Agostinho Lourenço – Wikipédia, a enciclopédia livre

Agostinho Lourenço da Conceição Pereira (5 de setembro de 1886 em Lisboa – 2 de agosto de 1964), foi um oficial de infantaria Português mais conhecido por ter sido o responsável pela organização da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), polícia política portuguesa. Foi também presidente da Interpol.[1][2][3]

No seu longo mandato como diretor da PVDE, Agostinho Lourenço foi o responsável pela definição das linhas gerais de atuação da polícia política portuguesa, os seus métodos de tortura e a montagem de um sistema prisional político, no continente (Aljube, Caxias e Peniche), nos Açores (Angra do Heroísmo) e nas colónias (Tarrafal).[1][2][3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

De Agostinho Lourenço sabe-se apenas que nasceu em Lisboa, mas de famílias da Beira Interior, filho de um monárquico, irmão de um general. Em 1908 frequentou a Escola de Guerra de formação de oficiais do exército português. Tornou-se tenente de infantaria no contingente de Tancos. Integrou o corpo expedicionário da Primeira Guerra Mundial e embarcou para França, em 1917, enquanto instrutor de tiro. [5]

Agostinho Lourenço combateu no exército português na Primeira Guerra Mundial.[6]. Apoiou o Sidonismo, durante o qual assumiu as funções de Governador Civil de Leiria.[7]

Segundo um documento Maçónico assinado por Egas Moniz, terá sido iniciado na Maçonaria em 1914, que não impediu que posteriormente perseguisse os membros da mesma.[8]

Após o golpe de Estado do 28 de Maio foi nomeado comissário de divisão da Polícia de Segurança Pública e, posteriormente, diretor da PIP, da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado e da Polícia Internacional e de Defesa do Estado.[7]

Em 1933, nos primeiros anos do regime ditatorial do Estado Novo, Agostinho Lourenço organizou a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), definindo os seus métodos de atuação, assentes nas prisões arbitrárias e na tortura.[9]

Douglas Wheeler afirma que Lourenço terá fundado a PVDE inspirando-se em modelos britânicos.[10][nota 1]

Agostinho Lourenço parece, segundo algumas fontes, ter mantido uma boa relação com os serviços secretos britânicos o que lhe permitiu que em 1956 viesse a ser escolhido para Presidente da Interpol, cargo que ocupou até 1961.[11][12]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. No original: "an analysis of Lourenco's career suggest strongly that British Intelligence Services' influence had an impact on the structure and activity of PVDE". Lourenço had earned a reputation with British observers, recorded in a confidential print generated at the British embassy, which suggested a "pro-British" bias on his part".

Referências

  1. a b O anjo negro de Salazar. Visão de 17 de julho de 2016.
  2. a b A PIDE antes da PIDE na RTP.
  3. a b Portugal. Ministério do Interior. Polícia de Vigilância e Defesa do Estado : Relatório (1932 a 1938).
  4. MOREIRA, Vânia Daniela Martins. As prisões políticas do Estado Novo no século XXI: uma perspectiva patrimonial. Dissertação de mestrado apresentada à Universidade do Minho.
  5. https://visao.sapo.pt/atualidade/politica/2016-07-17-o-anjo-negro-de-salazar/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  6. Lochery 2011.
  7. a b SERRA, Pedro Miguel Coelho. António Fernandes Roquete (1906‐1995) : Um“ídolo”do desporto nas polícias políticas do Estado Novo. Tese de doutoramento apresentada à Universidade Nova de Lisboa, p. 139.
  8. Carvalho, Ana Margarida (2016). «O Anjo Negro de Salazar». Visão 
  9. PIMENTEL, Irene Flunser. A polícia política e a tortura.
  10. Wheeler, 1983, pp. 1-25.
  11. «Former Head of Interpol Dies». NY Times. 3 de Agosto de 1964. Consultado em 4 de Janeiro de 2020 
  12. «Former Presidents». Interpol. Consultado em 4 de Janeiro de 2020 
  13. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Agostinho Lourenço da Conceição Pereira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de agosto de 2020 
  14. Morton, Andrew Morton (2015). 17 Carnations: The Royals, the Nazis, and the Biggest Cover-Up in History. [S.l.]: Grand Central Publishing. 370 páginas. ISBN 1455527114 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]