Ademir Braz – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ademir Braz
Nascimento 7 de setembro de 1947
Marabá
Morte 5 de julho de 2022
Marabá
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação escritor, jornalista, advogado

José Ademir Braz da Silva, também conhecido pelo epíteto literário Pagão (Marabá, 7 de setembro de 1947Marabá, 5 de julho de 2022), foi um escritor, jornalista, advogado e militante brasileiro dos direitos humanos.

Sua escrita focava nos gêneros de poesia, conto e crônica.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Vida acadêmica e profissional[editar | editar código-fonte]

Ademir Braz nasceu em 1947[1] na cidade de Marabá, filho de Ana Braz e Valdemar da Silva — ela cametaense lavadeira de roupas; ele belenense castanheiro e garimpeiro.[2] Foi futebolista amador durante sua juventude.

Em 1972 mudou-se para Belém para trabalhar como jornalista no periódico A Província do Pará,[2] em seguida empregando-se também na Gazeta Mercantil do Pará.[3] Entre 1974 e 1976 trabalhou como correspondente para o jornal O Estado de São Paulo.[2] Durante as décadas de 1980, 1990 e parte da década de 2000 trabalhou como jornalista para os veículos O Marabá,[3] Jornal de Vanguarda,[3] Opinião[2] e Correio do Tocantins,[2] sendo, posteriormente, colunista neste último jornal (seu último emprego como jornalista). Foi ainda, neste ínterim, jornalista da TV Liberal em Marabá.[3] Foi servidor público das prefeituras de Marabá e de São João do Araguaia, além da Assembleia Legislativa do Pará.[3] Enquanto jornalista opositor da ditadura militar recebeu ameaças de morte.[4] Antes de falecer mantinha o blog Quaradouro.[5]

Em 2000 Ademir Braz graduou-se em direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA), na primeira turma deste curso que atualmente está na alçada da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).[6] Como advogado e ativista de direitos humanos, tornou-se defensor popular em causas ambientais,[2] culturais[2] e de reforma agrária[7] na região sudeste paraense.[2]

Carreira como escritor[editar | editar código-fonte]

Sua escrita iniciou-se nas décadas de 1960 e 1970, com a publicação de seus primeiros poemas em jornais e boletins marabaenses, inicialmente retratanto sua perspectiva de uma vida interiorana.[8] Ao trabalhar com o jornalismo, a partir de 1972, sua escrita chama atenção, mas o reconhecimento como escritor somente veio em 1980/1981 com a publicação da trilogia poética "Esta terra", pela Editora Neo-Gráfica, edição rapidamente esgotada.[5] Sua segunda obra "Antologia Tocantina" foi publicada em 1998 pela Fundação Casa da Cultura de Marabá.[5] Este trabalho foi uma pesquisa de 8 anos sobre a poesia produzida em Marabá desde 1917.[5] Em seguida, em 2003, publicou o livro "Rebanho de pedras"[5] no bojo do Projeto Usimar Cultural. Sua última obra em forma de livro foi "A Bela dos Moinhos Azuis" (2015).[6]

Ganhou reconhecimento nacional sendo premiado com Medalha de Ouro no III Concurso Nacional de Poesias. Além disso, seus contos foram publicados no III e V Concursos de Contos da Região Norte.[6]

Ademir Braz foi membro da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense (ALSSP),[5] ocupando a cadeira nº 7.

Obras[editar | editar código-fonte]

Seu domínio das palavras, ora classificado como de muita doçura e lirismo, ora como de fel e verve, renderam-lhe o epíteto de "Pagão".[9]

O jornalista Hiroshi Bogéa definia assim a escrita de Ademir Braz:[8]

As crônicas, poemas e contos de Ademir Braz são:[3]

  • A terra mesopotâmica do sol ou guia nostálgico para o nada (1972);[2]
  • História natural: a memória tribal narrada por um sobrevivente (1978);[2]
  • Esta Terra (1981);[3]
  • Questão Cultural da Amazônia (1987) - I Congresso Nacional de Defesa e pelo Desenvolvimento da Amazônia;[2]
  • Antologia Tocantina (1997);[3]
  • Rebanho de pedras (2003);[3]
  • O verde e ácido cacho de murici (crônicas);[3]
  • Lua de Jade;[3]
  • A bela dos moinhos azuis (2015).[6]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Nos meses que antecederam sua morte, Ademir Braz passou a ser acolhido pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Marabá dado o estado de degradação de sua residência e a falta de recursos para a reformar, bem como uma piora em sua saúde.[8] Em maio de 2022 Ademir Braz passou a ser acolhido no Centro Integrado da Pessoa Idosa (CIPIAR) de Marabá.[10]

Teve dois filhos, Ana de Luanda e Giordano Bruno,[5] com sua ex-companheira Maria Elena, que lhe dava suporte em seus últimos dias.[8]

Morte[editar | editar código-fonte]

No dia 4 de julho de 2022 sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e foi levado com urgência de seu abrigo no CIPIAR para o Hospital Municipal de Marabá.[10] Em 5 de julho de 2022, após uma nova parada cardiorrespiratória, morreu por volta de 9h30 da manhã.[10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Ademir Braz (1947)». Oceano de Letras. 31 de outubro de 2008 
  2. a b c d e f g h i j k Silva, Idelma Santiago da. (2006). Migração e Cultura no Sudeste do Pará: Marabá (1968-1988) (PDF). Goiânia: Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás 
  3. a b c d e f g h i j k «O fazer literário de Ademir Braz». Marabá. A Biblioteca do Professor. 29 de março de 2013 
  4. «O poeta sem livro que roubou a cena na segunda noite de Salão em Marabá». Portal Zedudu. 29 de abril de 2018 
  5. a b c d e f g «Luto: Morre em Marabá o poeta, escritor e jornalista Ademir Braz». Portal Zedudu. 5 de julho de 2022 
  6. a b c d «Biblioteca Pública promove tributo ao poeta Ademir Braz». Portal Correio de Carajás. 21 de outubro de 2021 
  7. «Manifesto de apoio e solidariedade ao MST/Pará». Repórter Brasil. 4 de julho de 2012 
  8. a b c d «Ademir Braz, Poeta Maior de Marabá, precisa da solidariedade de amigos para superar estado debilitado de saúde». Portal Hiroshi Bogéa. 28 de abril de 2022 
  9. Discursos da Sessão 012.1.52.E - Ordinária - Plenário Principal - Câmara dos Deputados (PDF). Brasília: Departamento de Taquigrafia, Revisão e Redação da Câmara dos Deputados. 11 de julho de 2003 
  10. a b c «Nota de Pesar Morre, aos 74 anos, o poeta, jornalista e advogado Ademir Braz». Portal Prefeitura de Marabá. 5 de julho de 2022