Administração Espacial Nacional da China – Wikipédia, a enciclopédia livre

Administração Espacial Nacional da China
Agência espacial
Atividade Exploração espacial
Fundação 22 de abril de 1993 (31 anos)
Sede Pequim
Pessoas-chave Zhang Kejian (administrador geral)
Website oficial cnsa.gov.cn

Administração Espacial Nacional da China (AENC; chinês: pinyin: Guó Jiā Háng Tiān Jú, literalmente: "Departamento Nacional de Astronáutica"; em inglês: China National Space Administration - CNSA) é a agência espacial estatal da República Popular da China, responsável pelo programa espacial chinês. Ela é a responsável pelo planejamento e desenvolvimento das atividades espaciais do país.[1]

A AENC e a Corporação de Tecnologia e Ciência Aeroespacial da China assumiram a direção do programa espacial antes subordinado ao extinto Ministério da Indústria Aeroespacial. Em 2020, seu orçamento girava em torno de 8,9 bilhões de dólares.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Programa espacial chinês
A cápsula orbital da Shenzhou 5

Apesar do programa espacial chinês existir desde 1956, a AENC é um órgão relativamente novo, criado em 1993 quando o Ministério da Indústria Aeroespacial foi dividido entre ela e a CTCAC. O primeiro órgão seria responsável pela política, enquanto o segundo pela execução. A divisão não foi considerada satisfatória, já que as duas agências, se tornaram, com efeito, apenas uma grande agência, dividindo pessoal e gestão.[1]

Como parte da completa reestruturação da área, em 1998 a CTCAC foi dividida em várias pequenas empresas estatais. A intenção era a de criar algo semelhante aos contratos do sistema de defesa dos países ocidentais, onde as entidades que são agências governamentais estabelecem as políticas de operação e integram seus requisitos técnicos e operacionais para execução a empresas que pertencem ao governo, mas não são dirigidas por ele.[1]

Organização[editar | editar código-fonte]

Centro de Controle de Missão de Pequim

A Administração Espacial foi criada como instituição governamental para desenvolver e cumprir as obrigações internacionais da China, com a aprovação da oitava Assembleia Popular Nacional da China. A nona Assembleia atribuiu a ela o status de estrutura interna da Comissão de Ciências, Tecnologia e Indústria para a Defesa Nacional. A partir daí a agência assumiu as seguintes responsabilidades: assinatura de acordos governamentais na área espacial em benefício das organizações, troca de conhecimento técnico e científico intergovernamental e a responsabilidade pela execução das políticas espaciais nacionais e gestão nacional de ciência, tecnologia e indústria espaciais.

Até o momento, a China tem assinado acordos governamentais de cooperação espacial com o Brasil, Paquistão, Chile, França, Alemanha, Índia, Itália, Rússia, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos e entre outros países. Conquistas significativas na área do conhecimento espacial foram conseguidas através dessa cooperação e acordos bilaterais e multilaterais.[1] Os administradores da agência espacial são indicados pelo Conselho de Estado.

Logomarca[editar | editar código-fonte]

A logomarca da AENC é similar à da Corporação de Tecnologia e Ciência Aeroespacial. A seta no meio tem forma parecida com um caractere chinês que significa 'humano' ou 'pessoa' para indicar que o homem é o centro das explorações espaciais. As três elipses concêntricas representam três velocidades de escape, as velocidades mínimas para atingir uma órbita maior sustentável, para escapar do sistema gravitacional terrestre e para escapar do sistema solar, três marcos da exploração espacial. O segundo anel é desenhado em negrito, para enfatizar que a China já superou este desafio (a exploração do sistema terrestre) e está a caminho do segundo estágio de seu desafio, pelo interior do sistema solar.[3]

Programas espaciais[editar | editar código-fonte]

