15 minutos de fama – Wikipédia, a enciclopédia livre

Citação de Andy Warhol sobre um prédio em Roterdam

15 minutos de fama é a visibilidade midiática de curta duração relacionada a um determinado indivíduo ou fenômeno. Tem origem na citação atribuída erroneamente a Andy Warhol : “No futuro, todos serão mundialmente famosos por 15 minutos”. Creditada a outras duas pessoas, o primeiro uso foi no programa de uma exposição de 1968 da obra de Warhol no Moderna Museet em Estocolmo, Suécia.[1] A expressão frequentemente é usada em referência a figuras da indústria do entretenimento ou de outras áreas da cultura popular, como reality shows e YouTube .

Origem[editar | editar código-fonte]

A alegada citação de Warhol apareceu pela primeira vez em um papel de programa da sua exposição de 1968 no Moderna Museet em Estocolmo, Suécia. No outono de 1967, Pontus Hultén (diretor do Moderna Museet pediu a Olle Granath que ajudasse na produção da exposição, que deveria ser inaugurada em fevereiro de 1968. Granath foi encarregado de escrever um programa para a exposição, com traduções para o sueco. Ele recebeu uma caixa com escritos relacionados a Warhol para usar no programa. Granath afirma que, ao enviar seu manuscrito, Hultén pediu-lhe que inserisse a citação: “No futuro, todos serão mundialmente famosos por 15 minutos”. Granath respondeu que a citação não constava do material que lhe foi fornecido. Hultén respondeu: "se ele não disse, poderia muito bem ter dito. Vamos colocar isso."[2]

O fotógrafo Nat Finkelstein reivindicou o crédito pela expressão, afirmando que estava fotografando Warhol, em 1966, para um projeto de livro. Segundo esse relato, uma multidão tentou aparecer nas fotografias e Warhol supostamente comentou que todo mundo quer ser famoso, ao que Finkelstein respondeu: "Sim, por cerca de quinze minutos, Andy."[3]

Interpretação[editar | editar código-fonte]

O historiador de arte alemão Benjamin Buchloh sugere que o princípio central da estética de Warhol corresponde diretamente à crença de que a "hierarquia de assuntos dignos de serem representados algum dia será abolido;" portanto, qualquer um, e portanto “todo mundo”, pode ser famoso uma vez que essa hierarquia se dissipe, “no futuro”, e por extensão lógica disso, “no futuro, todos serão famosos”, e não apenas aqueles indivíduos dignos de fama.[4]

Por outro lado, a ampla proliferação da expressão derivada "meus quinze minutos"[5][6][7][8] e seu uso na linguagem comum levaram a uma aplicação ligeiramente diferente, relacionada tanto com a efemeridade da fama na era da informação e, mais recentemente, com a democratização dos meios de comunicação provocada pelo advento da internet.[9][10]

John Langer sugere que 15 minutos de fama é um conceito duradouro, porque permite que as atividades cotidianas tenham “grandes efeitos”.[11] O jornalismo tabloide e os paparazzi aceleraram esta tendência, transformando o que antes poderia ter sido uma cobertura isolada numa cobertura contínua dos meios de comunicação, mesmo depois de a razão inicial para o interesse dos meios de comunicação ter cessado.[11]

Frases relacionadas[editar | editar código-fonte]

Uma parede em Tallinn (2022) com um estêncil de Warhol ao lado da citação; graffiti em tinta spray atualiza a afirmação para "No futuro, todos serão FILMADOS 24 horas por dia, 7 dias por semana".

Na música "I Can't Read", lançada por Tin Machine, banda de David Bowie, em seu álbum de estreia, a frase é usada em referência direta a Andy Warhol: "Andy, onde estão meus 15 minutos?".[12] O artista britânico Banksy fez uma escultura de uma TV com a frase: "No futuro, todos serão anônimos por 15 minutos".[13]

Uma adaptação mais recente desse gracejo, possivelmente motivada pela ascensão das redes sociais online, dos blogs e das celebridades da Internet, é a afirmação de que "No futuro, todos serão famosos para quinze pessoas" ou, em algumas versões, "No futuro, todos serão famosos por quinze pessoas" ou, em algumas versões, "Na web, todos serão famosos para quinze pessoas".[14]

Andy Warhol afirmou:"Pelé é um dos poucos que contradizem minha teoria: em vez de quinze minutos de fama, ele terá quinze séculos".[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Guinn and Perry, p. 4
  2. Granath, Olle. «With Andy Warhol 1968». modernamuseet.se. Consultado em 15 de julho de 2021. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2020 
  3. Guinn and Perry, pp. 364—65
  4. Buchloh, Benjamin H. D. (1 de dezembro de 2001). «Andy Warhol's One-Dimensional Art: 1956–1966». In: Michelson, Annette. Andy Warhol. [S.l.]: The MIT Press. ISBN 978-0-262-63242-3 
  5. Bragman, Howard (2005). Where's My Fifteen Minutes?: Get Your Company, Your Cause, or Yourself the Recognition You Deserve. [S.l.]: Portfolio. ISBN 978-1-59184-236-1 
  6. Stockler, Bruce (2004). I Sleep at Red Lights: A True Story of Life After Triplets. [S.l.]: St. Martin's Griffin. ISBN 978-0-312-31529-0 
  7. Bryars, Betsy Cromer (1986). The Pinballs. [S.l.]: Scholastic. ISBN 978-0-590-40728-1 
  8. Mamatas, Nick (2003). 3000 MPH In Every Direction At Once: Stories and Essays. [S.l.]: Wildside Press. ISBN 978-1-930997-31-8 
  9. Frederick Levy, 15 Minutes of Fame: Becoming a Star in the YouTube Revolution, Penguin Group, 2008, ISBN 978-1-59257-765-1.
  10. van de Rijt, A.; Shor, E.; Ward, C.; Skiena, S. (2013). «Only 15 Minutes? The Social Stratification of Fame in Printed Media». American Sociological Review. 78 (2): 266–289. doi:10.1177/0003122413480362 
  11. a b John Langer, Tabloid television: popular journalism and the "other news", Routledge, 1998, ISBN 978-0-415-06636-5, page 51, 63, 73
  12. Peltz, Jennifer (1 de março de 2004). «Aiken and Clarkson show off Idol mettle». Consultado em 27 de maio de 2008. Arquivado do original em 10 de julho de 2012 
  13. «DENNIS HOPPER ART COLLECTION AUCTION». 19 de outubro de 2010. Consultado em 25 de junho de 2014 
  14. Weinberger, David (23 de julho de 2005). «Famous to fifteen people». Consultado em 21 de dezembro de 2006. Arquivado do original em 14 de dezembro de 2006 
  15. «What they said about Pele». FIFA. 23 de outubro de 2010. Consultado em 8 de janeiro de 2023. Arquivado do original em 20 de novembro de 2013 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Guinn, Jeff and Douglas Perry (2005). The Sixteenth Minute: Life In the Aftermath of Fame. New York, Jeremy F. Tarcher/Penguin (a member of The Penguin Group). ISBN 9781585423897.
  • Patterson, Dale (2013). Fifteen Minutes of Fame: History's One-Hit Wonders. Red Deer Press. ISBN 9780889954816.