), que tinha como alvo os homossexuais.[2][3] Em 1950, mesmo ano em que o senador Joseph McCarthy afirmou que havia 205 comunistas trabalhando no Departamento de Estado, o Subsecretário de Estado, John Emil Peurifoy, informou que o Departamento havia aceitado a demissão de 91 homossexuais.[4][5] Em 19 de abril de 1950, o líder do Partido Republicano, Guy George Gabrielson, declarou que "os pervertidos sexuais que se infiltraram em nosso governo nos últimos anos" podiam ser "tão perigosos quanto os próprios comunistas".[6] McCarthy contratou Roy Cohn – amplamente considerado como um homossexual não assumido [7][8] – para ser assessor-chefe da sua sub-comissão no Congresso. Juntos, McCarthy e Cohn, com o apoio entusiástico do chefe do FBI, J. Edgar Hoover (outro suposto homossexual não assumido) foram responsáveis pela demissão de dezenas de homens gays de seus empregos no governo e constrangeram muitos oponentes a se manter em silêncio, usando, para isso, os rumores acerca da sua homossexualidade.[9][10][11] Em 1953, durante os meses finais da administração Truman, o Departamento de Estado informou que havia demitido 425 funcionários por alegações de homossexualidade.[12][13][14]

Esse sentimento da população norte-americana não é compartilhado da mesma maneira pelo resto da popúlação mundial que colocou a China comunista como a terceira ameaça estatal a humanidade, atrás apenas dos Estados Unidos e Paquistão.[15]

Referências

  1. Murray, Robert K. (1 de janeiro de 1955). Red Scare: A Study in National Hysteria, 1919-1920 (em inglês). [S.l.]: U of Minnesota Press. ISBN 9780816658336 
  2. Michael Kerrigan (2012). Amber Books Ltd, ed. Dark History of the American Presidents (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 121 
  3. Stone, Oliver; Kuznick, Peter. A história não contada dos Estados Unidos. Girassol Brasil, 2015
  4. Arthur L. Miller (deputado por Nebraska). "Homosexuals in Government." Congressional Record 96:4 (29 de março de 1950), H4527
  5. «Thailand: Smiling Jack». Time. 22 de agosto de 1955 
  6. «Perverts Called Government peril». 19 de abril de 1950 
  7. «The New York Times». partners.nytimes.com 
  8. Nicholas von Hoffman (março de 1988). «The Snarling Death of Roy M. Cohn». Life Magazine 
  9. Johnson, David K. (2004). The Lavender Scare: The Cold War Persecution of Gays and Lesbians in the Federal Government. [S.l.]: University of Chicago Press. [falta página]. ISBN 0-226-40190-1 
  10. Rodger McDaniel, Dying for Joe McCarthy's Sins: The Suicide of Wyoming Senator Lester Hunt (WordsWorth, 2013), ISBN 978-0983027591
  11. White, William S. (20 de maio de 1950). «Inquiry by Senate on Perverts Asked». New York Times. Consultado em 29 de dezembro de 2014 
  12. «The Legacy of Discriminatory State Laws, Policies, and Practices, 1945-Present» (PDF). Williams Institute, UCLA 
  13. «126 Perverts Discharged». New York Times. 26 de março de 1952. Consultado em 29 de dezembro de 2014 
  14. «Berard, Lauren B., "Something Changed: The Social and Legal Status of Homosexuality in America as Reported by The New York Times" (2014). Honors Theses. Paper 357.». diginole.lib.fsu.edu. Consultado em 14 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 14 de setembro de 2014 
  15. «Optimism is back in the world- WIN/Gallup International's annual global End of Year survey shows a brighter outlook for 2014». www.wingia.com. Consultado em 31 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 2 de janeiro de 2017 

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