Shuguang[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Shuguang

Shuguang foi a primeira nave espacial proposta pela República Popular da China, durante o fim da década de 1960 e início da década de 1970, que contudo, nunca foi construída. O projeto era uma cápsula espacial para dois homens, similar a espaçonave Gemini, e seria lançada em 1973. Por causa de problemas financeiros e políticos, Shuguang foi cancelada em 13 de maio de 1972.[4]

Programa Shenzhou[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Programa Shenzhou
O foguete transportador Longa Marcha 2F da China com a nave Shenzhou 13 na área de lançamento do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan

Programa Shenzhou é um programa espacial de missões tripuladas da República Popular da China. Desenvolvido desde 1992 e iniciado em 1999 com a nave não-tripulada Shenzhou 1, ele colocou em órbita o primeiro chinês, Yang Liwei, na Shenzhou 5, em 15 de outubro de 2003. O centro de comando do programa fica no Centro de Comando e Controle Aeroespacial de Pequim e recebe suporte e apoio de engenharia e administração para as missões tripuladas do Departamento de Engenharia Espacial Tripulada da China.[5]

Programa Chinês de Exploração Lunar[editar | editar código-fonte]

Em 2019, a chinesa Chang'e 4 foi a primeira sonda a pousar no lado oculto da Lua[6]

O Programa Chinês de Exploração Lunar é um programa espacial de missões robóticas e humanas à Lua realizado pela CSNA. O programa se utiliza de sondas orbitais Chang'e, módulos de alunissagem, rovers e espaçonaves de retorno de amostras, lançados de foguetes Longa Mancha, do Centro Espacial de Xichang. Os lançamentos e os voos são monitorados constantemente por um sistema de telemetria, rastreamento e controle composto de antenas de rádio de 50 m de comprimento baseadas em Pequim e de 40 m baseadas em Xangai, Kunming e Ürümqi, formando um cinturão de antenas de 3000 km. Um programa de aplicação terrestre é responsável pela recepção de dados.[7]

A primeira espaçonave do programa lunar foi a sonda não-tripulada Chang'e 1, lançada em 24 de outubro de 2007 e que completou sua missão com sucesso.[8] A segunda, Chang'e 2, lançada em 1 de outubro de 2010, também obteve sucesso em sua missão.[9] A terceira, Chang'e 3, e primeira da segunda fase, foi uma sonda para alunissagem, que transportou o primeiro rover lunar chinês, o "Coelho de Jade" (Yutu), lançada em 1 de dezembro de 2013 e que se encontra a caminho do satélite.[10] Uma expedição humana está prevista para ocorrer entre 2025 e 2030.[11]

A a quarta missão, a Chang'e 4, foi a segunda sonda espacial chinesa a pousar na Lua, construída como gêmea e suplente da Chang'e 3, como a Chang'e 2 foi da Chang'e 1. Após o sucesso da missão Chang'e 3, a configuração da Chang'e 4 será ajustada para equipamento de teste da Chang'e 5,[12] que vai recolher amostras da superfície lunar e retornar com elas para a Terra. A missão foi lançada em 12 de dezembro de 2018, como parte da segunda fase do Programa Chinês de Exploração Lunar.[13] A sonda aterrissou no lado oculto da Lua em 3 de janeiro de 2019 às 02h26 UTC, algo até então inédito na história da exploração espacial.[6]

Estação Espacial Tiangong[editar | editar código-fonte]

Renderização da Estação Espacial Tiangong
Ver artigo principal: Tiangong

A Estação Espacial Tiangong[14][15][16] é uma estação espacial em órbita terrestre baixa entre 340-450 km acima da superfície da Terra. A Estação Espacial Tiangong, uma vez completa, que terá cerca de um quinto da massa da Estação Espacial Internacional e aproximadamente a mesma massa da estação espacial Mir. É esperado que a Tiangong tenha uma massa entre 80 e 100t. As operações serão controladas a partir do Centro de Controle de Missão de Pequim. O módulo central, Tianhe, foi lançado no dia 29 de abril de 2021.[14][16]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Frota de veículos lançadores[editar | editar código-fonte]

