Amatonormatividade – Wikipédia, a enciclopédia livre

Amatonormatividade ou amato-normatividade é um termo cunhado pela professora de filosofia Elizabeth Brake, da Universidade do Estado do Arizona, para capturar suposições sociais e normalizações sobre o romance e a romanticidade. Brake queria uma palavra para descrever a pressão que ela recebeu por muitos para priorizar o casamento, sendo que ela não queria. O termo não envolve necessariamente apenas pressões sociais para o casamento, mas pressões gerais que envolvam relações românticas.[1][2][3][4][5][6]

Elizabeth Brake descreve no próprio termo que é uma pressão para desejar a monogamia, o romance e/ou o casamento, comparável ao monogamismo.[7][8][9][10] A amatonormatividade também pode ser interpretada como uma forma de alonormatividade, assim como a sexo-normatividade.[11][12]

A crença de que o casamento e o amor romântico companheiro têm um valor especial levam a negligenciar o valor de outros relacionamentos de carinho. Chamo esse foco desproporcional dos relacionamentos conjugais e amorosos como locais especiais de valor e a suposição de que o amor romântico é uma meta universal, de 'amatonormatividade': consiste nas suposições de que um relacionamento amoroso central, e exclusivo é normal para os seres humanos, na medida em que é um objetivo universalmente compartilhado e que esse relacionamento é normativo, na medida em que deve ser direcionado preferencialmente a outros tipos de relacionamento.
— Elizabeth Brake, ASU, Minimizando o Casamento

A normalização amatonormativa e a pressão do desejo de encontrar relacionamentos românticos, sexuais, monogâmicos/monógamos e ao longo da vida têm muitas consequências sociais. Pessoas assexuais, arromânticas e/ou não-monógamas (ou não-monogâmicas), como ágamas/agâmicas, tornam-se esquisitices sociais. Segundo a pesquisadora Bella DePaulo, isso coloca um estigma nas pessoas solteiras como incompletas e reforça os parceiros românticos para permanecer em relacionamentos prejudiciais por causa do medo que os parceiros possam ter de serem solteiros.[13][14]

Segundo Elizabeth Brake, uma maneira pela qual esse estigma é aplicado institucionalmente é a lei e a moralidade que cercam o casamento amatonormativo. Amizades amorosas, relações interpessoais e outros relacionamentos não recebem as mesmas proteções legais que os parceiros românticos recebem por meio do casamento. Essa legalidade também legitima o amor e o cuidado encontrados em outros relacionamentos não conjugais.[15][16]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Bugging your friend to get into a relationship? How amatonormative of you.». Washington Post 
  2. «Casamento não deveria trazer benefícios sociais ou privilégios». Nexo Jornal. Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  3. «Amatonormativity». Elizabeth Brake (em inglês). 29 de agosto de 2017. Consultado em 4 de março de 2020 
  4. «Do You Think You're Better Off In A Relationship? You Might Suffer From Amatonormativity». VIX (em inglês). Consultado em 4 de março de 2020 
  5. «Consider the impact of amatonormativity». The Lawrentian (em inglês). 19 de fevereiro de 2016. Consultado em 4 de março de 2020 
  6. Bonos, Lisa (10 de julho de 2017). «What is 'amatonormativity'? The belief that you're better off in a romantic relationship». The Hamilton Spectator (em inglês). ISSN 1189-9417 
  7. «Monogamista». Dicio. Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  8. «Definition of MONOGAMIST». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  9. Twist (she/her/they/them), Markie L. C. «Measuring Monogamism: Awareness, Knowledge, & Skills_Twist, Prouty, Haym, & VandenBosch». American Association for Marriage and Family Therapy Annual Conference (em inglês) 
  10. Brake, Elizabeth (16 de março de 2012). Special Treatment for Lovers: Marriage, Care, and Amatonormativity (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-993322-8. doi:10.1093/acprof:oso/9780199774142.001.0001/acprof-9780199774142-chapter-5 
  11. «A assexualidade na sociedade sexo-normativa: resultados de uma pesquisa - PDF Download grátis». docplayer.com.br. Consultado em 4 de março de 2020 
  12. «Normatividades». Assexual Orelhudo (em inglês). 14 de outubro de 2016. Consultado em 4 de março de 2020 
  13. Cernik, Lizzie (6 de novembro de 2019). «Self-partnered: the sudden, surprising rise of the single positivity movement». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  14. «There's a Word for the Assumption That Everybody Should Be in a Relationship». The Cut 
  15. «Should Marriage Be Abolished, Minimized, or Left Alone?». Psychology Today 
  16. «5 Ways Amatonormativity Sets Harmful Relationship Norms For Us All». Everyday Feminism (em inglês). 8 de abril de 2016. Consultado em 4 de março de 2020