Alexandre (conde) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Alexandre
Nascimento ?
Morte século VI
Nacionalidade Império Bizantino
Título
Religião Cristianismo

Alexandre (em grego: Αλέξανδρος; romaniz.:Aléxandros), conhecido pelo título de conde, foi um diplomata bizantino. Esteve ativo durante o reinado do imperador Justiniano (r. 527–565) e as principais fontes sobre sua vida são Procópio, João Malalas e Teófanes, o Confessor. Em 530, logo após a Batalha de Dara, foi enviado em embaixada ao xainxá do Império Sassânida Cavades I, que mostrou-se infrutífera. No ano seguinte, depois da morte de Cavades I e da ascensão de Cosroes I (r. 531–579), foi novamente enviado, junto de outros oficiais bizantinos, à corte sassânida noutra infrutífera iniciativa. Em 534, fez parte da embaixada a Atalarico (r. 526–534), o rei ostrogótico, e Amalasunta, a regente do último, na qual levou algumas queixas do imperador e tratou de informar-se a respeito da pretensão de fuga de Amalasunta da península Itálica e da posterior rendição do Reino Ostrogótico a Justiniano.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Embaixadas a Cavades I e Cosroes I[editar | editar código-fonte]

Dracma de Cavades I (r. 488–496; 499–531)
Dracma de Cosroes I (r. 531–579)

Alexandre foi mencionado nas fontes como irmão de Atanásio, o prefeito pretoriano da Itália (539–542) e da África (545–548).[1] De acordo com Procópio, era senador, talvez com estatuto de homem ilustre (o mais alto estatuto senatorial), enquanto que João Malalas e Teófanes, o Confessor, referem-se a ele como "Alexandre, o Conde". Foi mencionado pela primeira vez em 530, após a Batalha de Dara, numa embaixada enviada por Justiniano ao xainxá Cavades I do Império Sassânida ao lado de Rufino segundo João Malalas e Teófanes, o Confessor. Já Procópio menciona apenas Rufino. [2]

Os emissários retornaram a Justiniano em setembro de 530 com termos aceitáveis por Cavades. No final de 531, Alexandre foi um dos quatro emissários enviados a Cosroes I (r. 531–579), o filho e sucessor de Cavades, e os outros três foram Hermógenes, Rufino e Tomás. As negociações foram descritas em detalhe por Procópio: a sede do exército bizantino na Mesopotâmia passaria de Dara para Constantina, os sassânidas manteriam todas as fortalezas em Lázica, os bizantinos cederiam Farângio (atual İspir) e Bolo (suas últimas fortalezas na área) e realizariam um pagamento em ouro. Rufino retornou para Constantinopla para consultar o imperador a respeito das propostas e os demais emissários permaneceram na corte persa. Enquanto esperavam junto de Cosroes pelo retorno de Rufino, um rumor de que Justiniano havia cancelado as negociações e matado Rufino como traidor quase levou a um novo confronto. Cosroes preparou um exército para uma invasão, mas, no percurso, encontrou Rufino nas proximidades de Nísibis; levava consigo o dinheiro necessário para concluir a paz, mas uma ordem de última hora do imperador fez fracassar as negociações e só a intercessão de Rufino persuadiu Cosroes a devolver o dinheiro e adiar o reinício da guerra. Os emissários e o dinheiro retornaram em segurança a Dara. Pela influência de Rufino sob Cosroes, Alexandre e os demais emissários tentaram desacreditá-lo com o imperador, mas sem sucesso.[2][3]

Embaixada a Amalasunta[editar | editar código-fonte]

Representação de Amalasunta na Crônica de Nuremberga

Alexandre é mencionado outra vez em 534 quando foi enviado numa embaixada para Atalarico (r. 526–534) e Amalasunta. O primeiro foi rei dos ostrogodos, e a última, sua mãe e regente. A causa oficial de sua visita foi a apresentação de três queixas específicas. A primeira, sobre a ocupação pelos godos de Lilibeu, na Sicília. A segunda, que uma série de hunos, desertores do exército bizantino, haviam se refugiado na Campânia e ganhado a proteção de Ulíaris, o governador de Nápoles. A terceira, que no conflito ostrogodo-gépida, a cidade de Graciana, na Ilíria, foi tratada como hostil pelos godos.[2][4]

Procópio afirmou que ele estava também conduzindo uma missão secreta para saber mais sobre os planos de Amalasunta, que tencionava supostamente fugir da península Itálica para refugiar-se em Constantinopla. O barco de Amalasunta esteve atracado em Epidauro por algum tempo, mas a regente ainda não tinha tomado qualquer ação. Alexandre parou em Roma e reuniu-se com os bispos Demétrio e Hipácio, os dois emissários bizantinos enviados em 533 e que ainda não tinham regressado. Os três partiram para Ravena para encontrarem-se com a regente.[2]

Amalasunta recusou as queixas imperiais como triviais: "Com alguma razão, pode-se esperar dum imperador grandioso e que se considera virtuoso que ajude uma criança órfã que não compreende minimamente o que está acontecendo e não que, sem razão nenhuma, discuta com ela. Pois exceto quando a disputa é equilibrada, mesmo a vitória que ela conquista não é honrada. Mas tu ameaças Atalarico por causa de Lilibeu, de dez desertores e de um erro cometido por soldados na luta contra seus inimigos, que, por um equívoco, acabaram afetando uma cidade amiga".[4] Alexandre retornou com ambas as respostas, preparando o palco para a Guerra Gótica de 535-554. Alexandre não é mencionado novamente nas fontes.[2]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. Martindale 1992, p. 142–144.
  2. a b c d e Martindale 1992, p. 41-42.
  3. Procópio de Cesareia, I.XXII.
  4. a b Procópio de Cesareia, V.III.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8