Longa Marcha 5 lançado a partir do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, maio de 2020

A família de foguetes Longa Marcha são veículos lançadores descartáveis, operados pela República Popular da China. O foguete Longa Marcha utiliza propelente líquido em seu primeiro estágio, como o combustível a ((CH3)2NNH2) dimetil-hidrazina assimétrica e o oxidante (N2O4) Tetróxido de Nitrogênio. Cada compartimento possui um tanque de combustível e um tanque de oxidante.[17]

A China comercializa serviços de lançamento através da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China.[18] Seus esforços para lançar satélites de comunicação sofreram um golpe em meados da década de 1990, depois que os Estados Unidos pararam de emitir licenças de exportação para empresas para permitir que lançassem em veículos de lançamento chineses por medo de que isso ajudasse os militares da China. Diante disso, a Thales Alenia Space construiu o satélite Chinasat 6B sem nenhum componente dos Estados Unidos, o que permitiu que ele fosse lançado em um veículo de lançamento chinês sem violar as restrições do Regulamento Internacional de Tráfego de Armas dos Estados Unidos (ITAR).[19]

Espaçoportos[editar | editar código-fonte]

Localização dos espaçoportos da China

Referências

  1. a b c d «Organization and Function». China National Space Administration. Consultado em 18 de junho de 2012. Arquivado do original em 28 de fevereiro de 2008 
  2. «What's Driving China's Race to Build a Space Station?». ChinaPower Project. Consultado em 19 de dezembro de 2021 
  3. «Shìjué Shìbié Xìtǒng» 视觉识别系统 [Visual Identification System]. spacechina.com. Consultado em 14 de maio de 2009. Cópia arquivada em 27 de junho de 2009 
  4. «Shuguang 1». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 1 de agosto de 2007 
  5. «China's Manned Space Program Takes the Stage at 26th National Space Symposium». The Space Foundation. 10 de abril de 2010. Consultado em 18 de junho de 2012. Arquivado do original em 12 de abril de 2010 
  6. a b «China successfully lands Chang'e-4 on far side of Moon». Consultado em 27 de janeiro de 2022 
  7. 巨型望远镜送“嫦娥”飞月-望远镜,嫦娥-北方网-科技无限 (chinês)
  8. «China's 1st moon orbiter enters Earth orbit». ChinaView. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  9. Clark, Stephen. «China's second moon probe dispatched from Earth». SpaceflightNow. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  10. «Chang'e 3 - Mission Overview». Spaceflight101. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  11. «China considering manned lunar landing in 2025-2030». ChinaView. Consultado em 2 de dezembro de 2013 
  12. «China Celebrates Lunar Probe and Announces Return Plans». New York Times. 16 de dezembro de 2013. Consultado em 16 de dezembro de 2013 
  13. «Chang'e Diary». Zarya. Consultado em 16 de novembro de 2014 
  14. a b «China launches first Tiangong space station module». Consultado em 1 de maio de 2021 
  15. «China launches first section of its massive space station». China Daily. 29 de abril de 2021. Cópia arquivada em 29 de abril de 2021. China's most adventurous space endeavor, the multimodule space station, named Tiangong, or Heavenly Palace, will be mainly composed of three components 
  16. a b «China launches space station core module Tianhe». Xinhua. 29 de abril de 2021. The Tianhe module will act as the management and control hub of the space station Tiangong, meaning Heavenly Palace 
  17. John M. Logsdon. Enciclopédia Britânica, ed. «Long March». Consultado em 27 de janeiro de 2022 
  18. «About CGWIC». CGWIC. Cópia arquivada em 8 de julho de 2008 
  19. «China launches satellite despite restrictions». USA Today. 6 de julho de 2007. Consultado em 11 de maio de 2010. Cópia arquivada em 23 de maio de 2011 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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