Acácio (católico) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Acácio.
Acácio, o Assírio
Nascimento século V
Morte 497
Hira
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação Bispo
Religião Catolicismo
Dinar de ouro de Perozes I (r. 459–484)
Dracma de Balas (r. 484–488)

Acácio, o Assírio[1] (em latim: Acacius; m. 497) foi bispo de Selêucia do Tigre e patriarca (católico) da Igreja do Oriente entre 485-495/6.[2] Estudou na Escola de Edessa até ser expulso com o advento do monofisismo e partiu a Selêucia do Tigre, onde lecionou e adquiriu grande reputação. Em 484/5, após o martírio de Babeu e a morte do Perozes I (r. 459–484), foi nomeado católico da Igreja do Oriente por Balas (r. 484–488) e os monges orientais. Entrou em conflito com o metropolita Barsauma e abraçou o nestorianismo devido às ameaças do último. Foi preso em data incerta pelos magos sassânidas e encabeçou uma embaixada para Constantinopla, onde encontrou-se com Zenão (r. 474–475; 476–491) e os bispos ocidentais. Morreu pouco depois em data desconhecida.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Acácio, o Assírio é mencionado pela primeira vez nas últimas décadas do século V, quando estudava na escola de Edessa. Lá, foi conhecido como "quadrante sufocante" (suffocans quadrantem), embora a razão para este título seja desconhecida.[1] Com o advento do monofisismo na Síria, foi expulso juntamente com Barsauma e Narses.[3] Dali, foi chamado para Selêucia do Tigre por seu parente Babeu, o católico da Igreja do Oriente e bispo daquela cidade. Lecionou por alguns anos em Selêucia,[4] onde adquiriu reputação por sua erudição e caráter.[1]

Em 484/485, após o martírio de Babeu pelo Perozes I (r. 459–484), provavelmente sob influência de Barsauma, e a morte do xá no mesmo ano, Acácio foi nomeado por unanimidade para a sé vacante da Igreja do Oriente.[5] Ainda no mesmo ano, foi confirmado no cargo pelo novo xá, Balas (r. 484–488),[2] e condenou como não-canônico e vago o Sínodo de Bete Lapate, convocado por Barsauma com a intenção de condenar o monofisismo e o Império Bizantino.[6]

Segundo a Crônica de Sirte, em data desconhecida Acácio foi preso por magos zoroastristas, sendo libertado pelo xá.[1] Durante seu mandato, esforçou-se para evitar que a Igreja do Oriente se alinhasse à doutrina nestoriana defendida pelo metropolita Barsauma de Nísibis;[3] porém, impulsionado por ameaças ou induzido por ardis dele, acabou abraçando o nestorianismo. Não é certo que tenha se tornado realmente nestoriano, e caso o tenha não terá sido um partidário cego.[1]

Soldo de Zenão (r. 474–475; 476–491)

Em 486, foi enviado como emissário ao imperador Zenão (r. 474–475; 476–491) e aos bispos ocidentais em Constantinopla, tendo sido escolhido por sua erudição e habilidade. Na embaixada, os bispos ocidentais o questionaram pelo nestorianismo e o instaram a dissociar-se dos escândalos feitos por Barsauma. Acácio respondeu que não tinha conhecimento de Nestório ou do nestorianismo e que isso seria apenas um nome vergonhoso dado a eles pelo seu inimigo Filoxeno de Hierápolis. Além disso, determinou por carta a excomunhão de Barsauma.[7][1]

Quando retorna ao Império Sassânida, no mesmo ano, tomou conhecimento do falecimento de Barsauma, que havia sido assassinado pelos monges locais.[7][1] Acácio presidiu o Concílio de Selêucia-Ctesifonte[6] que aprovou a teologia de Teodoro de Mopsuéstia como a doutrina oficial da Igreja do Oriente, deliberando o casamento de bispos e a condenação ao monofisismo.[8] Na sequência, dividiu-se no conflito entre as autoridades nestorianas e monofisistas. Morreu em 497, ou 496 segundo Aubrey R. Vine, sendo enterrado em Hira. Foi sucedido por Babeu II em 498.[9] Acácio é conhecido por várias orações que escreveu sobre a abstinência e também sobre a fé e "expôs os erros daqueles que acreditavam em uma substância em Cristo".[1]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Babeu
Patriarca da Igreja do Oriente
485-495/6
Sucedido por
Babeu II

Referências

  1. a b c d e f g h Smith 1877, p. 15.
  2. a b Vine 1937, p. 50s.
  3. a b «Catholicose» (em francês). Consultado em 24 de setembro de 2012 [ligação inativa]
  4. Fortescue 2001, p. 81.
  5. Ferguson 1998, p. 9.
  6. a b Ferguson 1998, p. 10.
  7. a b Hebreu século XIII, p. 72-78.
  8. «Catholicose» (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2012. Arquivado do original em 28 de dezembro de 2011 
  9. «East of the Euphrates: Early Christianity in Asia by T.V. Philip» (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2012. Arquivado do original em 9 de julho de 2011 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ferguson, Everett; McHugh, Michael P.; Norris, Frederick W. (1998). Encyclopedia of Early Christianity. 1. Abingdon-on-Thames, Oxfordshire: Taylor & Francis. ISBN 0815333196 
  • Fortescue, Adrian (2001). Lesser Eastern Churches. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press. ISBN 9780971598621 
  • Hebreu, Bar (século XIII). Crônica Eclesiástica 
  • Smith, William; Henry Wace (1877). A dictionary of Christian Biography, Literature, Sects and Doctrines. Boston: Little, Brown and Company